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terça-feira, 15 de março de 2011

TURISTA DE MIM MESMO


vejo o belo com nitidez surpreendente
apuradamente
sem nenhuma invenção

as costelas do sol
o sopro do dragão
atrás da árvore que dança
com tantas folhas
tantas pequenas folhas puras
que não caberiam em mil retratos ou pinturas...

ah, as frestas tênues da acenante copa
por onde trespassam
os últimos feixes de luz rósea...

mil estrelas bailarinas!

quem não vê o sagrado
nessa árvore que dança
por detrás do mistério
não o verá jamais

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

OCEÂNICO

como o coco
que cai
se parte
em arte
e molha o deserto

como a pintura de nuvens
na alvorada fria
que ninguém nota

como o vento
faz do mato
mar

como amar
em silêncio

(Fabio Rocha)

sábado, 11 de dezembro de 2010

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

PARA WORDSWORTH

perante esta competição da cidade
esta solidão angustiada da multidão
também prefiro, Wordsworth,
a serenidade dos campos
e a perenidade das árvores

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

SONS DA MONTANHA

O zumbido
do silêncio
penetra
o ouvido
da cidade...

A verdade é o frio
do ar
do alto
que inventa
venta
purifica de vazio
qualquer excesso...

(Pinheiros acenam.)

A lareira crepita
sons de chuva
na floresta
antiga.

(Pinheiros acenam.)

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

PHYSIS

A asa da borboleta amarela
me dói ao cair
no entanto verdes lagartas
escalam o prédio antigo
cinza
e preenchem vidros quebrados
com crisálidas de tábua.

Crianças atiram pedras
no prédio impassível de meu rosto
e caem ao chão sementes
germinando futuros.

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 10 de abril de 2008

REINVENTANDO QUINTANA - UM POEMA ERUPTIVO

em cada ponta de ilha imaginária
um vulcão

sobrevejo pássaros brancos de fumaça
e sinto que os passos passam
mas o vôo não

os passos nas pedras pesam
o coração dos muitos
seguidores de metas e futuros

mas lava quente
é rocha
no mar frio

ebulição
beijo de opostos
que liberta acima o fugaz
para ser pisada e lilás
triste, morna e fixa demais
só até a próxima explosão

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 13 de março de 2008

AO AMIGO CORTADO

que lhe brote muito verde
lhe visite muito novo
e a lembrança da seiva
não seja
desta última faca
enferrujada de velhice
mas apenas
das épocas
de bons frutos

(Fabio Rocha)

sábado, 1 de março de 2008

INSÔNIA

névoa do mar
no poste
vermelhando o ar

som de rugidos:
ondas ao longe

vencidos em algum lugar partido

luzes tristes
iluminam desse lado do absurdo
noites antigas
de dragões em vultos

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 12 de novembro de 2007