segunda-feira, 29 de novembro de 2010

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

NADA LÁ FORA


quando éramos
ali
os dois
a intensidade do jeito
todo querer possível aos braços presente
o cálice cantando no peito
o mundo um fraco fundo
quando éramos
ali
um
so(l)

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

REVISITA


me dobro a um poema
calmo
como o mar de outono

a mão que rasga e corta
agora acaricia
e acalenta

folhas verdes o vento venta
dançam árvores distantes
em sagrados momentos

(Fabio Rocha)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

SER COM SANGUE

trago em mim
cada vez mais
o que sou sem querer

fumaço e passo e bebo

o último contido gole contendo
a fúria dos animais

assino aceito assassino
além dos mais tenros abraços

braços fora dos normais
punhos cerrados

(Fabio Rocha)

LENDA URBANA: O TRABALHO


enobrece
o homem:

e-n-o-b-r-e-c-e

(!)

oito horas
mais o táxi

(Fabio Rocha)

DUAS DÚZIAS DE LARAMARAL


Lara acha Osho chato
e brinca de viver escrita
no dia 23, pra contrariar, faz 24
enquanto Paçoca ronca ao lado
e nossa amizade sorri bonita

camisola longa longa além dos braços e das distâncias
Lara não quer sair no sábado se não dança

Lara branca e colorida
fica aqui dentro, querida...

(Fabio Rocha)

domingo, 21 de novembro de 2010

ALESSANDRA


se cismo
caminho e
caminho até acabar a estrada

então
com o coração acelerado
olho vagarosamente o nada
e volto

o sol na minha cara
é Alessandra do primário
magra e loura e rara
que sozinha dava estrelas
enquanto eu recebia
(abobadamente)
as primeiras sementes
da poesia

(Fabio Rocha)

NUMA MANHÃ DE DOMINGO

silencio o dia pra que a palavra brote do silêncio

chega um tempo em que os pés descalços nem sentem mais o chão
e você bebe água ou mate ou cicuta e tanto faz

chega um tempo em que você caminha
sem nem lembrar de pensar para onde
ou para quê

eu não paro
só pra que a poesia ande

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

DO NÃO DEVER EXPLODIR O PEITO...


não consigo mais
entrar nos moldes do padrão
do que deveria ser feito...

(Fabio Rocha)

ZEN JOGUINHO (PARA A CARA, CLARA E RARA LUCIMARA)

Só uma poeta
(e boa)
pode entender e acalentar outro
que primeiro atira o coração no abismo
e depois vê se voa.

(Fabio Rocha)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

SOU POETA!

perco a musa por espanto
jamais o poema
entretanto

(Fabio Rocha)

SOLTEM MEUS BRAÇOS!


natural
como o animal
que come carne
e arde em chamas
quando renasce
de dentro
do próprio
peito

(Fabio Rocha)

DA BUSCA, HOJE

díficil não é beijo
ou sexo
mas caminhar de mãos dadas

(Fabio Rocha)

sábado, 13 de novembro de 2010

ENCONTRO

Vários dias antes eu já adivinho o encontro. Horas antes eu já sou todo ele...

Já deixei o velho para trás, rindo dos mesmos encontros previsíveis semanais ou diários aos quais eu, compromissado e velho, quase me lamentava mas ia, morno quase frio... Hábito seguro de onde o prazer se esvai como areia das mãos, visando futuros previsíveis e repetitivos de contos de infância que nem assim se realizam, nem com todo esse esforço... Meu caro leitor, se, quando a "sua" digníssima te ligar, você não sentir a mais sincera celebração íntima, algo como uma dança ou um nascimento de estrelas, está adiando algo que já acabou. Pode ter certeza. Se houver uma ponta de decepção - mesmo que quase imperceptível - naqueles segundos em que o telefone toca e você vê que é ela, acabou.

Ah, mas hoje estou no hoje. E o hoje é novo. Sou novo. Tudo é o encontro e a preparação pro encontro. A manhã estética, a tarde insone, a meditação impossível, a paz maluca do sábado preenchido... Um perfume de mulher nas narinas e infinitos futuros possíveis brincando de existir... Tudo natural, tudo sem forçar nada a ninguém nem se forçar a nada...

