Amodeio cada parte e instante
que se parte num todo
confuso extremo explodo
e eu mesmo me culpo
e se acalma
calma
calma
num mínimo olhar
ou gesto
de cumplicidade:
chego à casa
que nunca tive.
(Fabio Rocha)
(foto de Higienópolis, Rio de Janeiro, RJ)
"Abrir o peito à força numa procura / Fugir às armadilhas da mata escura" (Eu caçador de mim - Luiz Carlos Sá e Sérgio Magrão)
domingo, 30 de dezembro de 2007
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
AMARANTINE
Deslizar
no tato
vento fraco
árvores distantes
Caminhar
ares de cuidado...
Saudade boa
do que será
e voa...
(Fabio Rocha)
(foto do Bosque da Barra, Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, RJ)
no tato
vento fraco
árvores distantes
Caminhar
ares de cuidado...
Saudade boa
do que será
e voa...
(Fabio Rocha)
(foto do Bosque da Barra, Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, RJ)
sábado, 22 de dezembro de 2007
FLASH
Caminho trilhas sinuosas
enquanto árvores retas
me cortam com folhas
retangulares.
Com isso,
enquanto uma parte quer freiar,
acelero.
Corro e cortes cortam
meus braços e pernas
irregulares teimosos.
Paz
é correr mais.
(De longe acham que vôo.)
(Fabio Rocha)
(foto da praia do Recreio dos Bandeirantes, próximo ao Pontal, Rio de Janeiro, RJ)
enquanto árvores retas
me cortam com folhas
retangulares.
Com isso,
enquanto uma parte quer freiar,
acelero.
Corro e cortes cortam
meus braços e pernas
irregulares teimosos.
Paz
é correr mais.
(De longe acham que vôo.)
(Fabio Rocha)
(foto da praia do Recreio dos Bandeirantes, próximo ao Pontal, Rio de Janeiro, RJ)
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sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
VERTIGENS DO DIA
tento tonto
olhar o teto
branco
mas cada ponto
quieto
dança num entre
tanto
(Fabio Rocha)
(foto da praia do Recreio dos Bandeirantes, próximo ao Pontal, Rio de Janeiro, RJ)
olhar o teto
branco
mas cada ponto
quieto
dança num entre
tanto
(Fabio Rocha)
(foto da praia do Recreio dos Bandeirantes, próximo ao Pontal, Rio de Janeiro, RJ)
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
REGRAS DE GRAFIA
O Fabio sem acento
hoje sem assunto
hoje está cansado.
Ainda assim um verso
ainda assim um parto...
Quando eu morrer
(e só quando eu morrer)
meu nome obedecerá
às regras.
(Fabio Rocha)
hoje sem assunto
hoje está cansado.
Ainda assim um verso
ainda assim um parto...
Quando eu morrer
(e só quando eu morrer)
meu nome obedecerá
às regras.
(Fabio Rocha)
OSHO É NIETZSCHE
mas
com
barba
(Fabio Rocha)
"Nós somos algo diferente de eruditos: embora seja inevitável que, entre outras coisas, também sejamos eruditos. Temos outras necessidades, outro crescimento, outra digestão: precisamos de mais, também precisamos de menos. Não existe fórmula para o quanto um espírito necessita para a sua nutrição; mas, se tem o gosto orientado para a independência, para o rápido ir e vir, para andanças, talvez para aventuras, de que somente os mais velozes são capazes, então prefere viver livre e com pouco alimento, do que preso e empanturrado. Não é gordura, mas maior flexibilidade e força, aquilo que um bom dançarino requer da alimentação - e eu não saberia o que o espírito de um filósofo mais poderia desejar ser, senão um bom dançarino. Pois a dança é o seu ideal, também a sua arte, e afinal sua única devoção também, seu "culto divino"... "
(NIETZSCHE, F. W. A Gaia Ciência. Aforismo 381. Tradução de Paulo César de Souza. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2001, página 285)
com
barba
(Fabio Rocha)
"Nós somos algo diferente de eruditos: embora seja inevitável que, entre outras coisas, também sejamos eruditos. Temos outras necessidades, outro crescimento, outra digestão: precisamos de mais, também precisamos de menos. Não existe fórmula para o quanto um espírito necessita para a sua nutrição; mas, se tem o gosto orientado para a independência, para o rápido ir e vir, para andanças, talvez para aventuras, de que somente os mais velozes são capazes, então prefere viver livre e com pouco alimento, do que preso e empanturrado. Não é gordura, mas maior flexibilidade e força, aquilo que um bom dançarino requer da alimentação - e eu não saberia o que o espírito de um filósofo mais poderia desejar ser, senão um bom dançarino. Pois a dança é o seu ideal, também a sua arte, e afinal sua única devoção também, seu "culto divino"... "
(NIETZSCHE, F. W. A Gaia Ciência. Aforismo 381. Tradução de Paulo César de Souza. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2001, página 285)
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
LEMBRANÇAS DE LUZ
vento no varal
lençol rosa acenando
o final da tarde
sonolento
enquanto houver
vento
haverá paz
(Fabio Rocha)
(foto da praia do Recreio dos Bandeirantes, próximo ao Pontal, Rio de Janeiro, RJ)
lençol rosa acenando
o final da tarde
sonolento
enquanto houver
vento
haverá paz
(Fabio Rocha)
(foto da praia do Recreio dos Bandeirantes, próximo ao Pontal, Rio de Janeiro, RJ)
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COMBATE
antes do cair da tarde
(e do tropeçar do dia)
a manhã abre seu olho dourado
e a paz guerreia com a alegria
(Fabio Rocha)
(foto da praia do Recreio dos Bandeirantes, próximo ao Pontal, Rio de Janeiro, RJ)
(e do tropeçar do dia)
a manhã abre seu olho dourado
e a paz guerreia com a alegria
(Fabio Rocha)
(foto da praia do Recreio dos Bandeirantes, próximo ao Pontal, Rio de Janeiro, RJ)
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
QUASE SÍNDROME
por medo do medo
me contive pequenino
preso a detalhes
não toquei a flauta de Pã
por medo do pânico
e justamente por isso
ele veio no estômago
(enquanto todo o corpo
já sabia a poesia)
(Fabio Rocha)
me contive pequenino
preso a detalhes
não toquei a flauta de Pã
por medo do pânico
e justamente por isso
ele veio no estômago
(enquanto todo o corpo
já sabia a poesia)
(Fabio Rocha)
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
domingo, 2 de dezembro de 2007
MOVIMENTOS IMPERCEPTÍVEIS
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
(IN)CONSCIENTE
Quanto mais lia sobre a importância de aceitar que nada é definitivo, quanto mais concordava com a vida plena no momento presente, aceitando a guerra caótica com poder, coragem e força, vindo o que vier no devir... Mais se sentia tenso, mais se preocupava com o futuro, o dinheiro... Mais planejava e tentava resolver tudo para o amanhã chegar todo certinho, pratos lavados, carro abastecido, como se pudesse algum amanhã ser totalmente previsível. Como se pudesse alguém se aproximar do definitivo. E qual seria a graça de uma manhã assim?
(Fabio Rocha)
(Fabio Rocha)
terça-feira, 27 de novembro de 2007
SO(M)BRA
em desalinho
tecer dias
tardes
tardes
acnes
de palavras que não bastam
tempo
todo
longo
tic
tac
do relógio que não há
em contagem regressiva
para o não ser
tic
tac
até que toca
a sonata
ao luar:
precioso
tempo
todo
meu
(Fabio Rocha)
tecer dias
tardes
tardes
acnes
de palavras que não bastam
tempo
todo
longo
tic
tac
do relógio que não há
em contagem regressiva
para o não ser
tic
tac
até que toca
a sonata
ao luar:
precioso
tempo
todo
meu
(Fabio Rocha)
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
TARDE QUENTE E UMA POMBA
tecla:
antes tarde
do que tiro
som suave
de verdade
(mentira)
pássaro
que não vejo
em paz
(Fabio Rocha)
antes tarde
do que tiro
som suave
de verdade
(mentira)
pássaro
que não vejo
em paz
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
DIA E NOITE
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segunda-feira, 19 de novembro de 2007
SEM ESPUMA
enquanto finjo relaxar na água quente do banho
e umas duzentas crianças morrem de sede na Terra
pérolas me cantam ouvidos
tais quais:
até quando pessoas se resumirão
dentro ou fora da televisão
a nadadores pela nação
a nado
a nada
quebrando recordes
de outros nada-dores
agora lentos
anteri-ores
numa espiral infinita
de relógios mais precisos
pessoas mais especializadas
e nada especial
nada diferente
nada útil a nada
a brotar do nado?
mas no fundo
dessa piscina interior
algas me dizem que isso tudo
é porque estou de fora
seco
sórdido
perdido
e por estar perdido
tento em ondas
descobrir o óbvio
por não suportar
o peso do nada
quero leve o mundo
(me levem)
(Fabio Rocha)
e umas duzentas crianças morrem de sede na Terra
pérolas me cantam ouvidos
tais quais:
até quando pessoas se resumirão
dentro ou fora da televisão
a nadadores pela nação
a nado
a nada
quebrando recordes
de outros nada-dores
agora lentos
anteri-ores
numa espiral infinita
de relógios mais precisos
pessoas mais especializadas
e nada especial
nada diferente
nada útil a nada
a brotar do nado?
mas no fundo
dessa piscina interior
algas me dizem que isso tudo
é porque estou de fora
seco
sórdido
perdido
e por estar perdido
tento em ondas
descobrir o óbvio
por não suportar
o peso do nada
quero leve o mundo
(me levem)
(Fabio Rocha)
domingo, 18 de novembro de 2007
"COMO SE DENTRO DE MIM UMA MÃO SUAVE APERTASSE"
"asas do desejo"
asas de concreto
peso de conceitos
vento no capim
mato
morte
noite muito tranquila
noite
muito
tranquila
anjos falam
meu silêncio
"só os caminhos mais antigos levam adiante"
uma maçã cinza
sabor de vermelho
meu coração
o dia todo
meu coração
(Fabio Rocha)
(Poema feito enquanto assistia ao maravilhoso filme "Asas do Desejo")
terça-feira, 13 de novembro de 2007
TV FECHADA E ABERTA: QUASE A MESMA META
Esse poema
é uma singela homenagem sem peso
que não chega aos pés da profundidade
do maravilhoso programa da tv a cabo
que vem logo após a Oprah
sobre cães tão gordos quanto seus donos estadunidenses
agradecendo também ao Faustão
que já é um como um sócio aqui
desde o início do blog.
