sexta-feira, 29 de maio de 2009

NOCTURNO

No fim do canto
esquerdo olho confuso
ruídos de riscos bonitos
remadas de mantras com nexo.

(Fabio Rocha, ouvindo Banda Nocturno, gravando seu primeiro CD.)

terça-feira, 26 de maio de 2009

SALA DE ESPERA (MUDANDO DE ANALISTA)

Sentamos na sala de espera. O som do silêncio é o relógio de parede que quebra, por não estar quebrado - infelizmente. Dura três longos minutos. Fala-se, então, das novas descobertas científicas na revista que podem nos fazer viver mais. Me pergunto para quê. E a caverna subterrânea, da beira do profundo nos observa, repleta de silêncio e coisas escuras por dizer. Entreolhamo-nos, semiconscientes dela mas sem coragem. O não-dito. O relógio segue. Ninguém desce a si.

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

quinta-feira, 21 de maio de 2009

quarta-feira, 20 de maio de 2009

PERCURSO

Quando há noite
e me deito
e me cubro
com o pó preto
oriundo dos pneus
que a linha amarela lixa
constantemente
com seus carros passando sempre
sempre em alta velocidade
decididos a chegarem sempre
sem nunca chegar
(tiros ao longe)
meus olhos arranham aranhas
mas mesmo assim no entanto no quarto
durmo branco
até a serra
do vizinho em obras eternas.

(Fabio Rocha)

terça-feira, 19 de maio de 2009

MANHÃ NO AP

Zeus
te proteja
da solidão inescapável intransponível iniludível
que o cachorro ao lado late
e o seu silêncio bate
na grade gris do tempo.

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

segunda-feira, 11 de maio de 2009

SIMBOLISTA

Um poema sem palavras
vi na mata, no riacho
no improviso do piano
numa rua enfumaçada
no sol sumindo quieto
num engano...

Um dia estranho
uma falta
um poema sem palavras.

(Fabio Rocha)

sábado, 9 de maio de 2009

sexta-feira, 8 de maio de 2009

segunda-feira, 4 de maio de 2009

3 DIAS SEM COMPUTADOR

Antes de tudo
a tecla
a teta
a falta

Sobretudo
a seta
sobre
tudo

O tempo
o todo
o teto branco.

(Fabio Rocha), 1o./5/2009

DA OBSERVAÇÃO

Rio de Janeiro
terra minha
onde Augusto dos Anjos
já vendeu seguro de vida
e o mar
o mesmo mar de hoje
o mesmo mar de sempre
repete alheio
palavras não ditas.

(Fabio Rocha), 30/4/2009, vendo o programa "Tertúlia", no SESC TV, com Ana Miranda falando da vida sofrida de Augusto dos Anjos. Aliás, a programação do SESC TV o dia todo é arte, e há programas realmente muito bons sobre música, fotografia, artes plásticas, literatura, documentários sempre poéticos... Recomendo.

SOLÚVEL EM TAO

Como a chuva
precipitamo-nos
em explicar, contar, planejar e fixar
quando na verdade
o mais importante pinga:
a percepção que logo escorre
o oceano para a gota
o sentido íntimo e único
para cada ser que é.

(Fabio Rocha), 29/04/2009, inspirado no curta "O Silêncio" (BH, 2005) e no maravilhoso livro "Ser Criativo - O Poder da Improvisação", de Stephen Nachmanovitch, que estou lendo por recomendação da minha analista.