terça-feira, 29 de março de 2011

DA VONTADE DO CORPO


não somos etéreos
se apresse:
não somos eternos

(Fabio Rocha)

REINÍCIOS

de onde sairá 
o poema de hoje? 

tempestade 

escombros de casas 
para abrir estradas 

estrume no sapato 

estrondos num céu laranja 
madrugada de bombas 

(a voz de deus) 

dois pés atrás 

pingam letras 
do guarda-chuva 

anoto gotas 
roupas rotas 
 
o ônibus ainda 
chora ela lentamente 
pela janela 

gente demais 

domingo, 27 de março de 2011

CELESTANDO NO DOMINGO

começo a poesia pela música.
recomeço pelos pelos dourados
do seu corpo todo

(Fabio Rocha)

sábado, 26 de março de 2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

PRESSA

com essa mulher longe
eu perco o céu
e o chão me pesa

(Fabio Rocha)

ORAÇÃO AO DIA

o sol ressurge céu
do meio das brumas de mares perdidos
colorindo o dia com largas cores

faço à última estrela
um pedido
cada vez mais cuidadoso

rogo ao deus inexistente
através dessa estrela
dessa mais resistente estrela:

que o terror do fim
não contamine
a entrega do início

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 24 de março de 2011

NIETZSCHIANO NÚMERO 9

me pego
cansado
às vezes
caminhando sozinho
descaminhos
por minha hora mais negra
quase feliz

e se toca aquela música
meus inícios brilham
com a pureza do ápice
e a dureza do fim...

meu fantasma, minha dor, meu amor,
nessas horas estranhas
tenho medo de mim!

(Fabio Rocha)





terça-feira, 22 de março de 2011

AO DEUS DAS SINCRONICIDADES E BELAS MELODIAS

deixo a música seguir aleatória
tal qual a vida, incontrolável
e vem justo a gymnopedia (rima intolerável)

meu pensar se volta
para ela, longe e perto
e nada poderia ser mais certo
do que o telefone tocar

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 21 de março de 2011

LINHA 2033 (ANTIGA 1133)

Obama
e seus helicópteros com uma ou duas hélices cheios de armas
e seus navios cheios de armas
e seus soldados cheios de armas
só atrapalham o trânsito em Copacabana

do alto da Niemeyer
o que olho é a costa
abraçando a rocha
moldando-a
soltando seu limo
num redemoinho de caos
lume
devir
espuma

o que vejo é afago
afeto
oxigenação de águas
purificação de pedras
vida borbulhando beleza

(Fabio Rocha)



domingo, 20 de março de 2011

CONTRA O MORNO MEDIANO

eu quero a amizade plena
o amor profundo
Romeu e Julieta
morrer por alguém...

você que fique aí sorrindo em fotos sem motivo
fazendo pose com amigos falsos
ou amores fúteis sem compromisso verdadeiro...

você que ocupa o tempo
evita o tédio
consome passatempos ou drogas
e fugindo da tristeza, foge de si.

não, não me contento com pouco.
não uso jogos, mentiras ou subterfúgios:
quero a coragem do suicida que olha os olhos da tristeza
e no vazio vê a plenitude.

quero o impossível!
se não houver, eu crio
nas linhas de um poema
ou nos olhos de uma mulher.

(Fabio Rocha)

terça-feira, 15 de março de 2011

TURISTA DE MIM MESMO


vejo o belo com nitidez surpreendente
apuradamente
sem nenhuma invenção

as costelas do sol
o sopro do dragão
atrás da árvore que dança
com tantas folhas
tantas pequenas folhas puras
que não caberiam em mil retratos ou pinturas...

ah, as frestas tênues da acenante copa
por onde trespassam
os últimos feixes de luz rósea...

mil estrelas bailarinas!

quem não vê o sagrado
nessa árvore que dança
por detrás do mistério
não o verá jamais