É favor ignorar os magros estendendo
suas mãos magras
nos sinais de trânsito.
(Fabio Rocha)
é uma singela homenagem sem peso
que não chega aos pés da profundidade
do maravilhoso programa da tv a cabo
que vem logo após a Oprah
sobre cães tão gordos quanto seus donos estadunidenses
agradecendo também ao Faustão
que já é um como um sócio aqui
desde o início do blog.
É favor ignorar os magros estendendo
suas mãos magras
nos sinais de trânsito.
(Fabio Rocha)
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CHE
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
O CÉU NO FUNDO
Me dão tristeza
uma melancolia danada
as casas em ruínas
de paredes descascadas.
Mas é uma tristeza tão boa
uma saudade engraçada
de onde nunca estive...
(Fabio Rocha)
uma melancolia danada
as casas em ruínas
de paredes descascadas.
Mas é uma tristeza tão boa
uma saudade engraçada
de onde nunca estive...
(Fabio Rocha)
DA PRORROGAÇÃO DO PRAZER
alisar ladrilhos ferventes
na plenitude da calma
sem que a vontade da palma passe
e sem rimar a alma
lamber granitos entumescentes
também com unhas e dentes
até que o grito rasgue a garganta
gelado banheiro, gelada cozinha
tentando conter
até o limite
a rima
(Fabio Rocha)
na plenitude da calma
sem que a vontade da palma passe
e sem rimar a alma
lamber granitos entumescentes
também com unhas e dentes
até que o grito rasgue a garganta
gelado banheiro, gelada cozinha
tentando conter
até o limite
a rima
(Fabio Rocha)
SENTIDO
Sobre ombros e pianos e gangorras e flechas e objetos diretos
muito além de qualquer imaginário distante ausente
entre você e seu armário embutido
encontra-se o
agora.
(Fabio Rocha)
muito além de qualquer imaginário distante ausente
entre você e seu armário embutido
encontra-se o
agora.
(Fabio Rocha)
sábado, 10 de novembro de 2007
SACADA
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sexta-feira, 9 de novembro de 2007
VIA LÁCTEA
garimpar os dias
que a morte é certa
tudo deveria correr fácil
no entanto
tanto atropelo
tanto medo de tentar
tonta fuga
ansiolíticos não bastam
garimpar os dias...
tudo deveria ser
calmo
paisagem verde
daqui até o crepúsculo
garimpar estrelas fugidias
lá
no universo íntimo
onde não há agonia
(Fabio Rocha)
OBS.: Poema inspirado no belo filme VIA LÁCTEA. Segue um poema muito repetido no filme:
Chuva Interior
Quando saia de casa
percebeu que a chuva
soletrava
uma palavra sem nexo
na pedra da calçada.
Não percebeu
que percebia
que a chuva que chovia
não chovia
na rua por onde
andava.
Era a chuva
que trazia
de dentro de sua casa;
era a chuva
que molhava
o seu silêncio
molhado
na pedra que carregava.
Um silêncio
feito mina,
explosivo sem palavra,
quase um fio de conversa
no seu nexo de rotina
em cada esquina
que dobrava.
Fora de casa,
seco na calçada,
percebeu que percebia
no auge de sua raiva
que a chuva não mais chovia
nas águas que imaginava."
Mário Chamie
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quarta-feira, 7 de novembro de 2007
FUNERAL
depois da chuva fina
do dia cinza e lento
um piano abre
o sol
lá
si
e em algum tempo
alguém querido
sorri
(Fabio Rocha)
do dia cinza e lento
um piano abre
o sol
lá
si
e em algum tempo
alguém querido
sorri
(Fabio Rocha)
sábado, 3 de novembro de 2007
SENTIDO
uma casa nada
pronta
na piscina
uma montanha
feita de
alta noite
um menino fundo
tão dentro do coração
escuro
que sua voz
escreve luz
(Fabio Rocha)
pronta
na piscina
uma montanha
feita de
alta noite
um menino fundo
tão dentro do coração
escuro
que sua voz
escreve luz
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
MEMÓRIAS DE COR
Para Francisco de Oliveira Santos e Carmen Santos
Azul
era o jardim de inverno
da casa de minha vó.
Usávamos
(com cuidado)
no verão
para tomar chá
com a primavera
em dias de maior
elegância.
Vasinhos azuis com plantas choronas
nas grades das janelas duras
difíceis de abrir.
O ar condicionado
nunca funcionou bem...
Brinquedos meus
de que nem lembrava
perto da esteira elétrica
onde ninguém andava.
Discos antigos
com músicas de amor
que me povoavam
alguma dor
não vivida
(ainda).
(Fabio Rocha)
Azul
era o jardim de inverno
da casa de minha vó.
Usávamos
(com cuidado)
no verão
para tomar chá
com a primavera
em dias de maior
elegância.
Vasinhos azuis com plantas choronas
nas grades das janelas duras
difíceis de abrir.
O ar condicionado
nunca funcionou bem...
Brinquedos meus
de que nem lembrava
perto da esteira elétrica
onde ninguém andava.
Discos antigos
com músicas de amor
que me povoavam
alguma dor
não vivida
(ainda).
(Fabio Rocha)
terça-feira, 23 de outubro de 2007
ASPAS
Não,
meu poema não se faz
no meio do próprio processo criativo
de fazer um poema
em si.
Não se faz através de subjetividades teóricas.
Já estava feito
hoje
por exemplo
quando eu mastigava
(processo maxilatório)
um pão seco
com a boca
plena
de aftas.
(Fabio Rocha)
meu poema não se faz
no meio do próprio processo criativo
de fazer um poema
em si.
Não se faz através de subjetividades teóricas.
Já estava feito
hoje
por exemplo
quando eu mastigava
(processo maxilatório)
um pão seco
com a boca
plena
de aftas.
(Fabio Rocha)
sábado, 20 de outubro de 2007
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
ÁRVORE DE VENTO
não invento escolhas:
encolho-me
perante o universo
(Fabio Rocha)
encolho-me
perante o universo
(Fabio Rocha)
domingo, 14 de outubro de 2007
ASSÉDIO
Antes do tédio,
o amor.
O som
como nunca antes
claro
como brisa
calma
pela casa
velha
crescendo
na
cor.
(Fabio Rocha), após assistir "Assédio", de Bernardo Bertolucci
o amor.
O som
como nunca antes
claro
como brisa
calma
pela casa
velha
crescendo
na
cor.
(Fabio Rocha), após assistir "Assédio", de Bernardo Bertolucci
sábado, 13 de outubro de 2007
CRIANÇAR O DIA
nadar sobre cores
asas de árvores além mãos
velocidade
intuição
criar e destruir
subir e descer
o olhar cheio de fome
de novo
(Fabio Rocha)
asas de árvores além mãos
velocidade
intuição
criar e destruir
subir e descer
o olhar cheio de fome
de novo
(Fabio Rocha)
domingo, 7 de outubro de 2007
UNIÃO DO MEDO
o medo nos une
deu no jornal
(mataram quem resistiu ao assalto)
por isso é preciso
alargar muros
repassar correntes
acender velas
o medo nos eleva
ao status de classe que tem
(medo)
passeemos
por passeatas
pela paz
juntinhos
com a mesma roupa
a mesma direção
e o mesma desejo:
continuar
tendo
(medo)
e passeando
uniformes
por passeatas brancas
enquanto negros morrem de fome na África
(Fabio Rocha)
deu no jornal
(mataram quem resistiu ao assalto)
por isso é preciso
alargar muros
repassar correntes
acender velas
o medo nos eleva
ao status de classe que tem
(medo)
passeemos
por passeatas
pela paz
juntinhos
com a mesma roupa
a mesma direção
e o mesma desejo:
continuar
tendo
(medo)
e passeando
uniformes
por passeatas brancas
enquanto negros morrem de fome na África
(Fabio Rocha)
terça-feira, 2 de outubro de 2007
PRESSA
antes que o fim se chegue
o sonho se alcance
e as tardes se estiquem menos graciosas
antes que a ansiedade se explique
o som se adie
e a palavra se meça
antes, muito antes disso
não
peça
(Fabio Rocha)
o sonho se alcance
e as tardes se estiquem menos graciosas
antes que a ansiedade se explique
o som se adie
e a palavra se meça
antes, muito antes disso
não
peça
(Fabio Rocha)
domingo, 30 de setembro de 2007
DESORIENTAÇÃO VOCACIONAL
ensino
aos alunos e pacientes
que não tenho
(impaciente)
a importância de não
se ter uma profissão
(muito menos algo a ensinar)
mas de achar uma atividade
que te ache
e seja bom
e isso baste
(Fabio Rocha)
aos alunos e pacientes
que não tenho
(impaciente)
a importância de não
se ter uma profissão
(muito menos algo a ensinar)
mas de achar uma atividade
que te ache
e seja bom
e isso baste
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
APARENTE CALMA
antes do jantar
a mesa posta
a porta fechada
a luz acesa
a chama ardendo dentro sem motivo
antes do jantar
(Fabio Rocha)
a mesa posta
a porta fechada
a luz acesa
a chama ardendo dentro sem motivo
antes do jantar
(Fabio Rocha)
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
AGIR COMO PÁSSARO
antes de cada passo
passar a vontade
de planejar
(Fabio Rocha - 20/9/2007)
passar a vontade
de planejar
(Fabio Rocha - 20/9/2007)
sábado, 15 de setembro de 2007
NOTURNO ROMÂNTICO
Enquanto a estrela não chega
tropeço em céus azuis
espero o pôr solar
e sorrio por esperar
enquanto a estrela não chega...
(Fabio Rocha)
tropeço em céus azuis
espero o pôr solar
e sorrio por esperar
enquanto a estrela não chega...
(Fabio Rocha)
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
FRIO GRANITO
na manhã que passa e pesa
choro os mortos e os gritos
de uma guerra que não houve
(Fabio Rocha)
choro os mortos e os gritos
de uma guerra que não houve
(Fabio Rocha)
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
O SORRISO DE CALHEIROS
O Renan
continua sorrindo.
Inocente ou culpado
não me importa muito...
Mas deveriam proibir
qualquer político
de sorrir neste mundo.
(Fabio Rocha)
continua sorrindo.
Inocente ou culpado
não me importa muito...
Mas deveriam proibir
qualquer político
de sorrir neste mundo.
