segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

CINEMATOGRÁFICO

quero nem saber
como deveria ser
como deveríamos ser...

pois alcanço o sagrado é assim
com sua mão tocando a minha
o peito derretendo batendo socando
a poesia decolando
e sangue pra todo lado

assim sou
o que somos:
vermelho

(se fosse um filme
correríamos na praia
e faríamos o sol)

(Fabio Rocha)

ME RELENDO: NÃO TEM JEITO

é como se minha poesia desse voltas sem dizer nada
ou falasse do tempo
até uma mulher inteira
acelerar inteiramente meu plexo

(Fabio Rocha)

domingo, 27 de fevereiro de 2011

SÉTIMO CÉU

pode estar escuro
podes ser tímida
mas nos tocando somos
pó de diamante nas estrelas

(Fabio Rocha)

DEUS MAIÚSCULO

adivinho
meu futuro
em seus olhos

suas mãos pequenas perdidas nas minhas
ambos nas palmas da noite
dois no aplauso de Deus

(Fabio Rocha)

NA_MORADA

momentos assim
quando para tudo
tudo ampara
e você comigo
independente dos mapas
você tão perto
que tenho medo apenas
de estragar o silêncio
com poemas

(Fabio Rocha)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

LOUCO?

cada ruga em meus olhos
não aceita
pouco

(Fabio Rocha)

BOLA PRETA

a câmera olha
na esquina
o carnaval de rua
que não começou

(eu olho o relógio
querendo sair logo daqui
antes que comece)

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A JATO

no Rio de Janeiro
o melhor é "talvez não"
em Minas, sim
e quando estico a mão
em direção a um quem sabe
encontro ela sorrindo
vindo na mesma direção

no Rio tenho gripe
poluição e cansaço
em Minas sou de aço

no Rio há complicação
fase errada
muito cedo, muito tarde
nulidades em_baladas
perfeições já namoradas
Jesus Cristo e as leis de Deus...

em Minas
atentamente
ela me lê a alma
no presente

no Rio nem rio além:
na plenitude de quases
sempre tem um porém

no Rio tem Santos Dumont
em Minas sou melhor que Drummond:
- Vou voando para Minas, lá sou amigo do rei!

(Fabio Rocha)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

PARCIAL

estou farto
dos amigos parcialmente falsos
das palavras parcialmente vazias
das igrejas parcialmente enganadoras
dos trabalhos parcialmente burros
da idade parcialmente média
em plena sexta-feira de fevereiro de 2011...

(Fabio Rocha)

TEORIA DA PAIXÃO TEÓRICA

vontade
não tem nada a ver com isso.

quando explodiu a casa
não restou porta
para ser ou não aberta.

o resto
são peripécias
de palavras mortas
sem inocência.

(Fabio Rocha)

DA MUDANÇA CONSTANTE

você ainda não se acostumou?

respiras, apenas...

igual ao universo
porém menos lento:

expansão,
silêncio breve,
recolhimento.

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A PAIXÃO CANSA

eu sei que poderia me incendiar em segundos
essa música baixa que mantenho trancada no forno
mas estou cansado demais de ganhar e perder o mundo em segundos
e procuro cada vez mais a longa paz do morno

(Fabio Rocha)

DEFINIÇÃO DE DÍZIMO:


oferecer o que há de menos sagrado
para o que há de mais sagrado
através dos maiores corruptos

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

SONHO OCEÂNICO

submergir no tempo
(bênção de silêncio)
sentir por perto
ondas do imenso

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

ACRE

tempo em que palavras enjoam a boca
(o devir sorri, vencedor)
enquanto um som vermelho esbarra nos muros pixados
nas casas fodidas
nos olhos dos cachorros mancos perdidos nas ruas esburacadas
comprovando a inexistência ou ineficácia do deus que não responde:
tempo de seguir

(Fabio Rocha)

sábado, 12 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

RETIRO

quando me perco no peito
(esta gangorra doentia e escarpada)
lembro:
atrás da casa antiga passava um riozinho
com um som constante, tranqüilo
tocando a eternidade

(Fabio Rocha)

EXCESSO

trago palavras nas órbitas:
sinto muito mas
sinto muito

(Fabio Rocha)

ROCHA

a pedra seca no plexo
pinga
sangue no chão
do deserto

luta:
uma vítima
na vitória íntima

então
a pedra maior se erguendo em ruído
do trêmulo chão de areia
sob meus pés

me erguendo em som
com a força inconfundível
da voz de Deus
me chamando de filho
pelo escrever da mão

(Fabio Rocha)

ESPELHOS

amar a capacidade íntima
intransferível e divina
de construir castelos de cartas
frente ao espelho bipolar

(tormenta)

quando do previsível tormento
respiro, não lamento:
celebro as cartas no chão
e o vento

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

PEDRADA COM DELIVERY

meus companheiros tem olhos cegos e costas arcadas 
seu poder de entrega quase esvaiu no chão de tanto tomar porrada 
procuram a vida e musas a domicílio 

CISNE NEGRO

não é possível
beijar a perfeição
sem tocar a morte

(Fabio Rocha)

PÉS FORA DO CHÃO DO ESCRITÓRION

ofiscalizo-me infrutiferamente em papel ofício
ofusca-me a busca de algo fora do escritórion
oficialmente afasto-me do que não me faço em letra
naturalmente - em espaço dois - Times New Roman
ofereço a face com força pra fácil patada que nunca vem
(acaba que trabalho bem - grampeio e carimbo e sorrio um pouco)
mas resisto em palavrar alto e confundo ofuscar com fusca
(em cada fruto meu um farto não estar ali, digitando papéis em planilhas ou vice-versa)
vou sem verso enquanto confundo fiscais de terno com a ternura de ficar

(Fabio Rocha)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

DA BUSCA DO DEFINITIVO

parte de mim
sabe da espada atrás da mão
mesmo essa sensação de chegada
quando ela fala
sabe-se ilusão

no entanto, só um poeta sabe
o valor
da imaginação

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011