terça-feira, 29 de maio de 2007

MANDALA

buscar o centro
dentro
o ponto de equilíbrio
o alvo
enquanto lá fora tudo passa

(Fabio Rocha)

ESTUDO DO QUERER

Não sei mais como
colocar mulheres
nos poemas que faço
no entanto
enquanto houver espaço
em mim
haverá mulheres
nos poemas por que passo.

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 28 de maio de 2007

ALÉM

plenitude:
janela sem vidro
nem parede.

(Fabio Rocha)

CARPE DIEM!

Os poemas que perdi
nessas tardes frias
lendo Comte...

Não são nada
comparados
às mulheres que perdi
nessas tardes frias
lendo Comte.

(Fabio Rocha)

“O tempo é uma criança, criando, jogando o jogo de pedras; vigência da criança.” HERÁCLITO - Fragmento 52

sábado, 26 de maio de 2007

ABERTURA 1812 DE TCHAIKOVSKI

Entre sinos e canhões
a vitória conquistada
da música
sobre seu criador.

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 25 de maio de 2007

AS PESSOAS AINDA NÃO SABEM QUE PENSAR É SER

Vamos marcar sim, querido. (Nunca)
A gente nunca se encontra! (Ainda bem)
Temos que nos ver mais! (Longe)
Tem visto o pessoal? (Aqueles com os quais não temos mais nada em comum)

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 23 de maio de 2007

CAMINHAS DESLIZANDO A PERFEIÇÃO

"O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente." - Fernando Pessoa


Enquanto falas e não ouço
algo ininteligível
imagem e espelhos indizíveis que se vêem como visão espelhada
se cala perante o meu ver a tua boca
a tua boca de fenda reta
porém boca
lábios
lábios moventes róseos
no contorno da reta imóvel
rara
e reta.

Na verdade...
É tudo.
Tudo.

Tudo em ti
é
perfeição
lenta.

O ar em torno
o contorno
afetado
vagareia...

Quero
apenas
tudo.

Te mastigar com os últimos molares
e que me mastigues
sem dor nem pena
esquecendo belas teorias de amor sem posse
no instante em que esse outro te beija morno
rápido
acostumado
tendendo ao frio dos espelhos enigmáticos de que falas e não entendo
(rumino vulcões).

Mas...

Mastigar!
Mastigar agarrando sua santa pele branca
suas pernas belamente tortas (afinal, também humana!)
sim, competir, sim, brigar!

O não-ser é
ser mastigado
v i o l e n t a m e n t e
por sua vulva rósea alemã séria
que de tanto imaginar já provo
em minha boca molhada babando
a cada vez que seu olhar azul se esconde do meu
e me tem
e me teme
aumento
aumento quase do tamanho de entender o que dizes
mas seria uma perda de tempo
qualquer ato que não fosse
p-e-n-e-t-r-a-ç-ã-o.

(Fabio Rocha)

terça-feira, 22 de maio de 2007

DESCONEXO

livros que tratam
da desimportância do dinheiro para a felicidade
são os mais vendidos

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 17 de maio de 2007

CÍLIO

cílio que me cai
vai com ele o brilho
que me foi
perante o boi futuro
suculento
lento
quase permanente
lente
que me engana
distorcendo
ama
sendo
amaciadamente
longe

(Fabio Rocha)

terça-feira, 15 de maio de 2007

VÔO PELO CRIAR

Romper
limites estabelecidos:
ascender
pelo poder de fogo.

Tocar
com as pontas das asas
a serenidade sinuosa
das águas.

(Fabio Rocha)

