quarta-feira, 22 de outubro de 2008

TELA

Num céu de lua
(ou sem lua, que nem abri a janela)
uma felicidade nua.

(Fabio Rocha)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

MELANCOLIA

um poema nasce
de volta às estrelas

canção do Coldplay

folha de amendoeira
deslizando lenta
no ar suave

saudade indefinida

voz feminina

mar infinito

(Fabio Rocha)

domingo, 19 de outubro de 2008

ALÉM DO CINZA

Resisto e crio.

Escolho palavras arbitrariamente
sem motivo claro
que a noite é negra.

Sim, é verdade
isso não dá dinheiro
não acalma como Deus.
(E não tenho Bacharelado em poesia, inclusive, senhor Juiz de cartão amarelo.)

Poesia enloucresce, inclusive...
Assusta amigos mudos, pássaros de chão
e traz a tona mares inexistentes mas tão enormes...

Mas não me pergunte sobre ganhos e perdas de tempo, fama ou dinheiro.
Não me pergunte sobre contas e números e planos!
Engenharia só encontrou a poesia raramente em João Cabral...

A noite é negra.
Assim sendo,
o que mais poderia eu fazer?

(Fabio Rocha)

OBS: Participando do projeto "À Luz da Leitura", recebi esta maravilha de interpretação do próprio Paulo, do poema.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

PRAIA E MAR

O mar é grande.

Sereno diurno nos pinheiros,
soslaio de curvas salgadas,
um sentir quase afogado,
um querer que nem respira.

O mar é grande, enorme...

Maior ainda que o tempo.

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

DESEJO ORGÂNICO

na minha fazenda futura
terei área de preservação ambiental
bromélias claras e escuras
e um pé de manga no fim do quintal

na minha fazenda futura
cachorro e árvore
mulher e sol

(Fabio Rocha)

DEPOIS DURMO

Antes que o sono vença
palavras raras sobem pela mesa
comem entre idéias
querem que enloucresça

Somem entre fatos
procuram hiatos
dentre papéis, obrigações e atos
da ordem da extrema literalidade
para me perderem

Mas antes que eu desapareça
é preciso achá-las
e é preciso achá-las
antes que o sono vença

(Fabio Rocha)

SINTOMÁTICO

na minha azia
uma poesia
anseia

(Fabio Rocha)

QUEM ESCREVE É A CRIANÇA

Na casa antiga do meu sono sonho
subi o muro do quintal com musgo
com muito esforço deito o muro alto
e me levanto ante o céu de chumbo

Poder de falo que o gigante dorme
e qualquer talo de abacate é fundo

Só mais um salto e conquisto o verso
só mais um sonho e desperto o mundo

(Fabio Rocha)

sábado, 11 de outubro de 2008

POEMA DE DIA DA CRIANÇA

quero um poema doce como a criança que serei

um gostoso morno conforto de semiluz aconchegante

um divã imaginário de palavras macio-rosinhas, macio-risonhas

para não ser áspero com(o) mundo sem rimas

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

PARLA

astronaves sicilianas
cutucam o céu de macarrão

(pizza sim
pizza não)

(Fabio Rocha)