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 14 de março de 2011

BEBIDA E DIREÇÃO

não uso estratagemas
ou medidas preventivas

(olho a lua)

precisei te beber nua
pra reencontrar minha sede

e agora tudo é pressa
na tua direção

(Fabio Rocha)

domingo, 13 de março de 2011

NÚBIA

me embriago na tua falta
dor dúbia que acolhe
música lenta

(Fabio Rocha)

DAS COISAS BOAS QUE A INTERNET TRAZ

vejo os entregadores de jornais
entregadores de dores e sangue e raiva
jogando cada vez menos papéis
nas casas que dormem tranqüilas

vejo as propagandas comerciais da TV
interromperem o sentido de ser

sinto solenemente:
vão ruir

(Fabio Rocha)

AMA_DURAR

quando menino acreditava nos mágicos.
cresci
para crer na magia.

(Fabio Rocha)

sábado, 12 de março de 2011

SONHAR ESTRELAS

as palavras não alcançam teu sorriso
meus sisos não nascerão jamais, penso
deixo o verso impreciso
pra não acordar nosso silêncio

(Fabio Rocha)

ASAS TECE O PEITO (EM 3 PASSOS AÉREOS)

a ponte Rio-São Paulo
tem as cores do arco-íris
e no final dela há:
1 - o mar doce em que quero mergulhar
2 - o sabor de arrepio e ápice do bolero de Ravel
3 - um pote de ouro louro macio

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 11 de março de 2011

SUSPIRARIA

hoje foi o mais belo dia
desse céu de poesia

do mar das tuas mãos, Excalibur
minha renascida palavra sinestesia:
amar e amor

(o carnaval passou
e estou sambando no elevador)

(Fabio Rocha)

(O Pontal, da música do Tim Maia, no crepúsculo. Foto minha.)

quinta-feira, 10 de março de 2011

Presentes especiais que ganhei na vida (mais recentes acima) :)

30/06/2021

Conchinha
Conchão
Colchão

Frio
Calor
Edredom

Travesseiro
Muitos travesseiros
Agitação

Braço
Abraço
Namoração

(Luciana)

Aquarela - Árvore

Aquarela - Eu jogando LOL com o Batman :)

Aquarela - Flamingo



*




18/9/2018 - Desenho do André Fernandes Branco
Um grande amigo, poeta, tatuador e praticante budista


*

vital lima - o que não tem fim
2015 - CD do amigo e parceiro Vital Lima
Primeiro CD com um poema meu musicado

 *

pelo zelo da terra, ó mãe querida
mesmo se houvesse mil margaridas,
com mesmo medo de outrora
se dedilhasse a mais bela das sinfonias
e pintasse o campo com tinta amora
e cobrisse o céu todo com arco-íris em cor
mesmo assim seria amor,
mais bonito que o vindouro,
mais doído, mais firme, mais couro
mais fino trato que outro

(Gabriela Dettogni Mazza - 26/06/2015)

*

SOLILÓQUIO
(Para o poeta amigo Fabio Rocha)

Ao poeta,
Ouso estrofes
Ora anêmicas,
Não edênicas,
Maculadas,
Contumazes.
Incapazes
No falar
De esperança.

Ao poeta,
Em sussurro,
Este aprendiz
Casmurro,
Claudicante,
Diz:
Será
Que ainda vale,
No poema,
Transgredir?

Talvez silentes,
Tivéssemos
Mais valia.
No dia a dia
Percebêssemos
Que o estro
É tal qual moça:
Sonhos púberes
Esvanecendo-se
Na aragem,
Como a viagem
Desejada,
Mas não feita.

E, sem desfeita,
Arquivássemos
Os versos.
Abandonássemos,
Então,
A louca lida,
Como ferida
Que, de crônica,
Se cura.

Degenerados,
Teimosos,
Rubicundos,
Ousamos,
Em tal feitura,
Prosseguir,
Tal qual gravura
Desbotada pelo tempo,
Mas que ainda guarda
Os contornos
De sua forma.

E,
Se da forma,
Inda resta
O traçado,
Gritamos,
Veementes,
Desvairados,
O que nos habita
E assaz nos inquieta.

