sexta-feira, 27 de outubro de 2006

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

MORNO

Para Lucimara Hayoama

Olho com modorra
os olhos meus sem vida
igual ao de todos nessas formas
nessas formas de (sobre)viver
padronizadamente seguros
calculando riscos e lucros e dias
pro futuro mais feliz que chegará de certo
na estrada mesma de sempre, mesma de todos, maleficamente mesma
nascendo, crescendo, reclamando, reproduzindo-se, morrendo.

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

DAS RESPONSABILIDADES

Ó, fúteis seres reclamantes
conformados
estagnados
preocupados em manter...

Saibam que tuas almas
têm diamantes
e um mundo inteiro
para moer!

(Fabio Rocha)

ANTI-BUDISTA

Eu queria muito
muitas vezes
fazer só poemas muito bonzinhos
visando o bem geral do todo
e a harmonia plena do lindo universo...

Mas não é sempre.

(Diga ao povo que minto.)

Às vezes, poema
é uma atividade mórbida
de transmover dentes e raivas e garras
redemoinhos de plexos solares borbulhantes
de dias inteiros, vidas inteiras de desprazer total
em palavras.

Para que te firam, não a mim.

(Fabio Rocha)

PROTEÇÃO

Meu desabafo é na tela
já que me falta coragem
de abrir na alma
uma janela.

(Fabio Rocha)

FINS MEDICINAIS

Um poema
para evitar o suicídio...

Uma pena
a vida
esta vida esta
cheia da possibilidade de aquelas...

Um desperdício
de tempo
de ar respirado
de mãos em teclados...

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

AMAR: QUEIMAR AMARRAS

tempestade tátil das mãos
(in)vento susurros certeiros
pele com fogo de dragão
e sabor dos nevoeiros...

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

SONHARTE

Senhor, senhor
por que me abandonaste
nestes campos pétreos
toda noite a sonharte?

Tão tranquilos os que não sonham
tão conformes os que não sonham
tão seguros os caminhos dos que não sonham...

No entanto eu
sonharte
e toda parte de mim
arde.

(Fabio Rocha)

terça-feira, 3 de outubro de 2006

ODE A MOEDA

E se deslizar
esguio
inotado
transparente
entre as paredes dos dias?

E se escapar
evitando a luta
embromando o sonho e o mal
prevenindo estar desprevenido?

E se adiar o Dia
indefinitivamente?

(equação irresolvível
tendendo ao risível)

Sim, terei perdido apenas
a calma vida
a calma
e a vida.

(Fabio Rocha)