(Fabio Rocha)
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
REDENÇÃO
bater na porta
sem resposta
muitas vezes
bater na porta
pedir aos deuses
querendo tanto
bater na porta
chorar vontade
uma vida toda
bater na porta...
e, de repente
do nada
a mão doendo
desce até a fechadura
destrancada
(Fabio Rocha)
sem resposta
muitas vezes
bater na porta
pedir aos deuses
querendo tanto
bater na porta
chorar vontade
uma vida toda
bater na porta...
e, de repente
do nada
a mão doendo
desce até a fechadura
destrancada
(Fabio Rocha)
terça-feira, 4 de setembro de 2007
HIDROPLANAGEM
a água corre
o carro bate
o cara morre
(Fabio Rocha)
o carro bate
o cara morre
(Fabio Rocha)
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
UM ROUCO MENOS LOUCO
mulheres
perfeitas
de perto
são poucas
(Fabio Rocha)
perfeitas
de perto
são poucas
(Fabio Rocha)
sábado, 1 de setembro de 2007
O VAZIO INFINITO OU
.
As tragédias dos jornais
e suas desgraças
já te convenceram
de que isso é a vida?
E se o sonho for o real?
WAKING LIFE
Além desta tela em que lês
(sim, é com você este poema)
há uma parede?
(Há um poema?)
Há uma parede limitando
você
entre o nome na sua identidade
e sua imagem no espelho?
VOCÊ
além da lenda
da profissão e consumo?
(você otorrinolaringologista, você vip-user-premium-gold-platinum...)
E se fôssemos além
das paredes
dos ares
dos céus
mares
planetas
galáxias
planos astrais...
(Qual o tamanho do seu infinito?)
(Quanto tempo dura sua imaginação?)
além dos três pontos...
além dos números
além das p-a-l-a-v-r-a-s
Vá além
vá aléM
invente
-SE
(Fabio Rocha)
As tragédias dos jornais
e suas desgraças
já te convenceram
de que isso é a vida?
E se o sonho for o real?
WAKING LIFE
Além desta tela em que lês
(sim, é com você este poema)
há uma parede?
(Há um poema?)
Há uma parede limitando
você
entre o nome na sua identidade
e sua imagem no espelho?
VOCÊ
além da lenda
da profissão e consumo?
(você otorrinolaringologista, você vip-user-premium-gold-platinum...)
E se fôssemos além
das paredes
dos ares
dos céus
mares
planetas
galáxias
planos astrais...
(Qual o tamanho do seu infinito?)
(Quanto tempo dura sua imaginação?)
além dos três pontos...
além dos números
além das p-a-l-a-v-r-a-s
Vá além
vá aléM
invente
-SE
(Fabio Rocha)
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
ESCREVER COM SANGUE
(Para Nietzsche)
a palavra macia
enveluda pelos pelos da mão
vermelha-se
luva leve
lava quente
(Fabio Rocha)
a palavra macia
enveluda pelos pelos da mão
vermelha-se
luva leve
lava quente
(Fabio Rocha)
terça-feira, 28 de agosto de 2007
CORES
Fazia frio. Subiu a montanha, com o sol branco refletido na neve, tão branco que sentia como se lhe purificasse a alma. Mas sentia falta do verde ali, do verde das árvores que balançavam lentamente com o vento, na frente da casa de sua infância, como um calmante símbolo da perenidade: acontecesse o que acontecesse na sua vida, as mesmas árvores continuavam ali, dançando ao vento, acarinhando os ares, servindo de lar para os pássaros que teimavam em sobreviver na cidade grande.
Pensando bem, durante toda a sua vida foi assim, esta foi sua maldição e seu tesouro: estava dividido. Em cada mínima situação, exatamente como agora. A paz do branco trazia a falta do verde. Se estivesse no meio do verde, teria saudades do branco. Mas essa eterna insatisfação tinha como positividade o mover-se adiante, por sempre querer mais.
Pensava ainda nas palavras de Portus, do dia anterior, na cabana de madeira onde se hospedaram. Estava ao lado da lareira, fumando seu charuto prazerosamente e olhando as estranhas formas de sua fumaça. Engraçado como mesmo relaxado, como nesses momentos, ele mantinha um ar misterioso e elegante.
“O que interessa da filosofia é o que você usa dela na sua vida prática. Por exemplo, saber e sentir que a vida sempre existiu e sempre existirá, desde antes de se nascer e mesmo depois de se morrer. Só pode ser considerado válido se você MUDA após perceber isso. A maioria só repete pensamentos antigos sem deixar que isso toque em profundidade sua maneira de ser.”
Seus pés começavam a doer, mesmo protegidos com tantas meias e botas. Frio demais. O vapor de sua respiração ofegante se misturava ao do charuto de Portus. Precisava subir mais. Chegar ao topo. Concluir aquilo.
Buscou energias não sabe de onde, sentiu o vento novamente como uma carícia em vez de inimigo e seguiu subindo. Se pensasse na pequena vitória de cada passo, em vez de concentrar toda a felicidade na chegada ao cume e a bela vista, conseguiria. Outra filosofia para a vida...
***
Ísis ouvia o som do rio, sereno, constante, deitada ao lado da margem. Às vezes se virava para molhar os dedos das mãos e brincar um pouco com a água gelada.
Quanto tempo esperou por aquele momento... Paz. Largar tudo e fazer da vida eternas férias. Foi um risco grande, mas toda mudança assim é um salto no escuro. Mas ela decidiu arriscar. Pegou o dinheiro que tinha juntado trabalhando na cidade grande, no ritmo extremamente rápido e antinatural da cidade grande, e se mudou pro campo. O movimento contrário à maioria da população em todo o planeta. Mas não se importava. Pra onde essas maiorias estavam levando o planeta, com sua postura excessivamente masculina, consumista, exploratória e racional?
Ali era seu lugar. Sentia o sagrado ao alcance das mãos e o prazer no momento presente, não num futuro que nunca chega.
Seu namorado também ficou pra trás. Lembrou dele ao notar o sol começando a se perder atrás das montanhas. Era momento mais bonito do dia: o crepúsculo. Admiraram muitos deles juntos. Guardou as lembranças boas dos dois com carinho, mas era preciso admitir que, em sua alma, já havia acabado aquela magia tão necessária. Para ela, amar alguém não significava um compromisso para toda a vida, mas um compromisso para com o amor apenas. E aceitava bem isso.
Percebeu seus olhos fixando o olhar num ponto vermelho caindo montanha abaixo. Parecia um tombo feio. Correu para perto, mais preocupada que curiosa.
***
Lucas sentiu que sua perna não estava mais lhe obedecendo. Um cansaço imenso. Depois mais nada. Só a escuridão. Sentiu-se como que mergulhando numa piscina de trevas, de águas plenamente negras. Era como se estivesse realmente afundando numa caverna antiga, perdida nos tempos. Lembrou-se de alguns fatos de sua vida, um cão querido de sua infância, o abraço da avó... Sabia que estava a um palmo de uma grande mudança. Profunda. E então, algo o puxou. Solavancos. Leve sensação de dor. E uma luz forte lentamente aumentava de intensidade. Sons. Voz de alguém. Gosto de sangue. Frio. Estava deitado na neve! E alguém lhe falava algo. Foi quando viu o rosto feminino de Ísis no meio da luz que lhe cegava. Sorriu.
(Fabio Rocha)
Pensando bem, durante toda a sua vida foi assim, esta foi sua maldição e seu tesouro: estava dividido. Em cada mínima situação, exatamente como agora. A paz do branco trazia a falta do verde. Se estivesse no meio do verde, teria saudades do branco. Mas essa eterna insatisfação tinha como positividade o mover-se adiante, por sempre querer mais.
Pensava ainda nas palavras de Portus, do dia anterior, na cabana de madeira onde se hospedaram. Estava ao lado da lareira, fumando seu charuto prazerosamente e olhando as estranhas formas de sua fumaça. Engraçado como mesmo relaxado, como nesses momentos, ele mantinha um ar misterioso e elegante.
“O que interessa da filosofia é o que você usa dela na sua vida prática. Por exemplo, saber e sentir que a vida sempre existiu e sempre existirá, desde antes de se nascer e mesmo depois de se morrer. Só pode ser considerado válido se você MUDA após perceber isso. A maioria só repete pensamentos antigos sem deixar que isso toque em profundidade sua maneira de ser.”
Seus pés começavam a doer, mesmo protegidos com tantas meias e botas. Frio demais. O vapor de sua respiração ofegante se misturava ao do charuto de Portus. Precisava subir mais. Chegar ao topo. Concluir aquilo.
Buscou energias não sabe de onde, sentiu o vento novamente como uma carícia em vez de inimigo e seguiu subindo. Se pensasse na pequena vitória de cada passo, em vez de concentrar toda a felicidade na chegada ao cume e a bela vista, conseguiria. Outra filosofia para a vida...
***
Ísis ouvia o som do rio, sereno, constante, deitada ao lado da margem. Às vezes se virava para molhar os dedos das mãos e brincar um pouco com a água gelada.
Quanto tempo esperou por aquele momento... Paz. Largar tudo e fazer da vida eternas férias. Foi um risco grande, mas toda mudança assim é um salto no escuro. Mas ela decidiu arriscar. Pegou o dinheiro que tinha juntado trabalhando na cidade grande, no ritmo extremamente rápido e antinatural da cidade grande, e se mudou pro campo. O movimento contrário à maioria da população em todo o planeta. Mas não se importava. Pra onde essas maiorias estavam levando o planeta, com sua postura excessivamente masculina, consumista, exploratória e racional?
Ali era seu lugar. Sentia o sagrado ao alcance das mãos e o prazer no momento presente, não num futuro que nunca chega.
Seu namorado também ficou pra trás. Lembrou dele ao notar o sol começando a se perder atrás das montanhas. Era momento mais bonito do dia: o crepúsculo. Admiraram muitos deles juntos. Guardou as lembranças boas dos dois com carinho, mas era preciso admitir que, em sua alma, já havia acabado aquela magia tão necessária. Para ela, amar alguém não significava um compromisso para toda a vida, mas um compromisso para com o amor apenas. E aceitava bem isso.
Percebeu seus olhos fixando o olhar num ponto vermelho caindo montanha abaixo. Parecia um tombo feio. Correu para perto, mais preocupada que curiosa.
***
Lucas sentiu que sua perna não estava mais lhe obedecendo. Um cansaço imenso. Depois mais nada. Só a escuridão. Sentiu-se como que mergulhando numa piscina de trevas, de águas plenamente negras. Era como se estivesse realmente afundando numa caverna antiga, perdida nos tempos. Lembrou-se de alguns fatos de sua vida, um cão querido de sua infância, o abraço da avó... Sabia que estava a um palmo de uma grande mudança. Profunda. E então, algo o puxou. Solavancos. Leve sensação de dor. E uma luz forte lentamente aumentava de intensidade. Sons. Voz de alguém. Gosto de sangue. Frio. Estava deitado na neve! E alguém lhe falava algo. Foi quando viu o rosto feminino de Ísis no meio da luz que lhe cegava. Sorriu.