(Nilton Maia - 09/06/2015)

*

Serra(dor)

(Para Fabio Rocha)

O poeta tem medo
De abismo
De estrada
Das curvas
Que não usam saias

Sinuoso,
O poeta da busca
Quando não vê horizonte
(só curvas)
Ele quase implora por grades maiores
Melhores
Acostamentos

Depois de três horas
Na estrada para o impossível
O poeta sente que a volta,
Que só mais três horas
Podem trazer solução:

O poeta amarelo
Expande é na reta
Sem dança
Em silêncio

Seu confortável abismo é interior

Nada de paz
Ou alinhamentos
Nada de cores em harmonia
Para nascer poesia
O poeta precisa de dor

(Rebeca dos Anjos)

*

Stradivarius

(Para o grande amigo Fabio Rocha.)

Meu amigo, meu herói, a poesia que separa também constrói. Tendo dito isso, o ácido que corrói o vício ainda é o verso. Inverso destruído por memória, e ninguém entende. Estende o braço pra vida e deixa ela te salvar. O progresso da gente vem no silêncio. Poeta bom é poeta morto, e ainda somos sementes. Se mente, não cresce. Se cresce, não sente. Se sente, não desce… do salto. Tempo alto na madrugada. O homem torto na janela, não está nela, ainda absorto, e mais nada. A alma vazia aquece o vazio. O quente que faz frio, até no deserto, de quem ama. Sou poeta e tenho pouca grana, e quando digo que sou poeta, me olham como um mendigo. Nunca quis esmola. E você? Eu quero é conhecimento, discernimento entre a folha em branco e o caderno fechado. Ponto. Pronto. Pranto. Prato. Escrevo e sinto fome. Qual é o nome de deus? Criatura e criador. A pintura que cria dor. Ninguém sabe de que cor estou falando. A imagem do homem corruptível não nos interessa. Quadrúpede sem pressa. Presa perdida no concreto. Fernando Pessoa foi um cara discreto e morreu do mesmo jeito. Santificado seja o sobrenome de quem vive por muitos, de quem vive como poucos. O santo não sente como eu sinto. Absinto e um brinde a verdadeira amizade. Milagre todo dia acontece. Seres humanos ainda na Idade Média, seja ela qual for. Solstício e equinócio de qualquer escritor. O ócio de quem vive do céu do outro, mesmo quando contempla o solo. O colo da namorada. O sossego da mãe. O papo do pai. O companheirismo do irmão. O violino de Vanessa-Mae. A quinta de Beethoven. As Valquírias de Wagner. E neste exato momento, não sei mais o que dizer.
Escrevo não por ser tão pensante; escrevo por teimosia. Não sei fazer outra coisa que não seja me questionar, neste mundo. Sinceramente achei que você ia querer ler isto.

(Ígor Andrade)

*

Passei toda a tarde numa livraria,
Onde me perdi nos livros mais diversos.
Mas, não encontrei os livros que queria,
E voltei pra casa faminta de novos versos!
Já não se fala mais em poesia,
Restam poucos de nós a resistir…
Que fazer, se nos acovardamos,
Ao deixarmos que escolham a leitura
Que nos enfiam a seco na garganta?
Num último ato de bravura,
A voz de um poeta se levanta,
Incitando-nos todos a não desistir!
Ainda bem que recebo a cada dia
Os poemas que brotam do seu peito
Como oxigênio que a vida faz fluir…
Uma grata certeza tenho em mente,
Ao ver que nem tudo está perdido
Enquanto seus versos forem a semente
Que vai brotar no mundo que está por vir!

(Sonia Regina Villarinho)

*

O poeta Trololó

(Para Fabio Rocha)

A verdade do poeta está na cama:
Dorme com a cabeça azul para sonhar com os céus das fotografias.
A arma do poeta são botões:
Guerra dentro de uma caixa-preta.
A alegria do poeta tem cor e cheiro e sabor do pastel
Que não suja a cozinha.
A hora do poeta tem som.
Os quadros do poeta são retos.
A barriga do poeta tem vida.
O sorriso do poeta é aberto.
A cabeça do poeta é nuvem azul
Pra nuvem ser o todo
O todo na cabeça
Azul
Cor de trololó.

