segunda-feira, 27 de abril de 2009

MÉTODO DO DISCURSO

Semear o vento
que balança a tela
abrir mais janelas
ler menos besteiras...

(Fabio Rocha)

PENSAR É SER

Na entrelinha
do cansaço (morte em vida)
renasço em ira.

Nada que temer:
eu passo
entre palavras escritas
e a prática da vida
diminuindo distâncias.

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Ansioso
lembro de todos os sonhos.

Volto a dormir.

O vento vem
e bate a persiana
suja.

Balança
mas não cede.

O peito aperta.

Volto a dormir.

Almoço.
Volto a dormir.
Tarde.

O peito bate.

Dentre quatro paredes
eu sou a quinta...

Não ouço o som
da minha voz.

O peito pede mais.

Nada tem uma cor
diferente
do desprazer.

Noite.

Como demais:
mais vazio.

Só um poema.


um
poema...

Só um poema
pode me salvar.

(Fabio Rocha)

domingo, 19 de abril de 2009

ACASO

No caminho onde não chego
volto logo
mas volto para onde
pra que casa
quero voltar
logo
se não há casa?

Itabira já não há
além do retrato...

E a casa
muito engraçada
que perdido busco
não existe.

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

SOCIEDADE

Entre o trem e o sonho
a lonjura e a proximidade
a paz e a solidão
o vazio e a saciedade
devagar
divago...

Interrompido apenas
pelo de sempre:
intermináveis coisas
por fazer
sem vontade.

(Fabio Rocha)

SOLO

Ante tanta tarde
parte de mim não party
presa no solo do mesmo.

(Fabio Rocha)

terça-feira, 14 de abril de 2009

terça-feira, 7 de abril de 2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

NÃO-TEMPO

O não-tempo
é tempo de não ser.

Sair pouco
comer pouco
falar pouco.

Tempo de tristeza aberta
em dias ensolarados
e tristeza mansa
em dias fechados...

Um disfarce
do existir
não existindo.

Por onde a última
esperança
já cansou...

E o poema
desistiu.

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

ANÚNCIO

Procura-se pastor
que cante pior e mais alto, alto, alto
do que aquele
na igreja-garagem
lá de baixo, baixo, baixo
da rua Borges Monteiro
em Higienópolis
antigo estado da Guanabara.

Remunera-se bem
(no pós-vida).

(Fabio Rocha)

METRÔ

Cuidado
com o vão
entre o trem
e o sonho.

(Fabio Rocha)

(Adaptação de uma frase com certa poesia dos metrôs - aqui no Rio de Janeiro pelo menos - "Atenção / para o vão / entre o trem / e a plataforma." A poesia da frase foi percebida pelo professor José Carlos Pinheiro Prioste, que falou dela na aula de Literatura Brasileira I, na UERJ.)