(Fabio Rocha)
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
ESPANTO
a música triste
e romântica
que ouvi menino
foi meu primeiro toque
no assombro:
chorava
sem ter dor
(Fabio Rocha)
e romântica
que ouvi menino
foi meu primeiro toque
no assombro:
chorava
sem ter dor
(Fabio Rocha)
O silêncio dos intelectuais
Estava vendo agora o programa da TVE "O silêncio dos intelectuais" (aliás, TVE e TV Cultura são boas demais, se você selecionar os programas - recomendo também o "Recorte Cultural" e "Café Filosófico", respectivamente). O programa tratou da questão do poder da mídia. A TV, a tela do computador ou do celular ditam o que é o real. Os recortes instantâneos que não são nada além do que a percepção individual de alguém, ou o modelo padrão para esses meios midiáticos. Mas são confundidos pela maioria dos "espectadores" com a própria realidade... Um intelectual francês estava falando nesse programa que se você meciona o Zidane pra qualquer ser no mundo, ele é reconhecido, enquanto que um matemático francês extraordinariamente jovem e brilhante, vencedor da medalha Fields (equivalente ao Nobel de Matemática, entregue apenas de 4 em 4 anos) não se conhece em lugar nenhum. (Nem na internet achei esses dados direito...) O Zidane cabe na tela, cabe no jornal, cabe na copa transmitida ao vivo pro mundo todo... É visão. É padrão. Mas e a Matemática? Filosofia e poesia ainda há em raros programas de TV e nesse maravilhoso e democrático meio que é a internet... Mas Matemática talvez nem aqui. É puro pensar, "episteme" grega, longe da "doxa", sensação, em que estamos constantemente mergulhados, onde tudo passa rápido e pronto e dado. Não temos nunca tempo nem disposição para silêncio, para pensar sozinho, estudar profundamente algo e - claro - menos ainda para criar. Por isso também é que os intelectuais parecem silenciosos, segundo o programa. Não cabem nesse esquema de mídia, logo ficam quietos ou em guetos. A meu ver, eis aí o grande risco de quem pensa ou escreve ou faz matemática, de quem cria de maneira geral: falar para cada vez menos gente. E penso que esses guetos tendem a se estreitar, se encolher. Por isso gosto da Marilena Chauí, que fala mais claro que a maioria (no programa, inclusive). Não é preciso usar um vocabulário tão cheio de requintes como a maior parte dos intelectuais faz... Acho que o mesmo problema há na poesia mais "aceita" pelas editoras hoje. Por isso, tende a só ser apreciada por poetas. Tento fugir desses "hermetismos pasquais" nas minhas. Apóio o retorno ao mais popular e simples, sem ser simplório, como Quintana na poesia, Beethoven na música clássica, Chauí na Filosofia. Mas sem os excessos também... Cabe aqui a "justa medida" Aristotélica ou o "caminho do meio" do Buda. As auto-ajudas imbecis são tão claras quanto as cabeçadas do Zidane, mas aí já começa a faltar a profundidade... ;)
(Fabio Rocha)
(Fabio Rocha)
domingo, 19 de agosto de 2007
ENOBRECE O HOMEM
O meu trabalho
não tem
salário
O meu trabalho
não é de segunda a sexta
nem paga hora-extra
(Noto agora como é feia
a palavra trabalho)
O meu trabalho
não tem chefe
nem hierarquia
O meu trabalho:
a poesia
(Fabio Rocha)
não tem
salário
O meu trabalho
não é de segunda a sexta
nem paga hora-extra
(Noto agora como é feia
a palavra trabalho)
O meu trabalho
não tem chefe
nem hierarquia
O meu trabalho:
a poesia
(Fabio Rocha)
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
OFF OOOOOOOOOOMMMMM
há épocas
em que o mundo é turvo
escuro
imundo
até
que quase chego a
perceber
que é meu olhar
que tem que voltar a ver
(Fabio Rocha)
em que o mundo é turvo
escuro
imundo
até
que quase chego a
perceber
que é meu olhar
que tem que voltar a ver
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
BOM DIA
acordar
com a rádio evangélica do vizinho negador às sete da madrugada
me faz ligar
Pearl Jam no volume máximo
para lembrar
que ainda há
Vida no planeta
(Fabio Rocha)
com a rádio evangélica do vizinho negador às sete da madrugada
me faz ligar
Pearl Jam no volume máximo
para lembrar
que ainda há
Vida no planeta
(Fabio Rocha)
terça-feira, 14 de agosto de 2007
EVOLUÇÃO
rede de idéias
redemoinhos
Quixotes
Pixotes não resolvíveis
calam a cola das ruas
dentre escarros e carros
de vidros
fechados
agora
blindados
(Fabio Rocha)
redemoinhos
Quixotes
Pixotes não resolvíveis
calam a cola das ruas
dentre escarros e carros
de vidros
fechados
agora
blindados
(Fabio Rocha)
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
SUPERFICIALIDADE PROFUNDA
Contra a superfície?
Nada.
Ou nadar?
Nadar pro fundo
profundo
frio
e só?
(Fabio Rocha)
Nada.
Ou nadar?
Nadar pro fundo
profundo
frio
e só?
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 8 de agosto de 2007
PORTO INSEGURO
na luta tardia
contra os dias iguais
crio e quebro rituais
de etérea monotonia
(Fabio Rocha)
contra os dias iguais
crio e quebro rituais
de etérea monotonia
(Fabio Rocha)
terça-feira, 7 de agosto de 2007
STRESS
Há uma infinidade de bússolas
apontando o mesmo
e a maioria
(cega?)
segue:
juntar dinheiro e não sonhar.
Interessante notar
que ao final da vida
todos desse rebanho nietzscheano
terão como única certeza
o seu tempo se esgotando...
(Fabio Rocha)
apontando o mesmo
e a maioria
(cega?)
segue:
juntar dinheiro e não sonhar.
Interessante notar
que ao final da vida
todos desse rebanho nietzscheano
terão como única certeza
o seu tempo se esgotando...
(Fabio Rocha)
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
PAIXÃO
um roçar de dedos
peito ardente
arfante mão
voz
chama
em chamas
erupção
sem opção:
incêndio
bento
lento
pássaro
de fogo
fato:
morrer estátua
e renascer canção
de brasas
pela manhã
um novo sol
e asas
(Fabio Rocha)
A morte de Sócrates, 1787 - pintura de Jacques Louis David
peito ardente
arfante mão
voz
chama
em chamas
erupção
sem opção:
incêndio
bento
lento
pássaro
de fogo
fato:
morrer estátua
e renascer canção
de brasas
pela manhã
um novo sol
e asas
(Fabio Rocha)
A morte de Sócrates, 1787 - pintura de Jacques Louis David
domingo, 5 de agosto de 2007
ÁGUA E SENTIMENTO
VIAGEM DE VOLTA
DÉCIMA
A Beethoven
acordar aos acordes
da sinfonia pós-morte
renascer
dançando mãos
por violas curvas
inaugurais
ouvindo a nona
em violinos
violentos
(Fabio Rocha)
acordar aos acordes
da sinfonia pós-morte
renascer
dançando mãos
por violas curvas
inaugurais
ouvindo a nona
em violinos
violentos
(Fabio Rocha)
terça-feira, 31 de julho de 2007
LEMBRANÇAS PARA EDUARDO E FÁBIO
o sol se dá de
saudades
nos crepúsculos
(no simples, tudo...)
três estrelas abraçadas dançam
agora na câmera lenta da memória
um céu de celebração
(Fabio Rocha)
saudades
nos crepúsculos
(no simples, tudo...)
três estrelas abraçadas dançam
agora na câmera lenta da memória
um céu de celebração
(Fabio Rocha)
segunda-feira, 30 de julho de 2007
MISSÃO POSSÍVEL
um poema perfeito
que abra as portas do peito
um poema profundo
que em você mude o mundo
(Fabio Rocha)
que abra as portas do peito
um poema profundo
que em você mude o mundo
(Fabio Rocha)
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poesia
quarta-feira, 25 de julho de 2007
terça-feira, 24 de julho de 2007
BAIRRO: CASTELO (BH)
Terra seca
de meus andares
onde o falar
não diz
Minhas sombras se alongam
por seus caminhos do progresso
com gentes silenciosas
e obras matando árvores
Igrejinhas
longe
no alto
observam
O crepúsculo
se cala
no mesmo tom
de seu barro
E, por estar fora
abençôo as mínimas imperfeições
de cada esquina sem sermões
(Fabio Rocha)
de meus andares
onde o falar
não diz
Minhas sombras se alongam
por seus caminhos do progresso
com gentes silenciosas
e obras matando árvores
Igrejinhas
longe
no alto
observam
O crepúsculo
se cala
no mesmo tom
de seu barro
E, por estar fora
abençôo as mínimas imperfeições
de cada esquina sem sermões
(Fabio Rocha)
segunda-feira, 23 de julho de 2007
Julgar poesia
Eu não sei o quão julgável pode ser um poema... Até porque o que pode ser bom para um, pode ser ruim pra outros. Para mim, poema não é uma certeza científica e sua interpretação deveria ser proibida em provas de múltipla escolha. Quintana dizia que você não lê o poema, é o poema que te lê. Por isso, também, parei de participar de concursos de poesia, em geral. Na primeira "carta a um jovem poeta", Rilke, diz que "basta sentir que se poderia viver sem escrever para não mais se ter o direito de fazê-lo." Eu concordo. Acho que o mais importante é que o poema e o ato de escrever agrade a quem escreve... Sem falar no ato de criar, em si, tão raro na sociedade em que vivemos. Agora, de preferência, concordo com Rilke, que seja pro escritor algo poderoso, forte, e não apenas uma distração. De resto, vai agradar a uns e desagradar a outros, sempre.
(Fabio Rocha)
(Fabio Rocha)
sexta-feira, 20 de julho de 2007
DISTANTE
Esta noite
eu te amo
(adiante, adiante...)
e pensando
profundo
(e insano)
o que há além
do horizonte
desta noite?
(Fabio Rocha)
"Não sei de nenhuma meta melhor para a vida do que perecer junto ao que é grandioso e impossível (...)"