(Rebeca dos Anjos)

*

ao poeta fábio rocha

tu – que és tão eu
nem ao menos mira-me
contudo me acertas

(líria porto)

*

Um Girasol

Um dia vou ser como é Fabio Rocha
E gostarei das coisas que Fabio hoje gosta
Tocar o etéreo como toque a rocha
Ouvir o silêncio, esquecer a resposta

Ai! Como eu queria ser um Fabio Rocha
E ter a coragem, rimar-me com tocha
Moeda, poema, da busca infinita
Um quê que, de calmo, num verso se agita

Meu mudo poema, meu mundo ilimita
Pois dentro de mim há uma coisa que grita
Liberta a palavra, palavra eremita
Que vendo a de Fabio, em mim só não habita

Mas Fabio é mutante, poeta é assim
Se chego a ser Fabio, não cheguei ao fim
Pois esse que imito, tentando crescer
Transforma-se em mito, me escapa sem ver

Difícil tarefa, agradável missão:
Catar as estrelas que brotam do chão.
Poesia é Magia, Encanto, Apogeu
Tentando ser Fabio é que chego a ser Eu.

(Fernandes Branco)

*

CLAVE DE DARWIN

fa
bio
rocha

(Sérgio Edvaldo)

*
Raquel Amarante, 2013

Rocha Filosofal

Quando rio,
há no Rio, explicação.
Não, dentista não!
Janeiro é um mês
que já está no passado.
Mas, que bom seria
se este Janeiro estivesse aqui do lado!
A poesia é um pouco do Rio que me visita.
É o rio que corre no corpo de quem se excita…
E o poeta se transfigura em verso quente…
Verso que versa de todo jeito
que corta dentro, fora, detrás pra frente.
Pedra que Drummond não achou em seu caminho.
Pobre! Não há Rocha nas Minas Gerais.
Eis a Rocha Filosofal!
Reflexo Da busca.
Na medida do impossível…
Eis o exímio da palavra!
Vice-Rei não mais. Acre dito!
Ver Tudo pelos ares, hoje, me satisfaz.
Leio-te, sigo seu ritmo de Liberdade.
Marítimo…
Pairo atônita, é a Alquimia dos seus versos…
A magia da sua poesia…
Antes, Elaera, não é mais?
_ Adoro este verbo no pretérito!
No fim começo a
ver o começo no fim…
Tragicomédia,
Seria, o fim no começo…
Mas, sorrio…
Só Rio…
Caminho esperando o
caminho a manhã…
Ainda sigo com o corte
de não ter o Corte
no submarino.
Supero! Me espelho
em sua armadura de dragão.

Estive investigando o outro e o outro…
Vinícius, Bandeira, Quintana…
O geminiano
com gêmeos como ascendente,
acende a luz do verso no link…
E os vence!

Uma salva de palmas
Pra suas pralarvas!

(Raquel Amarante)

*

Raphael Grizotte, 2012

*

Fabio Rocha

ele todo paixão
lia as entrelinhas
da ilusão
desperto em profunda
meditação
pensava que todo amor
que tinha
era pura poesia

(Luiza Maciel Nogueira)


Presente em desenho de Luiza Maciel Nogueira, 2011
*

oásis

(Para Fabio Rocha)

quando o sorriso desestampa
o coração se descompassa
a fonte passarinha uma surpresa
para dizer o que acomete no peito
se a vida lá fora reprime,
com tempo chuvoso e frio rigoroso
olha-se além partes da história
e por trás da colina encontra detalhes profundos,
núncio pela glória da segunda casa
novo e viçoso na alma aspirante

(canteiro pessoal – 2010-07-31)

*

?