A função transcendente não se desenvolve sem meta, mas conduz à revelação do essencial no homem. No início não passa de um processo natural. Há casos em que ela se desen­volve sem que tomemos consciência, sem a nossa contribuição, e pode até impor-se à força, contrariando a resistência do in­divíduo. O sentido e a meta do processo são a realização da personalidade originária, presente no germe embrionário, em todos os seus aspectos. É o estabelecimento e o desabrochar da totalidade originária, potencial. Os símbolos utilizados pelo inconsciente para exprimi-la são os mesmos que a humanidade sempre empregou para exprimir a totalidade, a integridade e a perfeição; em geral, esses símbolos são formas quaternárias e círculos. Chamei a esse processo de processo de individuação. Tomei o processo natural de individuação como modelo e diretriz para o meu método de tratamento. A compensação inconsciente de um estado neurótico da consciência contém todos os elementos que, quando conscientes, isto é, quando compreendidos e integrados como realidades na consciência, são capazes de corrigir eficaz e salutarmente a unilateralidade da consciência. É extremamente raro que um sonho atinja uma intensidade tal, que seu impacto derrote a consciência. Geral­mente, os sonhos são fracos e incompreensíveis demais para exercerem uma influência radical sobre a consciência. Logo, a compensação passa-se no inconsciente, sem efeito imediato. Apesar disso, produz efeito, mas um efeito indireto: a oposi­ção inconsciente, numa constante infração, vai arranjando sin­tomas e situações, que finalmente se contrapõem sem cessar às intenções conscientes. No tratamento esforçamo-nos, por con­seguinte, por compreender e respeitar, na medida do possível, os sonhos e demais manifestações do inconsciente; por um lado, para evitar a formação de uma oposição inconsciente, que, com o passar do tempo, pode tornar-se perigosa, e por outro, para utilizar, na medida do possível, o fator curativo da compensação.
Esse processo parte naturalmente do pressuposto de que o homem é capaz de atingir sua totalidade, isto é, de que pode curar-se. Menciono esse pressuposto porque existem indivíduos que, indubitavelmente, no fundo, não são inteiramente aptos para viver e se aniquilam rapidamente, quando porventura se chocam com sua totalidade. Mas, quando isso não ocorre, sua vida transcorre até idade avançada, fragmentariamente, a modo de personalidades parciais, auxiliados pelo parasitismo social ou psíquico. Para a infelicidade dos seus semelhantes, tais indivíduos não passam freqüentemente de grandes impostores, que encobrem o seu vazio mortal com uma bela apa­rência. Querer tratá-los pelo método aqui descrito seria, desde o início, uma tentativa vã. O que "ajuda" nesses casos é man­ter as aparências; pois a verdade seria insuportável ou inútil.

JUNG, "A Psicologia do inconsciente", vol. VII/1, § 186-7.

VOCÊ É TUDO

Para Edson Marques

Pare de reclamar do mundo:
mude
e mude-o.

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 11 de maio de 2007

ENQUANTO ESPERÁVAMOS POR DEUS

a multidão
olhava pro Papa Bento
cheio de ouro, falando papaquices
enquanto o Lula se dava aumento
de quase trinta
porcento

(Fabio Rocha)

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Câmara aprova aumento dos salários dos parlamentares
Publicado em 10.05.2007


Em uma sessão caótica, com bate-boca, choro e troca de acusações entre os deputados, a Câmara aprovou nessa quarta (9) aumento nos salários dos parlamentares, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente José Alencar e dos 37 ministros de Estado. Com o reajuste, que corresponde à reposição da inflação entre dezembro de 2002 e março de 2007, os deputados passarão dos salários atuais R$ 12.847,20 para R$ 16.512,09. O do presidente Lula passará para R$ 11.420,21 e do vice-presidente e ministros para R$ 10.748,43. O aumento é retroativo a 1º de abril.

Foram cerca de 10 horas de sessões extraordinárias, uma atrás da outra, para votar os reajustes salariais. "Esse foi um dos piores dias do Congresso. As bruxas estão soltas", resumiu o deputado Ivan Valente (PSol-SP), no meio da sessão noturna. Depois de recepcionar o Papa Bento XVI, em São Paulo, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), voltou às pressas para o Congresso e acabou protagonizando um bate-boca com o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).

O motivo da discórdia foi a viagem de parlamentares, no fim de semana, para o Uruguai para a primeira sessão do Parlamento do Mercosul. Gabeira acusou a Câmara de gastar excessivamente com a viagem. Segundo o deputado verde, cerca de 70 deputados teriam ido para Montevidéu. "É mentira", reagiu Chinaglia, que fez questão de explicar que parte dos deputados da comitiva não recebeu diárias para a viagem.

Fonte: Agência Estado

quarta-feira, 9 de maio de 2007

DO VAZIO AO SORRISO

Silêncio
manhã
sono
frio
sem rumo
lento
no entanto
falta...


uma
incontestável
falta.

(...)

Insisto
no entanto
existo
logo penso
em tentar
prever
controlar
me preparar
para
o devir
imprevisível
incontrolável
e eternamente
surpreen
dente.

(Fabio Rocha)

sábado, 5 de maio de 2007

ÁGUA

"Tudo é água." - Tales de Mileto, filósofo grego

em todo sonho
me visitas
com braços curvos

(azul dos olhos
de mulher amada)

a cada onda
nada é sólido

(nada a solidão)

envolve os sentidos
em seu manto
brilhante
e lava
(e leva)
nossos relógios

(pra algo maior)

(Fabio Rocha)

terça-feira, 1 de maio de 2007