domingo, 20 de maio de 2012

LONGE, LONGE roubado por Luciano Martini - Denúncia



LONGE, LONGE (poema do e-book CAMINHO A MANHÃ, registrado na Biblioteca Nacional e posteriormente publicado no livro CORTE*)

(A Drummond)

Ando, ando…

Bancos vazios
em corredores soturnos.

Prédios noturnos
me observam calados.

Rostos, vozes
tudo, tudo
longe, longe…

[O silêncio salta
faz piruetas e dança, invisível
pelo espaço intransponível
que separa eu de mim.

Não ouço meus passos
mas não importa
pois nem eu nem cada porta
por que passo
compreende esse trajeto.

Seguro
com as estrelas
o peso dos véus,
do escuro
e da ausência
inadmissível
intocável
intransponível
inassimilável.]

O vento venta
mas venta pouco.

Quem dera a paz…
Ventasse mais…
Ventasse mais!

E expulsasse
de minha mente enfumaçada
as centopéias indecifráveis
que me fazem não achar.

(Fabio Rocha – UERJ – 06/junho/2002)

*(A parte entre colchetes não entrou na versão musicada)

caminhada



OBS.: Republicando o post de 2 de fevereiro de 2010, pra manter o poema inteiro e correto, pois o mesmo teve a autoria roubada e ainda foi alterado no final aqui e aqui. Olhem que tristeza:

terça-feira, 15 de maio de 2012

o que se perde

começar um poema pelo fim 
sim pelo não 

...

pele, mão transformada em pó 
de dia de noite de tempo de 
lento falecer que não falece 

face leve de prece 

...

cair em todas as armadilhas 
conscientemente 
mentir certezas 

pizza que não houve 

calabresa 

... 

predador preso 
pela presa 

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 14 de maio de 2012

dos anjos

te amo quando faltas
e em parte pelo medo de faltares
não te amo inteiro
quando perto do peito bates

ou me engano que não amo
e tu partes por terras mais altas
e tu faltas
em pele, em pano

mas te amo nessas notas
(imperfeitas)

te amo sem palavras
te amo sem derrotas
na música que não acaba
em linhas tortas

(Fabio Rocha)

destempo

pausa para uma tarde fria: 
toda palavra 
vazia 

(Fabio Rocha)

kaos

medito 
sobre os escombros 
do que seremos 

(Fabio Rocha)

a quem contar

estendo a mão 
pro amanhã 

busco calma 
na ânsia 
porque falta 

entre larvas e vermes 
comedores de tempo 
é preciso plantar o belo 
permitir loucura 
apressar a cura 
porque falta 

movo-me de novo 

há muros sempre 
chatices por fazer 
e murros inúteis 
com tanto a se perder 

o tempo ruge 
o dia rui 

nos revolvemos em cinzas 
porque falta 
mas tenho pressa de verde 

(Fabio Rocha)

sábado, 12 de maio de 2012

mania

indefeso e pequenino 
alimento o pesadelo com silêncio 
para ser tarde demais 

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

chora não... segue em paz

sorrio você quando como um chocooky
às 4 da manhã
e saio pro trabalho por outro caminho...

sorrio de mim
quando vejo o sentido da vida
na calça jeans da menina adiante

é preciso sorrir pras alvoradas de Cartola, meu amor...
a dor passará
leve, breve
passarinhos, passaremos...

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

76% das mortes no trânsito: embriagados

o álcool abre a porta 
para outras drogas 

a literalidade tem quatro portas 
nenhum poeta, 16 cilindros mortos, sem cavalos marinhos 
é vermelha, conversível 
sonha um tênis Nike 

enquanto isso 
o tabaco já matou mais 
do que todas as guerras 
e seguimos fumando 

trabalhamos para não mudar o mundo 

trabalhamos na literalidade 
longe do sagrado 
para encher o tanque 
(e as barrigas) 

(Fabio Rocha) 

quinta-feira, 3 de maio de 2012

polissílaba flor

"Em vão me tento explicar, os muros são surdos."  (Drummond)

Drummond é instantâneo. 
foto de nós 
poetas presos em si 
cordas que acordam 
em melodia 

(não há mais guerras mundiais. 
descansem paz) 

lendo subi 
lendo de si 

lenta paz da folha branca... 
ruflar da folha branca... 
sempre pronta, folha branca... 

(pausa doce, sorriso, prévia da explosão indizível) 

o corpo renasce e se aquece 
na esperança do inalcançável 
que não cansa 
não mata 
nem morre... 
so_corre! 

ouço peixes sob o navio do chão 
(M)olho 
mãos em poemas dados 

a nona sinfonia 

ir 
sobretudo ir 
pro lugar de sorrir ao pensar que se pode começar 
que sempre se pode começar e sorrir 
pelo menos até começar 
e ir 

edifícios mantêm-se calados no escuro 
funcionários antigos com mais benefícios 
novas formas de enganação visando o lucro
soft skills, passatempos e vícios 

mas resta a flor no cinza: 
poetas vendem fotocópias no centro 
e letras chegam a olhos 
(umas vezes até dentro) 

(Fabio Rocha)

um poema antigo
na garganta
calo

(Fabio Rocha)