(Para Fabio Rocha)

Meu Deus
a poesia era o asfalto
a solidão
a internet

A poesia era um homem
era uma cidade se erguendo
em Rocha.

(Lesselis)

*

A Caneta Preta

(Para o Rocha)

Poderás desenhar um homenzinho de pau
Escrever o nome de Maria
Pintar um poema
Ou rabiscar a pedra do caminho

Só não poderás,
Em meio aos loucos destroços dessa grande piada,
Saber o que realmente quis dizer
Tudo isso.

(E porque
-Porque, meu Zeus, porque!-
Porque logo você tinha que ser o poeta desse povo todo)

(Luiz Guilherme Libório Alves)

*

Poetas

(Para Fabio Rocha)

Não chores, não rias, não se esqueça:
Que se os de vidro são de vidro
É pra que qualquer pincelada os fortaleça.

(Luiz Guilherme Libório Alves)

*

SEMENTE

Sinto vontade de te colocar em meu colo, acariciar-te o rosto e dizer-lhe que não te preocupes. Estou aqui. Amansa teu coração porque o meu já é seu. E eu já sou sua. Somente. Mas isso ainda é semente. Afeto. Então coloca minha cabeça em teu peito e me diga: Estou aqui. Me ame. Me deseje. Me possua. E serei inteiramente sua. Sempre.

(Poema d’Ela, do EraEla )
*

Poeta

Não te conheço
(mas não me conheço também)
Mas espero
tuas dores
teus amores
e teus versos.

Ah, em ti…
há tanto de mim
e tanto de todos
e tanto de tudo.

De cada linha tua
transborda
…música
…alívio
…alento
…alimento.

Tu escreves
minhas palavras
que não souberam
como chegar até o papel.

(Renata)

*

Das tuas asas

(para Fabio Rocha)

Borboletras
Bordam teu brio
Nas belas
Entrelinhas

Borboletas
Brindam teu rio
Nas brisas
Das linhas

Por toda face
Bordado à mão
Brilha nos ares
Do universo

Por toda fonte
De inspiração
Dourado oásis
Dá asas ao verso

(Cris de Souza)

*

Somos o que somos

(Para meu amigo Fabio Rocha.)

Um poeta
precisa de paixão
precisa de pai
precisa de paz
precisa de papel.

Ser humano
é inspiração demais
para nossos devaneios.

Um poeta
precisa de pontes
portas
janelas.

Olhar o céu todo dia
e não se cansar.

Precisa de nada e tudo
precisa de antes e depois
precisa de nunca e sempre.

Existir e escrever
porque a vida é um texto raro
de linhas tortas.

“A poesia
não leva a nada.
Leva a tudo.”

A poesia nos levou
e nos trouxe
para este mundo
que é o mesmo e diferente.

Quanto mais penso
que somos poetas
mais sou
um poeta que não pensa.
Só sinto.
Sentir é pensar quieto
ou preocupado
gritar no silêncio
a loucura mais pura.

Sincronicidades à parte
a nossa vida é poesia
sem limite
sem data
sem dia
e sem fim.

(Ígor Andrade)

*

Desapoio 2

(Para o mano amigo Fabio Rocha.)

Não há para onde ir.
Não há o que fazer.
A poesia é nossa cruz
no meio de um deserto
que de certo não esfria.
Fazia muito tempo
que o tempo não fazia
chover na casa que não é nossa.
A gente mora na roça
das nossas namoradas.

(Ígor Andrade)

*

A queda da matilha

(Para Fabio Rocha.)

[...]
“Queria voltar ao que nos pertence
com um poema
na medida
do impossível”

Um dia desses escreveremos algo
Que andará milhões em tempo
pra frente.
Assimilará o povo
as bananas
os poetas,
arreganhará os dentes!
A tudo tudo tudo que atormente.

Será tão leve, mas tão maciço,
que ouviremos longe, dum anjo bem quente:
“Ih, olha lá o sujo serviço
pra gente”

E tudo então acabará
Ex-plo-di-da-men-te…

(Luiz Guilherme Libório Alves)

*

A cura

(Para o amigo Fabio Rocha.)

