domingo, 26 de junho de 2011

DUAS CORES SE OLHAM

vermelho é quase laranja.
amar,
elo.

(Fabio Rocha)

A GÉRBERA E A ROSA

mil rosas nascem concêntricas
no teu beijo

bocas dentro de bocas dentro de bocas
todas com lábios molhados

boa fome...

fruto infinito além-mordida...

duas bocas caladas
lambem o nome da Vida

(Fabio Rocha)



terça-feira, 21 de junho de 2011

SE EU MORRESSE AMANHÃ...

nesse mundo de agruras
e coisas sãs por fazer
se eu morresse amanhã
poderia ao menos dizer:
fiz em você
um poema
escrever

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

domingo, 19 de junho de 2011

DANDARA

silencio tudo
pra fazer um poema com teu nome
com teus dezenove anos me olhando fixo
com teu corpo nesse uniforme
(todo meu nessa noite)

pois a vida
(essa sim, toda desconhecida)
continua premiando quem arrisca tudo

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

WAKE UP, NEO

entre (sonhos) tantos:
a mão esticada pra rosa
viciada em espinhos

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

ESCUTA

sabemo-nos tão verdadeiramente iguais
caminhando alto
que um passo em falso
e voamos juntos

(Fabio Rocha)

MIMIMI

sinto falta
e já não sei nem mais de quem
(isso se for de alguém)

(Fabio Rocha)

DEUSA ONÍRICA

por quantas vidas te perseguirei
em sangue e glória?

passo de pássaros:
a revoada desenha tua face

te sei em sonho
te adivinho em letra

nunca inteira
nunca perfeita

(Fabio Rocha)

domingo, 12 de junho de 2011

ARRANHAS

palavras no peito

o peito em palavras

todo afeto derramado
baldes furados
areia nas mãos

aranhas

toda festa me é estranha

(Fabio Rocha)

terça-feira, 7 de junho de 2011

O INSTANTE EXISTE

nem sei com que pernas ainda ando
mas venta
e o vento diz:
tenta

(Fabio Rocha)

EU E HOUSE

final de temporada:
parto numa moto
pra nascer de mim mesmo

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

ABRAÇOS PARTIDOS

pela consciência
da finitude
apresso fins?

(Fabio Rocha)

PARA CARLA E DANIELLE

sou poeta
pela falta de coragem
pra ser palhaço

(Fabio Rocha)

CÉU ACIMA

deitei a mesa n´água

não mais papéis
a cumprir

afogo versos
que queria ser
mas não sou

deitei lisa a mesa
no mar sem ondas

de pernas pro ar
e sem meta além do horizonte

(Fabio Rocha)

domingo, 5 de junho de 2011

FREUDIANAMENTE ENTENDI O PORQUÊ DE VOCÊ

mas chega um tempo
em que você não quer mais
matar o tempo

(seriados em feriados
feriados seriados
até a próxima facada por algo errado)

e tudo que não é imenso
é pouco

chega um tempo louco
em que pensar é tenso
e nem a paz das peles
tocam-se mais

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS

escritório:

desenvolvo o sistema
gástrico

engolimento de
sapos

cifras
repartições
siglas
gastos

gosto (são)
de garras
nas mãos

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 2 de junho de 2011

INSPIRADO EM HILDA HILST

dentro de minha voz mais pura
trago um cigarro amargo:
perder-te nos campos de trigo

mesmo assim te canto e te vento

de repente
fogo fogo fogo

mãos crispadas de quereres pássaros
vidros arranhados brilham espelhos no peito
assustados

luz vermelha na caixa torácica
como a dos santos em suas casinhas de madeira
dentro da fé das avós

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

PARA HILDA HILST

o nunca mais é fera mansa
presente ausente
um pouco sim um pouco não

o nunca mais
mesmo assim
ronrona escuridão

(Fabio Rocha)

ATENCIOSA_MENTE

nenhum ornitorrinco
foi ornamentado
na organização inútil
deste organograma
horrivelmente chato

(Fabio Rocha)