NIETZSCHE, F. "Segunda consideração intempestiva: da utilidade e desvantagem da história para a vida" Rio de Janeiro: Relume Dumará. 2003 (Tradução: Marco Antônio Casanova) p. 84
eu te amo
(adiante, adiante...)
e pensando
profundo
(e insano)
o que há além
do horizonte
desta noite?
(Fabio Rocha)
"Não sei de nenhuma meta melhor para a vida do que perecer junto ao que é grandioso e impossível (...)"
NIETZSCHE, F. "Segunda consideração intempestiva: da utilidade e desvantagem da história para a vida" Rio de Janeiro: Relume Dumará. 2003 (Tradução: Marco Antônio Casanova) p. 84
quinta-feira, 12 de julho de 2007
ANTI-POEMA ANTI-AMERICANO ANTI-ESPORTIVO E SANITÁRIO
Estou
cagando
pro Pan.
(Fabio Rocha)
cagando
pro Pan.
(Fabio Rocha)
segunda-feira, 9 de julho de 2007
VERTIGO VISITOR
minha casa antiga
me visita
em noites insones
onde o devir
(movendo tudo)
me enjoa do mundo
(Fabio Rocha)
me visita
em noites insones
onde o devir
(movendo tudo)
me enjoa do mundo
(Fabio Rocha)
sexta-feira, 6 de julho de 2007
DE OLHOS FECHADOS
(Para Fábio Neto, criador de belos e inspiradores sons)
Cego eu andei
por caminhos negros
de pedras molhadas.
Como gastei pés
procurando certos
na estrada errada...
(Fabio Rocha)
Cego eu andei
por caminhos negros
de pedras molhadas.
Como gastei pés
procurando certos
na estrada errada...
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 4 de julho de 2007
DEVER
Eu devia dormir
Parar de comer esses biscoitos
agora sem gorduras trans
que não me preenchem
Largar essa internet
sem toques além dos teclados
Expulsar essa vontade de mais
Eu devia dormir
(Fabio Rocha)
Parar de comer esses biscoitos
agora sem gorduras trans
que não me preenchem
Largar essa internet
sem toques além dos teclados
Expulsar essa vontade de mais
Eu devia dormir
(Fabio Rocha)
PREGANDO O DEVIR
ainda agarrado ao estável
passo o dia em meu imóvel
olhando essa tela amável
(Fabio Rocha)
passo o dia em meu imóvel
olhando essa tela amável
(Fabio Rocha)
SE PERDER-SE A SI PRÓPRIO E NÃO A OUTREM
Hora de partir
de parir o corte
apartar a briga
separar da morte
escolher a vida.
(Mas é vida
esse largar pela beirada
toda coisa não concluída?)
(Fabio Rocha)
de parir o corte
apartar a briga
separar da morte
escolher a vida.
(Mas é vida
esse largar pela beirada
toda coisa não concluída?)
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 20 de junho de 2007
quarta-feira, 13 de junho de 2007
SEMELHANÇA NA DIFERENÇA
Para Ivair
Filosofia e Poesia
são dois braços
de um mesmo dorso
esticados no esforço
de tocar
além do tempo
(Fabio Rocha)
Filosofia e Poesia
são dois braços
de um mesmo dorso
esticados no esforço
de tocar
além do tempo
(Fabio Rocha)
sábado, 9 de junho de 2007
FASES
eu tranco a porta
e falo de árvores
enquanto a cara de madeira
expressa o nada
(Fabio Rocha)
e falo de árvores
enquanto a cara de madeira
expressa o nada
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 6 de junho de 2007
ANTONINA VAI CASAR
fala disso o ano todo
já escolheu o vestido
já escolheu o local
já escolheu as flores
já escolheu o tipo de letra do convite
tem até noivo!
(Fabio Rocha)
já escolheu o vestido
já escolheu o local
já escolheu as flores
já escolheu o tipo de letra do convite
tem até noivo!
(Fabio Rocha)
UM POEMA NO SHOPPING CHEIO
não gosto de lugar cheio
não gosto de barulho
não gosto de ser burguês
não gosto de ser humano
(mas preciso deles)
(Fabio Rocha)
não gosto de barulho
não gosto de ser burguês
não gosto de ser humano
(mas preciso deles)
(Fabio Rocha)
domingo, 3 de junho de 2007
sexta-feira, 1 de junho de 2007
IMAGEM ATÔMICA
ela toda tonificada
na medida celta
bebendo água tônica
na academia não-Platônica
(Fabio Rocha)
na medida celta
bebendo água tônica
na academia não-Platônica
(Fabio Rocha)
terça-feira, 29 de maio de 2007
MANDALA
buscar o centro
dentro
o ponto de equilíbrio
o alvo
enquanto lá fora tudo passa
(Fabio Rocha)
dentro
o ponto de equilíbrio
o alvo
enquanto lá fora tudo passa
(Fabio Rocha)
ESTUDO DO QUERER
Não sei mais como
colocar mulheres
nos poemas que faço
no entanto
enquanto houver espaço
em mim
haverá mulheres
nos poemas por que passo.
(Fabio Rocha)
colocar mulheres
nos poemas que faço
no entanto
enquanto houver espaço
em mim
haverá mulheres
nos poemas por que passo.
(Fabio Rocha)
segunda-feira, 28 de maio de 2007
CARPE DIEM!
Os poemas que perdi
nessas tardes frias
lendo Comte...
Não são nada
comparados
às mulheres que perdi
nessas tardes frias
lendo Comte.
(Fabio Rocha)
“O tempo é uma criança, criando, jogando o jogo de pedras; vigência da criança.” HERÁCLITO - Fragmento 52
nessas tardes frias
lendo Comte...
Não são nada
comparados
às mulheres que perdi
nessas tardes frias
lendo Comte.
(Fabio Rocha)
“O tempo é uma criança, criando, jogando o jogo de pedras; vigência da criança.” HERÁCLITO - Fragmento 52
sábado, 26 de maio de 2007
ABERTURA 1812 DE TCHAIKOVSKI
Entre sinos e canhões
a vitória conquistada
da música
sobre seu criador.
(Fabio Rocha)
a vitória conquistada
da música
sobre seu criador.
(Fabio Rocha)
sexta-feira, 25 de maio de 2007
AS PESSOAS AINDA NÃO SABEM QUE PENSAR É SER
Vamos marcar sim, querido. (Nunca)
A gente nunca se encontra! (Ainda bem)
Temos que nos ver mais! (Longe)
Tem visto o pessoal? (Aqueles com os quais não temos mais nada em comum)
(Fabio Rocha)
A gente nunca se encontra! (Ainda bem)
Temos que nos ver mais! (Longe)
Tem visto o pessoal? (Aqueles com os quais não temos mais nada em comum)
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 23 de maio de 2007
CAMINHAS DESLIZANDO A PERFEIÇÃO
"O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente." - Fernando Pessoa
Enquanto falas e não ouço
algo ininteligível
imagem e espelhos indizíveis que se vêem como visão espelhada
se cala perante o meu ver a tua boca
a tua boca de fenda reta
porém boca
lábios
lábios moventes róseos
no contorno da reta imóvel
rara
e reta.
Na verdade...
É tudo.
Tudo.
Tudo em ti
é
perfeição
lenta.
O ar em torno
o contorno
afetado
vagareia...
Quero
apenas
tudo.
Te mastigar com os últimos molares
e que me mastigues
sem dor nem pena
esquecendo belas teorias de amor sem posse
no instante em que esse outro te beija morno
rápido
acostumado
tendendo ao frio dos espelhos enigmáticos de que falas e não entendo
(rumino vulcões).
Mas...
Mastigar!
Mastigar agarrando sua santa pele branca
suas pernas belamente tortas (afinal, também humana!)
sim, competir, sim, brigar!
O não-ser é
ser mastigado
v i o l e n t a m e n t e
por sua vulva rósea alemã séria
que de tanto imaginar já provo
em minha boca molhada babando
a cada vez que seu olhar azul se esconde do meu
e me tem
e me teme
aumento
aumento quase do tamanho de entender o que dizes
mas seria uma perda de tempo
qualquer ato que não fosse
p-e-n-e-t-r-a-ç-ã-o.
(Fabio Rocha)
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente." - Fernando Pessoa
Enquanto falas e não ouço
algo ininteligível
imagem e espelhos indizíveis que se vêem como visão espelhada
se cala perante o meu ver a tua boca
a tua boca de fenda reta
porém boca
lábios
lábios moventes róseos
no contorno da reta imóvel
rara
e reta.
Na verdade...
É tudo.
Tudo.
Tudo em ti
é
perfeição
lenta.
O ar em torno
o contorno
afetado
vagareia...
Quero
apenas
tudo.
Te mastigar com os últimos molares
e que me mastigues
sem dor nem pena
esquecendo belas teorias de amor sem posse
no instante em que esse outro te beija morno
rápido
acostumado
tendendo ao frio dos espelhos enigmáticos de que falas e não entendo
(rumino vulcões).
Mas...
Mastigar!
Mastigar agarrando sua santa pele branca
suas pernas belamente tortas (afinal, também humana!)
sim, competir, sim, brigar!
O não-ser é
ser mastigado
v i o l e n t a m e n t e
por sua vulva rósea alemã séria
que de tanto imaginar já provo
em minha boca molhada babando
a cada vez que seu olhar azul se esconde do meu
e me tem
e me teme
aumento
aumento quase do tamanho de entender o que dizes
mas seria uma perda de tempo
qualquer ato que não fosse
p-e-n-e-t-r-a-ç-ã-o.
(Fabio Rocha)
terça-feira, 22 de maio de 2007
DESCONEXO
livros que tratam
da desimportância do dinheiro para a felicidade
são os mais vendidos
(Fabio Rocha)
da desimportância do dinheiro para a felicidade
são os mais vendidos
(Fabio Rocha)
quinta-feira, 17 de maio de 2007
CÍLIO
cílio que me cai
vai com ele o brilho
que me foi
perante o boi futuro
suculento
lento
quase permanente
lente
que me engana
distorcendo
ama
sendo
amaciadamente
longe
(Fabio Rocha)
vai com ele o brilho
que me foi
perante o boi futuro
suculento
lento
quase permanente
lente
que me engana
distorcendo
ama
sendo
amaciadamente
longe
(Fabio Rocha)
terça-feira, 15 de maio de 2007
VÔO PELO CRIAR
Romper
limites estabelecidos:
ascender
pelo poder de fogo.
Tocar
com as pontas das asas
a serenidade sinuosa
das águas.