A poesia
me mantém vivo
até quando morro aos pouquinhos.
Me mantém lúcido
e me sintoniza com o tempo.

Estou de pé
decidindo para que horizonte
seguir.

Que o sol continue nascendo
ou se pondo
e que os mosquitos
não me roubem o silêncio.

(Ígor Andrade)

*

Abominável menestrel das neves

Um violão que toca a última nota
Um tom sustenido que perdura no ar
Que insiste ao saber que sua vida se
extingüe
Que, aguda, estica-se e morre

O silêncio perdura no ar
Pois o trovador não quer mais falar
Os lobos que uivavam á sua companhia
Agora silenciam em triste melodia

As nuvens cobrem a luz do luar
A névoa vem para opaca o ar tornar
Antes conhecido por sua alegria
Hoje a canção se torna desarmonia

A neve cai indiferente, friamente
Congelando o calor tropical
Punindo a razão, enevoando a mente
Completando visualmente o final

O herói agora é monstro
O lorde agora é servo
O trovador agora mudo
O guardião agora dorme

Nos lábios não mais uma canção
Nos lábios não mais um beijo
Nos lábios agora a morte
E a tristeza da última, silenciosa,
canção

(Moisés Shonin)

*

MAGIA

(na poesia de um)

mago Filosófico
sabe desconhecendo, como Alcança
o impérvio, o sonho Belo…
Intuitivamente, pensando escreve
Ocas palavras densas
de subtil Riqueza!
estonteante a magia Oculta
da sua estrela Cintilante.
Hilariante poesia, séria?
Aberta, livre, leve…

(-re-conheces?)

(Alexandra – Portugal)

*

InSaTiSfAçÕeS dE QuInTa
(ou “DeSdE mAnHã TeNtO, sEm SuCeSsO,
lEr O nErUdA eM cImA dA mEsA”)

(Para Fabio Rocha )

Não.
Não é possível
criar um poema
nesse escritório.
O grampeador é feio
a mesa é velha
os armários, cheios.
Na minha cabeça
há umas idéias
soltas e meu olhar
num esforço hercúleo
poderia até ver beleza
sob o encardido
das persianas.
Mas, por tédio
e cansaço e
falta de vontade
a tarde escoa
como papel A4
quando o fax dá pau:

até esgotar-se
e sem poesia.

(sei que somos mais)

(Lucimara Hayoama)

*

fábio rocha é fabio
mário quintana é mario.
dois acentos perdidos:
dois remos no mesmo rio.

(mesmo ramo
mesma rama
mesmo rumo
mesma rima)

rema, fabio
mario, remoinho.

(quem diria
o erro de ortografia
virou poesia)

(Adelaide do Julinho)

*

Aula de Geografia

Apontei coordenadas
fugi dos meridianos
pelas latitudes, enquanto
procurava os paralelos.

Os pontos cardeais
negaram ajuda.

E multipliquei e somei,
e subtraí e dividi
e calculei graus.
Mas nada.

Cartografia inútil
que só decifra cartas
ao invés de aproximar
pontos no mapa.

(Débora Hubner)

*

POR MISERICÓRDIA

Traindo, cantas teus versos, teus segredos
por eles e para livrar-te deles.
Que serás após? Teu próprio verso?

Nunca outro a contar de ti
em utopia generosa de viver!
Que outro, se é às tuas costas
que ardem as verdades,
e é o teu sangue
que borda as páginas?

Trai, evola-se
o poema que te move,
alimento da alma receosa,
eco de outras vozes desejosas.

Por misericórdia hão de escutar-te
quando clamares por isto
nas chamas de “teus livros”.

A música cuja letra não é tua
é a mesma que saúda
inocentes sem traição alguma,
e é isso que traduz teus berros
em versos claros, não mais a chuva
e tua ciranda de solidão e bruma.

(Elaine Pauvolid)

*


Presente de Amelinda Alves - 2004

*

Depressão

(Para o Fabio Rocha)

Não chores,
Jesus das letras,
Diabo do inferno.

