quinta-feira, 29 de maio de 2008

TINTA E UM: RITMO DE FESTA

sinta o tanto que você sente
minta a idade
tinta e lá vai fumaça
sinto muito
cinto de castidade
tanto para fazer e tão pouco tempo
tento então um poema chato
tinto vinho que não beberei do cálice
tim-tim

(saúde
se alguém espirrar)

e cada casa é um caso
mas devagar

se chega


tarde

(Fabio Rocha)

terça-feira, 27 de maio de 2008

CASA DA VÓ

Pedrinho se fascinou do ser f-o-r-m-i-g-a.

Olho de lupa,
cientista quando crescer...
Amava-as no vidro com açúcar.

Aí, de repente, amanhã
veio titia católica
e lhe mostrou a culpa cristã.

Pedrinho chorou lágrimas de dó
e abriu o vidro
de geléia de mocotó.

(.....................................)

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

TORRE DA TÉCNICA OU BABEL EM PAPEL

prosa não tem nexo
Poesia é o internexo
entre a dor do preso e o prazer do sexo

Disto isto, nobres senhores Doutores,
a quem interessar possa, nesta data
quero deixar aqui bem claro
que a poesia oficial atual mundial
é chata
mas seus prefácios mais ainda.

Por não falar nisso...

Segurança é racional
no entanto o animal
disto se sufoca mais e
mal
do pânico
(metodicamente comprovado)
(metodicamente comportado)

Para não perder a rima,
o jornal
é superficial
(boa noite)

E a certeza da noite
certa para todos
continua presa
na garganta
profunda
(mesmo para os que moram na superfície)

Assim sendo,
o desejo globalizado
troca o auto-conhecimento
pelo sucesso de um carro importado
(nunca suficiente)

Acho que sonho
mas não acho tempo
para achar o que sonhei

(Fabio Rocha)

sábado, 17 de maio de 2008

EXTRA EXTRA!

Atentado na Araucária Argentina
mata mais de uma pessoa.

Homem-bomba aterroriza cidade sueca
ao lutar contra Homem-pássaro
sem cuidado com a rima.

Terremoto na Antuérpia
deixa soterrados mais de um trilhão
de toupeiras.

Menino preso
na geladeira
come o próprio
pé.

E nos esportes...

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 14 de maio de 2008

PARA IVAIR

Filosofia é poesia
vida
e não classificologia antiga
de conceitos mortos.

Nas ilhas gregas
morreram
todas as verdades.

Pálpebras de pedra
fecham a noite
e abrem sorrisos.

O que quer o poeta?

A fogueira crepitante
da anomalia
queima
o ismo estabelecido.

Fogo chama Heráclito.

O que quer o filósofo?

- Ir além!

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

UMA HOMENAGEM AO ARTUR DA TÁVOLA

ele apenas uniu
política e música
através da beleza

(Fabio Rocha)

Partiu mais uma dessas pessoas que vai fazer falta ao nosso mundo: Artur da Távola. Mesmo com a saúde abalada, continuou do alto de seus aos 72 anos, gravando aquele programa maravilhoso, "Quem Tem Medo da Música Clássica", que ensinou novos níveis de percepção da música a muita gente e, particularmente, me foi uma deliciosa companhia durante anos nas manhãs de sábado e domingo. Continuou também escrevendo, e enviando suas crônicas semanais por e-mail, sucintas e precisas (aliás, ele nunca deixou de me responder um e-mail sequer...). Na última, de ontem (8/5/2008), ele conclui assim: "Amor não clama nem reclama: amor dá." E foi isso que Artur fez, até o último dia, dividindo sua cultura, ensinando, criando, inspirando... Continuou e continuará sempre a ser um exemplo a admirar e a ser seguido.

Site do Artur: www.arturdatavola.com

(Fabio Rocha)