(Fabio Rocha)
A função transcendente não se desenvolve sem meta, mas conduz à revelação do essencial no homem. No início não passa de um processo natural. Há casos em que ela se desenvolve sem que tomemos consciência, sem a nossa contribuição, e pode até impor-se à força, contrariando a resistência do indivíduo. O sentido e a meta do processo são a realização da personalidade originária, presente no germe embrionário, em todos os seus aspectos. É o estabelecimento e o desabrochar da totalidade originária, potencial. Os símbolos utilizados pelo inconsciente para exprimi-la são os mesmos que a humanidade sempre empregou para exprimir a totalidade, a integridade e a perfeição; em geral, esses símbolos são formas quaternárias e círculos. Chamei a esse processo de processo de individuação. Tomei o processo natural de individuação como modelo e diretriz para o meu método de tratamento. A compensação inconsciente de um estado neurótico da consciência contém todos os elementos que, quando conscientes, isto é, quando compreendidos e integrados como realidades na consciência, são capazes de corrigir eficaz e salutarmente a unilateralidade da consciência. É extremamente raro que um sonho atinja uma intensidade tal, que seu impacto derrote a consciência. Geralmente, os sonhos são fracos e incompreensíveis demais para exercerem uma influência radical sobre a consciência. Logo, a compensação passa-se no inconsciente, sem efeito imediato. Apesar disso, produz efeito, mas um efeito indireto: a oposição inconsciente, numa constante infração, vai arranjando sintomas e situações, que finalmente se contrapõem sem cessar às intenções conscientes. No tratamento esforçamo-nos, por conseguinte, por compreender e respeitar, na medida do possível, os sonhos e demais manifestações do inconsciente; por um lado, para evitar a formação de uma oposição inconsciente, que, com o passar do tempo, pode tornar-se perigosa, e por outro, para utilizar, na medida do possível, o fator curativo da compensação.
Esse processo parte naturalmente do pressuposto de que o homem é capaz de atingir sua totalidade, isto é, de que pode curar-se. Menciono esse pressuposto porque existem indivíduos que, indubitavelmente, no fundo, não são inteiramente aptos para viver e se aniquilam rapidamente, quando porventura se chocam com sua totalidade. Mas, quando isso não ocorre, sua vida transcorre até idade avançada, fragmentariamente, a modo de personalidades parciais, auxiliados pelo parasitismo social ou psíquico. Para a infelicidade dos seus semelhantes, tais indivíduos não passam freqüentemente de grandes impostores, que encobrem o seu vazio mortal com uma bela aparência. Querer tratá-los pelo método aqui descrito seria, desde o início, uma tentativa vã. O que "ajuda" nesses casos é manter as aparências; pois a verdade seria insuportável ou inútil.
JUNG, "A Psicologia do inconsciente", vol. VII/1, § 186-7.
limites estabelecidos:
ascender
pelo poder de fogo.
Tocar
com as pontas das asas
a serenidade sinuosa
das águas.
(Fabio Rocha)
A função transcendente não se desenvolve sem meta, mas conduz à revelação do essencial no homem. No início não passa de um processo natural. Há casos em que ela se desenvolve sem que tomemos consciência, sem a nossa contribuição, e pode até impor-se à força, contrariando a resistência do indivíduo. O sentido e a meta do processo são a realização da personalidade originária, presente no germe embrionário, em todos os seus aspectos. É o estabelecimento e o desabrochar da totalidade originária, potencial. Os símbolos utilizados pelo inconsciente para exprimi-la são os mesmos que a humanidade sempre empregou para exprimir a totalidade, a integridade e a perfeição; em geral, esses símbolos são formas quaternárias e círculos. Chamei a esse processo de processo de individuação. Tomei o processo natural de individuação como modelo e diretriz para o meu método de tratamento. A compensação inconsciente de um estado neurótico da consciência contém todos os elementos que, quando conscientes, isto é, quando compreendidos e integrados como realidades na consciência, são capazes de corrigir eficaz e salutarmente a unilateralidade da consciência. É extremamente raro que um sonho atinja uma intensidade tal, que seu impacto derrote a consciência. Geralmente, os sonhos são fracos e incompreensíveis demais para exercerem uma influência radical sobre a consciência. Logo, a compensação passa-se no inconsciente, sem efeito imediato. Apesar disso, produz efeito, mas um efeito indireto: a oposição inconsciente, numa constante infração, vai arranjando sintomas e situações, que finalmente se contrapõem sem cessar às intenções conscientes. No tratamento esforçamo-nos, por conseguinte, por compreender e respeitar, na medida do possível, os sonhos e demais manifestações do inconsciente; por um lado, para evitar a formação de uma oposição inconsciente, que, com o passar do tempo, pode tornar-se perigosa, e por outro, para utilizar, na medida do possível, o fator curativo da compensação.
Esse processo parte naturalmente do pressuposto de que o homem é capaz de atingir sua totalidade, isto é, de que pode curar-se. Menciono esse pressuposto porque existem indivíduos que, indubitavelmente, no fundo, não são inteiramente aptos para viver e se aniquilam rapidamente, quando porventura se chocam com sua totalidade. Mas, quando isso não ocorre, sua vida transcorre até idade avançada, fragmentariamente, a modo de personalidades parciais, auxiliados pelo parasitismo social ou psíquico. Para a infelicidade dos seus semelhantes, tais indivíduos não passam freqüentemente de grandes impostores, que encobrem o seu vazio mortal com uma bela aparência. Querer tratá-los pelo método aqui descrito seria, desde o início, uma tentativa vã. O que "ajuda" nesses casos é manter as aparências; pois a verdade seria insuportável ou inútil.
JUNG, "A Psicologia do inconsciente", vol. VII/1, § 186-7.
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sexta-feira, 11 de maio de 2007
ENQUANTO ESPERÁVAMOS POR DEUS
a multidão
olhava pro Papa Bento
cheio de ouro, falando papaquices
enquanto o Lula se dava aumento
de quase trinta
porcento
(Fabio Rocha)
---
Câmara aprova aumento dos salários dos parlamentares
Publicado em 10.05.2007
Em uma sessão caótica, com bate-boca, choro e troca de acusações entre os deputados, a Câmara aprovou nessa quarta (9) aumento nos salários dos parlamentares, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente José Alencar e dos 37 ministros de Estado. Com o reajuste, que corresponde à reposição da inflação entre dezembro de 2002 e março de 2007, os deputados passarão dos salários atuais R$ 12.847,20 para R$ 16.512,09. O do presidente Lula passará para R$ 11.420,21 e do vice-presidente e ministros para R$ 10.748,43. O aumento é retroativo a 1º de abril.
Foram cerca de 10 horas de sessões extraordinárias, uma atrás da outra, para votar os reajustes salariais. "Esse foi um dos piores dias do Congresso. As bruxas estão soltas", resumiu o deputado Ivan Valente (PSol-SP), no meio da sessão noturna. Depois de recepcionar o Papa Bento XVI, em São Paulo, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), voltou às pressas para o Congresso e acabou protagonizando um bate-boca com o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).
O motivo da discórdia foi a viagem de parlamentares, no fim de semana, para o Uruguai para a primeira sessão do Parlamento do Mercosul. Gabeira acusou a Câmara de gastar excessivamente com a viagem. Segundo o deputado verde, cerca de 70 deputados teriam ido para Montevidéu. "É mentira", reagiu Chinaglia, que fez questão de explicar que parte dos deputados da comitiva não recebeu diárias para a viagem.
Fonte: Agência Estado
olhava pro Papa Bento
cheio de ouro, falando papaquices
enquanto o Lula se dava aumento
de quase trinta
porcento
(Fabio Rocha)
---
Câmara aprova aumento dos salários dos parlamentares
Publicado em 10.05.2007
Em uma sessão caótica, com bate-boca, choro e troca de acusações entre os deputados, a Câmara aprovou nessa quarta (9) aumento nos salários dos parlamentares, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente José Alencar e dos 37 ministros de Estado. Com o reajuste, que corresponde à reposição da inflação entre dezembro de 2002 e março de 2007, os deputados passarão dos salários atuais R$ 12.847,20 para R$ 16.512,09. O do presidente Lula passará para R$ 11.420,21 e do vice-presidente e ministros para R$ 10.748,43. O aumento é retroativo a 1º de abril.
Foram cerca de 10 horas de sessões extraordinárias, uma atrás da outra, para votar os reajustes salariais. "Esse foi um dos piores dias do Congresso. As bruxas estão soltas", resumiu o deputado Ivan Valente (PSol-SP), no meio da sessão noturna. Depois de recepcionar o Papa Bento XVI, em São Paulo, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), voltou às pressas para o Congresso e acabou protagonizando um bate-boca com o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).
O motivo da discórdia foi a viagem de parlamentares, no fim de semana, para o Uruguai para a primeira sessão do Parlamento do Mercosul. Gabeira acusou a Câmara de gastar excessivamente com a viagem. Segundo o deputado verde, cerca de 70 deputados teriam ido para Montevidéu. "É mentira", reagiu Chinaglia, que fez questão de explicar que parte dos deputados da comitiva não recebeu diárias para a viagem.
Fonte: Agência Estado
quarta-feira, 9 de maio de 2007
DO VAZIO AO SORRISO
Silêncio
manhã
sono
frio
sem rumo
lento
no entanto
falta...
Há
uma
incontestável
falta.
(...)
Insisto
no entanto
existo
logo penso
em tentar
prever
controlar
me preparar
para
o devir
imprevisível
incontrolável
e eternamente
surpreen
dente.
(Fabio Rocha)
manhã
sono
frio
sem rumo
lento
no entanto
falta...
Há
uma
incontestável
falta.
(...)
Insisto
no entanto
existo
logo penso
em tentar
prever
controlar
me preparar
para
o devir
imprevisível
incontrolável
e eternamente
surpreen
dente.
(Fabio Rocha)
sábado, 5 de maio de 2007
ÁGUA
"Tudo é água." - Tales de Mileto, filósofo grego
em todo sonho
me visitas
com braços curvos
(azul dos olhos
de mulher amada)
a cada onda
nada é sólido
(nada a solidão)
envolve os sentidos
em seu manto
brilhante
e lava
(e leva)
nossos relógios
(pra algo maior)
(Fabio Rocha)
em todo sonho
me visitas
com braços curvos
(azul dos olhos
de mulher amada)
a cada onda
nada é sólido
(nada a solidão)
envolve os sentidos
em seu manto
brilhante
e lava
(e leva)
nossos relógios
(pra algo maior)
(Fabio Rocha)
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terça-feira, 1 de maio de 2007
sexta-feira, 27 de abril de 2007
AMARAMAR
Para Ceres
Amar amar
e principalmente
a possibilidade
de amar
mesmo o poema
tendendo a rimar
mal.
