quarta-feira, 23 de setembro de 2009

POR ESTAREM DISTRAÍDOS


minha voz
vai pelo tempo
onde só havia presente
e nós éramos apenas nós bem atados
presentes um do outro,
um pro outro
a sós

(Fabio Rocha)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

INIMIGO MUNDO (HORÁRIO COMERCIAL)


Escalo o muro
escalo o monte
de percevejos

Espalho a raiva
espalho o murro
dos meus desejos
inatingíveis

Escalo a jato
escalo arfante
antes que eu note
o que almejo

(Mas quando é noite
sozinho eu ouço
o meu silêncio...)

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

AFINAL


Os ponderantes que me desculpem, mas loucura é fundamental.

(Fabio Rocha)

CECILIANDO

Canto porque o instante ainda existe
e a canção eu sou.

E se a vida se faz triste
ergo o sonho em riste
e cantando eu vou.

(Fabio Rocha)

domingo, 20 de setembro de 2009

O QUE AS MULHERES QUEREM:


Namorar o caos
e casar com a certeza.

Namorar o poeta
e casar com o administrador de empresas.

(Fabio Rocha)

MAR FORTE (A)TEMPORAL

quando a paisagem passar:
deixarei uns poucos versos bons
muitas dores fortes
e uma vontade antiga
de amar até a morte

(Fabio Rocha)

DIÁRIO

Para Stella

À sombra do fim
todo despertar matinal
se desfaz
lentamente
em pesadelo real.

Tudo é dor:
Todo poema bonito
música emocionante
filme romântico
paisagem marcante...

Tudo reflete o não-elo:
nas várias faces do belo
a violência da falta.

(Fabio Rocha)

sábado, 19 de setembro de 2009

INFINDÁVEL

Para Drummond

Meu coração é menor que o mundo.
Muito menor.

O mundo é grande
e cheio de desafios
que não quero vencer.

Meu peito
é cheio
de ansiedade
dor
e ar.

O que me faz andar...
Cheio de falta.

Me falta dinheiro, aliás.

No peito,
sobra vazio.

Não tenho meta
mas sou poeta...

Ando
pela praia
pela casa
pela vida
sozinho e manco.

(Fabio Rocha)

MEMÓRIAS

O amor... Pode durar uma semana ou seis anos, a fórmula é a mesma. Dura enquanto houver incerteza quanto a ser amado e quanto ao ser amado. Na conquista total e plena, tangível, amornece, e vêm as dúvidas. E, na separação, volta então, magicamente, tudo como lindo, já que findo, já que perdido. Talvez só saibamos amar a distância, o horizonte, o impossível, a busca.

(Fabio Rocha)

Inspiração: http://psicanalisepresente.blogspot.com/2009/07/encontros-e-desencontros-ser-amante-nao.html

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

PLATÃO, PLATÃO...

O poeta se mastiga, se retorce, se rebela
mas a vida não se afasta muito
do final da novela.

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

PARA JOÃO

A vida mole me fez duro
intolerante
intolerável.

Resta buscar leveza novamente
fora
da
poesia.

E aplicá-la
sobre quem
não merece
pedras.

(Fabio Rocha)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

EU QUERO, MAS NÃO BASTA

de mãos dadas com a noite
nenhum coração pulsante a ser cravado
nenhum peito a se morder infindo
nenhuma esperança vã de melhora futura com sorte talvez quem sabe
nenhum pai, nenhuma mão,
nenhum amor fugidio,
nenhum filho,
nenhuma flor

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

UM POEMA DESCONTIDO, POR ENCANTO

Enquanto meu estômago se acaba a dentada
e mantenho nele a mal contida raiva
indigiro palavras não berradas...

Enquanto a vida oferece opções pasmas
e antepasso antepastos emprestados
assisto a nova fraude dos Caçadores de Fantasmas...

Enquanto o mundo te empurra a escolha
e você dança com o ar pro outro lado
esconjuro artifícios zarolhas
com um mago de um jogo inventado.

Enquanto desenho a florzinha matinal
e caminho na praia estuprada
saboreio o desprazer estomacal
de não resolver absolutamente nada.

(Fabio Rocha)

ARES

palavra:
ave

antítese do peso
antídoto do tédio

(Fabio Rocha)


Planta dentro de uma loja do Rio Design Barra

domingo, 6 de setembro de 2009

MAIS SOBRE "A ARTE DE VIAJAR", DE ALAIN DE BOTTON

É realmente uma maravilha esse livro. Hoje descobri no "A Arte de Viajar" que existiu neste planeta um tal John Ruskin, que tinha a fascinante teoria de que todos somos como que desenhistas natos, se dedicarmos mais tempo para contemplar - em detalhes - o belo. Uma árvore só pode ser realmente apreciada se pararmos para olhar para ela como desenhistas. E isso requer uns 10 minutos, no mínimo. Ele foi criado por pais que viajavam com ele, parando a cada hora para APRECIAR A PAISAGEM. Assim, se desenvolveu sua teoria. Ele critica a pressa de sua época, a mania de "conhecer toda a Europa em 7 dias" (não conhecendo nada, na verdade) e o mal uso da máquina fotográfica (tudo que, na minha opinião, hoje piorou e muito...). É uma forma prática do que Platão tanto valorizava teoricamente: valorizar o belo. Não resisti e fui conferir, com 3 desenhos com esferográfica mesmo (abaixo). Vou ver se arrumo um lápis pros próximos... Mas, realmente, percebi muito mais detalhes olhando por mais tempo para o que desenhei. Reparei também a dificuldade para manter proporções, para desenhar algo que se move (a cachorrinha não parava quieta), para representar contornos com uma cor só (os contornos das coisas não são uma linha, são um contraste, um limite de cores diferentes!) para repetir a complexidade das luzes e sombras, e que flores de plástico são muito parecidas mesmo com as reais. E mais: no banho, mesmo depois desse exercício, lembrei como eu era fascinado pelas gotas que se formavam e escorriam pelo vidro do blindex, criando desenhos, e novamente pude olhar com olhos de criança esse fenômeno.



(Fabio Rocha)


Luna


Orquídea de plástico


Abajur

quarta-feira, 2 de setembro de 2009