quarta-feira, 18 de março de 2009

REVISITANDO POEMAS E JANELAS (E JUNG?)

Numa bela sessão de psicologia analítica, acabei lembrando de um de meus primeiros poemas, sobre um muro (The Wall) que construo para proteção, mas acabo me sentindo isolado... E deixando uma janela, vejo o lado de fora e quero sair... E há como sair. Ver a janela é a passagem para querer sair. O poema, sua forma, e o modo como foi escrito acho horrível hoje (nem achei em lugar nenhum ele), porém, na sessão, a psicóloga ligou a janela com a desse quadro de Picasso (Guernica), do lado direito:



Achei bem interessante, e questionei se a janela seria como um símbolo universal, do inconsciente coletivo. Abaixo, outros poemas que achei sobre janelas como escape, esperança, libertação...

(Fabio Rocha)

Janela


Ao Instituto de Física da UFRJ, 1995

A janela...
Sol refletido na construção branca...
Pessoas que são formigas e não sabem...
(A altura nos dá certa consciência)

A cabeça pesa,
cheia de malditas, inúteis, incontáveis
fórmulas.

Espano a ira
e olho adiante.

A janela chama...
As nuvens são mais bonitas
quando não se quer pensar em nada.

As árvores estagnadas
como um quadro...
O azul perfeito sobre elas...

As aves voam com mais graça,
mais devagar...
E daí se são urubus?

Num piscar de olhos,
sou um deles.
Quero ser.

Mas quando os abro novamente,
vejo apenas
uma janela.

(Fabio Rocha)

---

Windows

Ah, por quantas salas passei?
Nelas,
quantos mestres distintos escutei?

E meu maior fascínio,
eu sei,
sempre foi pelas janelas.

(Fabio Rocha)

---

Sexta-feira, 1 de Fevereiro de 2008

"JANELA, PALAVRA LINDA"

Para Adélia Prado

O grande mundo
lê jornais e revistas
se olvidando de criar Deus
e adivinhar a maciez desses montes verdes...

Acadêmicos palestram
para eles mesmos
no auditório 34
enquanto a poesia
me pinga novamente
devagarinho
das lisas pedras pros rios.

Adélia, não enxergo teus peixes santos
e igrejas só me rimam beleza
do lado de fora...

No entanto,
sua bagagem,
seus amores, cores e águas
me transbordam as mãos.

(Fabio Rocha), entre RJ e BH

---

Domingo, 8 de Março de 2009

JANELA ABERTA

E foi num domingo santo
que revi todos os sonhos...

(Fabio Rocha)

8 comentários:

Anônimo disse...

O primeiro poema me lembrou muito minhas antigas aulas de física.
Eu sentava exatamente perto da janela e me distraía com as nuvens e tudo o que passava voando...

Fabio Rocha disse...

Exatamente meu caso em muitas aulas também... :)

Ígor Andrade disse...

Assim como as janelas, meu amigo, seus poemas são libertação. Muito do que não consigo descrever quando olho pela minha janela leio aqui.
Abraço!

Fabio Rocha disse...

Obrigado pelo carinho e pela leitura e comentários constantes por aqui, Ígor!

Ígor Andrade disse...

Eu que agradeço. Essa postagem "das janelas" me inspirou.

Stella disse...

Muito bom, poeta! Gosto muito dos antigos também!
Abra as janelas de casa, abra a janela ao outro... e olhe pela janela do outro ;-)

Rs me lembrei das casas do interior com portas e janelas sempre abertas, sem medo, sem receio de se mostrar. São mais livres talvez

beijos, poeta querido

Fabio Rocha disse...

Amor, você é minha janela no agora. :)

Stella disse...

que lindo
te amo