Meu amor
seu amor
nosso amor
amor de todos
amor geral
amor sem posses
amor sem adjetivos nem objetivos
amor sem definições...
Em cada peito
em cada poema ruim
individual
e maravilhosamente único.
(Fabio Rocha)
P.S.: Tão bom a gente se achar nos outros... Seguem pérolas que achei no "Ame e dê vexame", de Roberto Freire:.
"Os anarquistas aprendem a amar mais a possibilidade de amar que o próprio amor e os nossos objetos de amor."
"Eu faço as minhas coisas e você faz as suas. Não estou neste mundo para satisfazer as suas expectativas e você não está nesse mundo para viver conforme as minhas. Você é você, eu sou eu. E se por acaso nos encontrarmos será maravilhoso. E se não, não há nada a fazer."
"Eu não teria dúvida em afirmar hoje que prefiro o suicídio a qualquer restrição essencial à minha liberdade de ser e viver de acordo com a minha natureza original e única. Digo isso porque sei ser a neurose, a loucura e a mediocridade o resultado de qualquer conciliação nesse campo."
"Prefiro morrer de qualquer excesso a morrer de qualquer contenção."
"A sobrevivência dos homens depende mais da paixão pelo belo do que da luta contra o mal. Em outras palavras: o bem não existe. A oposição ética fundamental é entre o belo e o mal."
"Não há nada mais incômodo, desegradável e perturbador para uma sociedade autoritária, e sob a ideologia do sacrifício, do que um homem alegre."
Amar amar
e principalmente
a possibilidade
de amar
mesmo o poema
tendendo a rimar
mal.
Meu amor
seu amor
nosso amor
amor de todos
amor geral
amor sem posses
amor sem adjetivos nem objetivos
amor sem definições...
Em cada peito
em cada poema ruim
individual
e maravilhosamente único.
(Fabio Rocha)
P.S.: Tão bom a gente se achar nos outros... Seguem pérolas que achei no "Ame e dê vexame", de Roberto Freire:.
"Os anarquistas aprendem a amar mais a possibilidade de amar que o próprio amor e os nossos objetos de amor."
"Eu faço as minhas coisas e você faz as suas. Não estou neste mundo para satisfazer as suas expectativas e você não está nesse mundo para viver conforme as minhas. Você é você, eu sou eu. E se por acaso nos encontrarmos será maravilhoso. E se não, não há nada a fazer."
"Eu não teria dúvida em afirmar hoje que prefiro o suicídio a qualquer restrição essencial à minha liberdade de ser e viver de acordo com a minha natureza original e única. Digo isso porque sei ser a neurose, a loucura e a mediocridade o resultado de qualquer conciliação nesse campo."
"Prefiro morrer de qualquer excesso a morrer de qualquer contenção."
"A sobrevivência dos homens depende mais da paixão pelo belo do que da luta contra o mal. Em outras palavras: o bem não existe. A oposição ética fundamental é entre o belo e o mal."
"Não há nada mais incômodo, desegradável e perturbador para uma sociedade autoritária, e sob a ideologia do sacrifício, do que um homem alegre."
MUTAÇÃO
sou parte
da minoria:
mutação
que quer mudar
a maioria
antes que o vírus perdido humano
(tradicional pomposo competitivo medroso consumista)
destrua ambas
pés no chão
sincronicidade com a terra
e vontade nas nuvens
(Fabio Rocha)
da minoria:
mutação
que quer mudar
a maioria
antes que o vírus perdido humano
(tradicional pomposo competitivo medroso consumista)
destrua ambas
pés no chão
sincronicidade com a terra
e vontade nas nuvens
(Fabio Rocha)
quinta-feira, 26 de abril de 2007
DO CRIAR CAMINHOS AO CAMINHAR
Atrás
das grades
da rotina
deixei a sombra
de um sonho
que não era meu...
Hoje, a vida plena
sorri em cada canto
de cada cômodo cômodo
que por mais que seja cômodo inclusive
deixo
quando dá na telha.
Criar
e curtir criadores...
Amar
sem contar
nem conter
amores:
movimentos de mãos
e de terra
e de tudo
maravilhosamente
i n c o n t r o l á v e i s.
(Fabio Rocha)
P.S.: Libertações de abertura maravilhosas, do AME E DÊ VEXAME (livro de Roberto Freire):
Minha vela queima nas duas pontas;
não vai durar toda a noite;
Mas ah, meus inimigos, oh meus amigos -
Que bela luz ela dá!
(Edna St Vincent Millay)
---
"Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo." - Luis Fernando Veríssimo
---
"É o nosso dever de artista mostrar às pessoas que o medo, a culpa e a morte não fazem necessariamente parte da vida." - Genesis P. Orridge
---
"Por educação eu perdi minha vida." - Arthur Rimbaud
das grades
da rotina
deixei a sombra
de um sonho
que não era meu...
Hoje, a vida plena
sorri em cada canto
de cada cômodo cômodo
que por mais que seja cômodo inclusive
deixo
quando dá na telha.
Criar
e curtir criadores...
Amar
sem contar
nem conter
amores:
movimentos de mãos
e de terra
e de tudo
maravilhosamente
i n c o n t r o l á v e i s.
(Fabio Rocha)
P.S.: Libertações de abertura maravilhosas, do AME E DÊ VEXAME (livro de Roberto Freire):
Minha vela queima nas duas pontas;
não vai durar toda a noite;
Mas ah, meus inimigos, oh meus amigos -
Que bela luz ela dá!
(Edna St Vincent Millay)
---
"Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo." - Luis Fernando Veríssimo
---
"É o nosso dever de artista mostrar às pessoas que o medo, a culpa e a morte não fazem necessariamente parte da vida." - Genesis P. Orridge
---
"Por educação eu perdi minha vida." - Arthur Rimbaud
quarta-feira, 25 de abril de 2007
ORDEM E PROGRESSO
Para Izabela
Agradeçamos pela fixidez
e a rigidez hierárquico-demonstrativa
da ciência do século retrasado
tão presente em nossas salas de aula
uniformizadoras de pessoas com uniformes uniformes.
Agradeçamos solenemente
com pompa e circunstância
pela espessa especialização
de tudo e de todos
de modos que não saibamos mais
fazer em casa
nada
nos obrigando a comprar
tudo
que querem que compremos
mais.
(Fabio Rocha)
Agradeçamos pela fixidez
e a rigidez hierárquico-demonstrativa
da ciência do século retrasado
tão presente em nossas salas de aula
uniformizadoras de pessoas com uniformes uniformes.
Agradeçamos solenemente
com pompa e circunstância
pela espessa especialização
de tudo e de todos
de modos que não saibamos mais
fazer em casa
nada
nos obrigando a comprar
tudo
que querem que compremos
mais.
(Fabio Rocha)
sábado, 21 de abril de 2007
FOTO
árvore frondosa e forte
sentindo o machado
que lhe morde
(Fabio Rocha)
sentindo o machado
que lhe morde
(Fabio Rocha)
CASAI E VIGIAI
"De resto, me é odioso tudo que simplesmente me instrui, sem aumentar ou imediatamente vivificar a minha atividade." - Goethe
oh, morena proibida
a falar de seu dote,
contemplo
em verdade
o silêncio
de seu decote
(Fabio Rocha)
oh, morena proibida
a falar de seu dote,
contemplo
em verdade
o silêncio
de seu decote
(Fabio Rocha)
quinta-feira, 19 de abril de 2007
PROMESSA DO DIA, CREPÚSCULO DO ANO
Ventos
com ritmos espanhóis
cruzam o ocaso,
solenes.
Nuvens rosas
no espelho
te esperam.
(Imaginativas imagens...)
Violões,
estrelas
e serpentes-águias
voam
em alguma eternidade feliz.
O olho
do sol
toca a montanha
e deuses choram...
Tudo de novo
para sempre?
- Sim! Outra vez!
(Fabio Rocha)
com ritmos espanhóis
cruzam o ocaso,
solenes.
Nuvens rosas
no espelho
te esperam.
(Imaginativas imagens...)
Violões,
estrelas
e serpentes-águias
voam
em alguma eternidade feliz.
O olho
do sol
toca a montanha
e deuses choram...
Tudo de novo
para sempre?
- Sim! Outra vez!
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 18 de abril de 2007
TEORIA DO CONHECIMENTO
Definir
é reduzir.
Dança
cansada
ensaiada demais.
Medo
de errar
em metódicos velhos tristes.
Salão vazio.
Lá fora, um mundo
nada frio
explode em cores.
(Fabio Rocha)
---
Não se deve esquecer a seguinte regra: o inconsciente de uma pessoa se projeta sobre outra pessoa, isto é, aquilo que alguém não vê em si mesmo, passa a censurar no outro. Este princípio tem uma validade geral tão impressionante que seria bom se todos, antes de criticar os outros, se sentassem e ponderassem cuidadosamente se a carapuça que querem enfiar na cabeça do outro não é aquela que se ajusta perfeitamente a eles.
JUNG, Carl Gustav. Civilização em transição. Tradução de Lúcia Mathilde Endlich Orth. Petrópolis: Vozes, 1993, cap. I, § 39, vol. X/3 das Obras Completas.
é reduzir.
Dança
cansada
ensaiada demais.
Medo
de errar
em metódicos velhos tristes.
Salão vazio.
Lá fora, um mundo
nada frio
explode em cores.
(Fabio Rocha)
---
Não se deve esquecer a seguinte regra: o inconsciente de uma pessoa se projeta sobre outra pessoa, isto é, aquilo que alguém não vê em si mesmo, passa a censurar no outro. Este princípio tem uma validade geral tão impressionante que seria bom se todos, antes de criticar os outros, se sentassem e ponderassem cuidadosamente se a carapuça que querem enfiar na cabeça do outro não é aquela que se ajusta perfeitamente a eles.
JUNG, Carl Gustav. Civilização em transição. Tradução de Lúcia Mathilde Endlich Orth. Petrópolis: Vozes, 1993, cap. I, § 39, vol. X/3 das Obras Completas.
terça-feira, 17 de abril de 2007
NIETZCHIANO No. 2
da primeira ve que li Tereza
me assombrou a alma com peso
e matou um deus ruim
na segunda vez
senti leveza
depois tudo
virou nada
e o caos brilhou em mim
(Fabio Rocha)
---
"Já é tempo de o homem estabelecer a sua meta. Já é tempo de o homem plantar a semente da sua mais alta esperança.
Seu solo ainda é bastante rico para isso. Mas, algum dia, esse solo estará pobre e esgotado, e nenhuma árvore poderá mais crescer nele.
