sábado, 19 de setembro de 2009

INFINDÁVEL

Para Drummond

Meu coração é menor que o mundo.
Muito menor.

O mundo é grande
e cheio de desafios
que não quero vencer.

Meu peito
é cheio
de ansiedade
dor
e ar.

O que me faz andar...
Cheio de falta.

Me falta dinheiro, aliás.

No peito,
sobra vazio.

Não tenho meta
mas sou poeta...

Ando
pela praia
pela casa
pela vida
sozinho e manco.

(Fabio Rocha)

3 comentários:

Onishiroi disse...

Quando li os poemas postados recentemente, senti dor. Procurei então algo que talvez pudesse aliviá-lo. Não encontrei em mim palavras, então procurei dentre as de meu poeta preferido. Duas citações, duas pequenas estrofes de dois poemas dele. Creio que, colocadas juntas, mostram uma pergunta, e uma resposta a seu (nosso, ousaria dizer) dilema.


"Caminho
sozinho
todos os dias
e não chego a achar
um alguém, um lugar
onde pendurar
minha última esperança."




"Não tenho meta
mas sou poeta..."


E, ousando citar mais ainda, um poema completo, que creio responder exatamente quem somos, e exatamente o que é que nunca nos falta, nunca nos abandona. Algo que, como diria Nietzsche, justifica a vida.

"Corte

Tenho sorte.
Ao menos tento forte
(mesmo que não acerte)
fazer do ócio, arte.

O tempo curto - corte.

Sem vida - morte."





Ja-ne. Somos poetas, e temos a poesia. Esta, exatamente esta, é nossa única verdade.

Fabio Rocha disse...

É, meu amigo... Não ando sozinho não. Obrigado, cara!

Fabio Rocha disse...

Putz, Moisés, reli e só resta agradecer de novo... Seu poeta preferido... Putz, cara! :) (olhos marejados)