Nunca houve um encontro como esse. Nunca haverá outro. A vida, a cada instante, se mostra deliciosamente nova. Vou puro e sedento, com minha melhor roupa, meu melhor relógio, meu melhor perfume, minha melhor esperança, meu melhor eu. Vou sem nada afiado nas mãos e de peito aberto. Tenho doze anos.

(Fabio Rocha)

VERDES

fecho suave as pálpebras
pros sinais fechados

(respiro sagrados
reaprendo ternuras
antecipo segredos)

abro a vida sutilmente
pros teus olhos

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

ARPEJO


o sono plange
minha palavra pura
não sei nada além do sono
(banjos dos anjos sonados)
o sono boceja a céu aberto
indicando mais sono
na previsão do tempo pouco pra dormir
dada pelo apresentador com sono
que, com sono, imagino
numa TV de sonho

(Fabio Rocha)

PORQUE HOJE VOU TE VER


soltei meus cavalos
pelo céu multicor da sexta-feira

e cavalgaram o silêncio
que precede o salto

(nenhum deles tem a menor idéia
mas todos vão com certeza...)

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

ARRUMAR O JARDIM


o que vier a mim
veio
o que não vier
não veio
e morrerei no fim
velho
na paz de mim

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

HORÁRIO COMERCIAL E REPOUSO REMUNERADO

escrevendo tendo ao infinito

das 8 às 17 horas
sempre sobra tempo

mas depois das 5
me anulo em 1/4

(Fabio Rocha)

PELE CLARA


uma das coisas que aprendi:
não
aprender

(Fabio Rocha)

domingo, 7 de novembro de 2010

MARULHO

O mar me olha
O mar molha
O mar molda (eu mudo)
O mar fala que não há onda derradeira
O mar enorme (maravilha)
Morde e mastiga meus problemas pequenos

O mar morno amolece as pernas maravilhosas das mulheres magras

O mar: a mar ca
Amar: a bar ca

Todos os postes enferrujados
Os postes iguais, enfileirados
Parados
Profundamente enraizados em certezas
Ruirão

Caminho moendo memórias
Molares bipolares
Alfazema nos ouvidos antigos
Milhares de marcas no peito marítimo
E a maluca certeza de mais suor, sal e sorriso

O que não mata fundo
Fortalece
O meu amar
Este mundo:
Melhorar
O poema.

(Fabio Rocha)

VERMELHO AINDA

como pode
nesse peito tão pisoteado
brotarem instantaneamente
tantas flores erradas
tão erradas sempre?

(Fabio Rocha)

sábado, 6 de novembro de 2010

CREPÚSCULO


ela era estrela
ele era sol

se tocavam brevemente
quando os pássaros iam dormir
ou acordavam

(Fabio Rocha)

OBS: O desenho e o convite pra poesia é de Luiza Maciel Nogueira.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

PARA LER QUANDO ACHAR QUE ENTENDI ALGO


há casados mais carentes que ermitões
eremitas hereditários em multidões
todos, sem distinções, perdidos
dolorosas solidões aquosas
sem aparentes soluções

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

VERMELHO

a cada nova rosa
que brota em minha vida
crio clareiras no jardim
expurgo o passado de espinhos
arranco possíveis futuros daninhos
sou o sol
chamo a chuva
e todo o universo
que corre por minhas veias
acelerado e vermelho
corre por ela:
a rosa é única
e a rosa é tudo

(Fabio Rocha)

"Descobre onde dorme esquecido, no recôndito da tua mente, do teu coracao, do teu eu mais íntimo, o teu Pequeno Príncipe... E o desperta! Dali pra frente, em um instante, muito do que te parecia importante de repente perderá o valor. O que antes era urgente demais já não tera mais tanta pressa. E o que te deixava infeliz já não poderá mais agir sobre ti." (Exupery)

VA_NESSA

a vida leva voraz
mas traz

vanessa me pediu uma promessa
tão bonita
que prometi

(e voltei aos sete anos de idade
desenhando corações com bic vermelha)

(Fabio Rocha)