Palavras são palavras,
A esperança chora,
Não chores não.

O ódio, o rancor,
A vida choram.
Deixa que chorem por ti.

Deixa que os versos chorem
De agora em diante.
Não chores por eles.

Não chores
Pelos que não choram,
Nem pelos que riem do mundo.

Chores por viver,
E por teres do inferno
Um céu de arco-íris.

Que chores
Pois do mais ardente calabouço
Constroes a mais bela poesia.

E viva à poesia,
Mesmo no inferno!

Um brinde a ela!

(Fellipe Cosme, 26 de Novembro de 2003)

*

navalha palavra e uma garrafinha de refrigerantes

(para Fabio Rocha)

“a juventude é uma banda
numa propaganda de refrigerantes”

Engenheiros do Hawaii

o mundo é uma grande armadilha
tentando aprisionar a poesia

fazem de você dia a dia
para que escondas seus versos na gaveta
caçam as borboletas para pesquisas
calam o amor com lágrimas

ainda bem que quem é poeta
saca a palavra como uma navalha
e rasga o silêncio seguindo adiante

segue firme sabotando o tempo
e deixando soprar o vento
vai vendendo refrigerantes

(Rodolfo Muanis, 16 de Outubro de 2003)

*

Amo amanhã

(para Fabio Rocha)

Hoje não posso,
tudo conspira:
o medo veste a fantasia!

Hoje não devo,
a noite (in)sonha
agonia!

Vou amar amanhã,
“amanhã vai ser
outro dia”!

(Marise de Sousa)

*

FABIO ROCHA

F ilho virtual querido, parido do coração, operou a magia nas minhas noites vazias
A lguém, me zelando e espreitando? É o divino querer …
B eijo-te a fronte com a ternura cativa
I dêntica a Virgem Maria
O sculando a face do filho já inerte, expressando ali a máxima do amor

R egozijam-me as alegrias dos seus encantos
O seu falar doce, suave, terno, compreensivo
C arinhoso, meigo, e pungente
H á que falar sempre mais alto
A esse pobre coração carente.

Emocionada acrescento: Pari pelo coração
o mais lindo e terno filho virtual…

(Ana Maria)

*

Feliz és tu Fabio
que na vida vindo,
és capaz de pensar tão grande
e sonhar tão lindo!

És uma lição para aqueles
que da vida indo,
só encontraram solidão e sequer conseguiram
ver a vida lhes sorrindo.

Quando jovem sem buscar
encontrei…
aquele que pensei,
até seus defeitos pudesse admirar.

Que engano!
O tempo passou e sem esperar,
veio a terrível decepção
ele sem pena de me magoar
feriu muito meu coração.

E agora ao ler o teu poema lembrei-me de Florbela Espanca quando diz:

“Sou talvez a visão que alguém sonhou,
alguém que veio ao mundo pra me ver e
nunca na vida me encontrou.”

Talvez eu retome essa “Busca” e deixe de ser a visão de alguém que
sonhou…pois decepção não é motivo para se deixar de ser feliz.

(Moema Goldmann)


quarta-feira, 9 de março de 2011

ÁGUA

A estrada que traz é a mesma que leva.
Mesmo lavada na chuva finda.

Dorme em paz, linda:
Por descuido, te cuido.

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 7 de março de 2011

domingo, 6 de março de 2011

sexta-feira, 4 de março de 2011

LONGE E PERTO

vejo a rua com olhos de monge
enquanto ela deita no longe
e me cobre com seu afeto

(Fabio Rocha)

WHATEVER NÚMERO 2

é tempo
de finalmente

meu olhar
põe
cada coisa em seu lugar

sem arcabouços de planos
pesos de metas
esforços tremendos
fingimentos ou pressas

é tempo de celebrar
o que vier
o que for

(Fabio Rocha)





MEDITO:

fogos
de arte
(ofício)

(Fabio Rocha)


quinta-feira, 3 de março de 2011