terça-feira, 18 de abril de 2006

RESISTO!

Existo!
Resisto à anestesia constante
de meus sentimentos.

Resisto ao sono com hora certa
para acordar cedo no dia seguinte
e trabalhar calmo e cordato no horário comercial do dia seguinte
depois dormir novamente pensando no outro dia subseqüente, calmamente.

Trago caneta
(não fumo)
e espada para cortar espelhos
óbvios, repetitivos e mornos
reais espelhos seguros...
Ansiolíticos espelhos!
(não bebo)

E sigo juntando cacos
e dinheiro
e palavras
no poema
sem tempo
ou disposição
para ser só.

Tempo.
O tema que não consegui
decifrar em 3 anos de psicanálise.
(Faltou tempo...)

Ouso buscar estrelas
e quase não acreditar quando as toco
(ser feliz, feliz, deliciosamente feliz como nem lembrava poder!)
mas me envergonho de passar os dias nesta sala
nesta sala condicionada
nesta sala condicionado
ao ar condicionado
tentando de tudo
pra matar o tempo
e não ver que o perco
no lugar errado
mesmo sabendo
que sou
que suo
que há estrelas lá fora
e um céu dentro de mim.

O tempo é que há
de me matar
e matar tempo
é perder tempo
de vida breve
de vida leve
devido a greve?

Devido à greve
de minha grave faculdade pública
minhas privadas faculdades mentais
me culpam pela não passeata?
Pela não concordância da greve?
Pela sala?
Pela cela?
Pela sela do cavalo alado que não monto
pela espada não imaginária que não aponto
contra o deserto do real espelho real enormemente real e colorido
que só consigo quebrar em versos brancos?

Suspiro.

Saudades da estrela.
Vontade de amanhã à noite.

O dia foi uma eternidade...
Quase tão longa quanto o poema.

(Fabio Rocha)

Um comentário:

Anônimo disse...

Clap! Clap! Clap!
Beijos.