domingo, 6 de dezembro de 2009

LIBERA

Quantas libélulas
é possível tossir?

Pintassilgos silvam
em silveiras e silvas e lulas sem dedo...

Políticos roubam
e pessoam se reproduzem.
Simples.
É a ordem das coisas em ordem...

Tanta coisa a mim muitíssimo interessante...

Quantas libélulas
é possível tossir?

Não estou bem não, não é?

Será meu colesterol?
Meus triglicerídeos?
Onde estão os doutores de branco
cheios de respostas?

Esse ano não tive ainda glaucoma
mas cuspi libélulas
pensando em centopéias
mês sim
mês não.

(Será a fibromialgia psicossomática? Eram os deuses astronautas?)

O poeta é um psicossomatizador, Pessoa...
Psicossomatiza tão completamente
que chega a fingir que é cor
a mor que deveras sente.

(Fabio Rocha)

3 comentários:

Julia Pastore disse...

Esse tom é na medida. Putz!
Gosto de poema que abre no final.
Desconcertante, lúcido, alucinado (o radical é o mesmo, do latim luce). Este poema, para mim, é um holofote, um sol.

Pessoa, sim, e muito Drummond, muito Barros nessa veia, também.

Julia Pastore disse...

... e Bandeira, putz, e Bandeira.

Fabio Rocha disse...

ah, mor...