terça-feira, 31 de maio de 2011

LOVE IS ALL


tenho agora
perna de andarilho
e olhos alvorados

massageia a alma
o chinelo
se piso
este apartamento

ladrilho fonemas embutidos
na palavra casa

sua mão dada acalenta minha calma

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 30 de maio de 2011

RECEITA PARA ETERNIZAR UMA GÉRBERA


junte uma vontade de leveza
com o rosa da alvorada
e uma pitada de laranja
(girassol somático)

a flor
em si
sorri

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

PAIXÃO

debaixo do penhasco passa um rio:
meu coração
pendurado por um fio

(Fabio Rocha)

terça-feira, 24 de maio de 2011

VOU INDO

sem ela o silêncio assusta
e a palavra também

engasgo até com o capuccino mais doce...

afasto-me, mesmo assim, porém

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

À MUSA FUTURA

eu te amo desde agora
porque você virá

(virá de onde sempre
esteve)

e descobrirá ainda vida
no planeta plexo

(Fabio Rocha)

domingo, 22 de maio de 2011

MAS

me pego preso de quando em vez
na invencível condição humana
na exaustão da repetição fútil
do que não é nem pode ser
mais

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

CAPTURA


teço a palavra teia
a tarde toda uma estréia, uma estrela
para lentamente prendê-la

(Fabio Rocha)


terça-feira, 17 de maio de 2011

domingo, 15 de maio de 2011

segunda-feira, 9 de maio de 2011

SP

(Para Núbia Costa)

bruto
e rápido
e ríspido
respira-se o cinza
vive-se em luto apressado
e o silêncio desassossega o plexo

*

resta o luto
de tantos desencontros
resoluto
parto o peito
(parto
e nada nasce)

*

sampa sem samba

terra minha tripartida
língua cinza
tudo cinza fast
brigam-amam alto e sempre
nada como o esperado, amiga
como a pizza mais triste da vida
minutos depois do melhor omelete:
dor de barriga

saudade do mar
da paz do mar

se amar é isso
tenho orgulhosamente
medo de amar

*

não fode:

mão estendida apenas
quando a outra mão
foge

*

é um absurdo
nos obrigarem a tirar férias

farei piquetes
construirei fábricas
me acorrentarei a escritórios

*

fui até são paulo
encontrar o pior de mim.

amor,
nada
absolutamente nada
funcionou como deveria
(do início ao fim)
e nenhum dos dois
está minimamente disposto
a quaisquer contratempos.

(no entanto teve o melhor omelete)

voltei voando sobre uma dor inexplicável
enquanto me ofereciam amendoim
e não sei se isso tem algo a ver com o supracitado

(lástimas e lágrimas)

que bosta, Costa:
amar não basta.

não me ame
pelo amor desse deus filha da puta
nem depois de todas as cervejas do mundo
me ame

como pode tão já
tanto extremo
bom e ruim?
50 anos em 5 dias?

não me toque.
a noite é longa demais.
não me acorde apenas pra te ver dormir!

o sonho rápido demais em pesadelo
o colo rápido demais em abismo
fere.
não desperte o pior de mim!

nosso filme
(comédia nonsense)
só teve inícios
nunca terá o devido meio
nem fim

fume em paz:
aqui jaz o que seremos
(nesses versos ridículos)

perante tanta tristeza
estou com saudade
de minha ansiedade solitária

vou entrar nesse apartamento
e só vou sair
depois de dormir pelo menos uma noite inteira
quando a vida deixar de ser um lamento triste e sem sentido
após você me esquecer perto do celular e dos óculos
e mesmo assim não vou entender o que houve
nem por que choro

cuspo reto na palavra amar

(por favor, me ame)

(Fabio Rocha)

domingo, 8 de maio de 2011

DESFUTURO

vivo
muitas vidas
e nenhuma

espero não esperar um dia

(nem a esperança de teus braços
perfeitos porque futuros)

não

não serão adornos
contorno de asas
presas por ouro

quando formos
gansos mancos
que não fodem

(Fabio Rocha)

sábado, 7 de maio de 2011

*

estar no céu
com ela loira e dúbia
ela perto e alta
ela nua e linda
loucamente lúcida
star no céu
com núbia

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

APARTA_MENTE

é como se eu acarinhasse essas paredes de silêncio
ao lavar as louças brancas acumuladas

como se me espalhasse em tuas formas novas
e nesse habituar mútuo
tu tivesses vida
eu tivesse paz

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 4 de maio de 2011

MARFAGARFO

intento tirar a razão desse contrapasso
sei que a finitude solta seus gritos e cheiros
e o impossível passo, sua perfeição enquanto impossível
no entanto isso
(marcapasso acelerado prevendo atrasos)
isso tudo
que já somos...

(Fabio Rocha)

APARTAMENTO NOVO

o vazio
tinge de silêncio
as paredes brancas

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 2 de maio de 2011