Ai de nós! Aproxima-se o tempo em que o homem não mais arremessará a flecha do seu anseio para além do homem e que a corda do seu arco terá desaprendido a vibrar!
Eu vos digo: é preciso ter ainda caos dentro de si, para poder dar à luz uma estrela dançante. Eu vos digo: há ainda caos dentro de vós.
Ai de nós! Aproxima-se o tempo em que o homem não dará mas à luz nenhuma estrela. Ai de nós! Aproxima-se o tempo do mais desprezível dos homens, que nem saberá mais desprezar-se a si mesmo."
NIETZSCHE, F. "Assim falou Zaratustra", tradução de Mário da Silva. - 15a. ed. - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006; p. 40-41
me assombrou a alma com peso
e matou um deus ruim
na segunda vez
senti leveza
depois tudo
virou nada
e o caos brilhou em mim
(Fabio Rocha)
---
"Já é tempo de o homem estabelecer a sua meta. Já é tempo de o homem plantar a semente da sua mais alta esperança.
Seu solo ainda é bastante rico para isso. Mas, algum dia, esse solo estará pobre e esgotado, e nenhuma árvore poderá mais crescer nele.
Ai de nós! Aproxima-se o tempo em que o homem não mais arremessará a flecha do seu anseio para além do homem e que a corda do seu arco terá desaprendido a vibrar!
Eu vos digo: é preciso ter ainda caos dentro de si, para poder dar à luz uma estrela dançante. Eu vos digo: há ainda caos dentro de vós.
Ai de nós! Aproxima-se o tempo em que o homem não dará mas à luz nenhuma estrela. Ai de nós! Aproxima-se o tempo do mais desprezível dos homens, que nem saberá mais desprezar-se a si mesmo."
NIETZSCHE, F. "Assim falou Zaratustra", tradução de Mário da Silva. - 15a. ed. - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006; p. 40-41
domingo, 15 de abril de 2007
DORMINDO
o domingo
é uma pausa
uma brisa em câmera lenta
suave
balão azul
no meio de nossa pressa
(Fabio Rocha)
é uma pausa
uma brisa em câmera lenta
suave
balão azul
no meio de nossa pressa
(Fabio Rocha)
sábado, 14 de abril de 2007
BRINCANDO DE PAIXÃO
elemento fogo
queima
e cansa:
incan-descansa
(Fabio Rocha)
queima
e cansa:
incan-descansa
(Fabio Rocha)
sexta-feira, 13 de abril de 2007
É PRECISO CRESCER
Contei à mamãe, nesta data
que finalmente virei Deus.
Ela me perguntou, nesta ordem:
1 - Se dava dinheiro.
2 - Por que ainda não fiz nada pela África.
(Fabio Rocha)
que finalmente virei Deus.
Ela me perguntou, nesta ordem:
1 - Se dava dinheiro.
2 - Por que ainda não fiz nada pela África.
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 11 de abril de 2007
sábado, 7 de abril de 2007
sexta-feira, 6 de abril de 2007
OBRA
o caminhão traz concreto
para o meu imaginário
e ruído
para meu aquário de silêncio
não bastasse isso
lentamente derrama
todo esse chão
onde não piso
(Fabio Rocha)
para o meu imaginário
e ruído
para meu aquário de silêncio
não bastasse isso
lentamente derrama
todo esse chão
onde não piso
(Fabio Rocha)
domingo, 1 de abril de 2007
PRÉ-POSIÇÃO FORMAL
Venho por meio destra
propor-lhe
por-lhe.
(Fabio Rocha)
propor-lhe
por-lhe.
(Fabio Rocha)
terça-feira, 27 de março de 2007
CISMA
musa dengosa
exorciza
minha paz
minha casa de meus pais
para que eu possa
caos
para que eu possa
mais
(Fabio Rocha)
exorciza
minha paz
minha casa de meus pais
para que eu possa
caos
para que eu possa
mais
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 21 de março de 2007
NO DIA DA POESIA
Faço questão
de não fazer
poesia.
(Fabio Rocha)
de não fazer
poesia.
(Fabio Rocha)
sexta-feira, 16 de março de 2007
CONS-TATO
Sabe essa falta
dentro do peito
na madrugada?
Essa que Drummond
chamou de ausência
e tirou pra dançar?
Eu não sei dançar com ela.
(Então aperto-a
sinto-a plenamente entre minhas mãos
e deixo sair
o pó de palavras
quente e azul.)
(Fabio Rocha)
dentro do peito
na madrugada?
Essa que Drummond
chamou de ausência
e tirou pra dançar?
Eu não sei dançar com ela.
(Então aperto-a
sinto-a plenamente entre minhas mãos
e deixo sair
o pó de palavras
quente e azul.)
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 14 de março de 2007
segunda-feira, 5 de março de 2007
IRON MAIDEN
por trás das máscaras de ferro
que carregamos todos sobre os ternos
(uniformes sorrisos eternos)
há os sapatos de renome
pretos como a noite dos pobres morrendo de fome
pobres de que não falamos
caminhando firmes
sobre o inferno
(Fabio Rocha)
que carregamos todos sobre os ternos
(uniformes sorrisos eternos)
há os sapatos de renome
pretos como a noite dos pobres morrendo de fome
pobres de que não falamos
caminhando firmes
sobre o inferno
(Fabio Rocha)
sexta-feira, 2 de março de 2007
quinta-feira, 1 de março de 2007
SONO
entre a noite e o dia
há um momento exato e plano
onde dormem os sonhos
(Fabio Rocha)
há um momento exato e plano
onde dormem os sonhos
(Fabio Rocha)
MEDITAÇÃO
De fora pra dentro:
um plano
um desejo
uma dor
um triângulo
um amor
uma música
um poema
silêncio.
(Fabio Rocha)
um plano
um desejo
uma dor
um triângulo
um amor
uma música
um poema
silêncio.
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007
PONTAL
Pedra antes de tudo pedra
quantos infinitos
oceanos silenciosos
cheios de carinhos, algas e ostras
passaram sob ti?
E esse céu
pintado de auroras marginais
com sangue e vento
ornado de agora
desde sempre?
(Cresce verde em teus velhos musgos
e a noite vem enganar a todos
com a mudança)
(Fabio Rocha)
quantos infinitos
oceanos silenciosos
cheios de carinhos, algas e ostras
passaram sob ti?
E esse céu
pintado de auroras marginais
com sangue e vento
ornado de agora
desde sempre?
(Cresce verde em teus velhos musgos
e a noite vem enganar a todos
com a mudança)
(Fabio Rocha)
POEMA CORRETO
Antes
era possível olhar o céu noturno
e imaginar...
Hoje
achamos que sabemos:
1 - científicos métodos classificatórios de astros por grandeza energética medida por instrumentos;
2 - distâncias calculáveis considerando-se a relatividade do espaço-tempo das partículas-onda quando em velocidades próximas à da luz;
3 - substantivos indicativos de conjunto decorados na infância uniforme para falar bonito;
4 - muitos outros números naturais que poderiam ser ordenados em ordem crescente neste poema longo, tendendo a mais infinito...
E, calmos, nos achamos mais certos. E mais sábios...
(Fabio Rocha)
era possível olhar o céu noturno
e imaginar...
Hoje
achamos que sabemos:
1 - científicos métodos classificatórios de astros por grandeza energética medida por instrumentos;
2 - distâncias calculáveis considerando-se a relatividade do espaço-tempo das partículas-onda quando em velocidades próximas à da luz;
3 - substantivos indicativos de conjunto decorados na infância uniforme para falar bonito;
4 - muitos outros números naturais que poderiam ser ordenados em ordem crescente neste poema longo, tendendo a mais infinito...
E, calmos, nos achamos mais certos. E mais sábios...
(Fabio Rocha)
terça-feira, 27 de fevereiro de 2007
ALEXANDRINO
Às vezes
quero escrever um romance
escalar um monte
perder cinco quilos
conhecer mais gente
iniciar uma jornada qualquer
sem medo...
Às vezes
filosofo que cada passo
é o que mais importa...
Às vezes
lendo quem me lê
penso que já cheguei.
(Fabio Rocha)
---
"Não é no conhecimento, mas sim na criação que está a nossa salvação! Na aparência suprema, na emoção mais nobre, encontra-se a nossa grandeza! Se o universo em nada nos diz respeito, queremos então ter o direito de o desprezar."
Nietzsche, Das Philosophenbunch (theoretiscestudien), S 84
quero escrever um romance
escalar um monte
perder cinco quilos
conhecer mais gente
iniciar uma jornada qualquer
sem medo...
Às vezes
filosofo que cada passo
é o que mais importa...
Às vezes
lendo quem me lê
penso que já cheguei.
(Fabio Rocha)
---
"Não é no conhecimento, mas sim na criação que está a nossa salvação! Na aparência suprema, na emoção mais nobre, encontra-se a nossa grandeza! Se o universo em nada nos diz respeito, queremos então ter o direito de o desprezar."
Nietzsche, Das Philosophenbunch (theoretiscestudien), S 84
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007
COMO?
Antiofídica, a vida
ansiolítica
mamelucamente molda
da madeira o concreto
nos bairros que sobem do mato
e as pessoas que correm do fato
de não
(Fabio Rocha)
ansiolítica
mamelucamente molda
da madeira o concreto
nos bairros que sobem do mato
e as pessoas que correm do fato
de não
(Fabio Rocha)
ANTIGO TEMA
Antes de tudo,
tudo.
E o passo
mais forte
e despreocupado.
Antes,
tudo eu.
E passo a passo
mais eu ainda
a cada passo.
Mesmo que passe
tudo.
Mesmo que nunca
se chegue
a nada...
Dentro em mim
(fundo, fundo mesmo)
algo não meu:
uma estrela.
(Fabio Rocha)
---
"Nada mais fatal do que a moderação. Basta é tão mau como uma refeição modesta. Demasiado é bom como um festim."
Oscar Wilde, trecho da personagem Lord Henry, do livro "O Retrato de Dorian Grey" (Os grandes clássicos, Otto Pierre editores, 1979, p. 274)
tudo.
E o passo
mais forte
e despreocupado.
Antes,
tudo eu.
E passo a passo
mais eu ainda
a cada passo.
Mesmo que passe
tudo.
Mesmo que nunca
se chegue
a nada...
Dentro em mim
(fundo, fundo mesmo)
algo não meu:
uma estrela.
(Fabio Rocha)
---
"Nada mais fatal do que a moderação. Basta é tão mau como uma refeição modesta. Demasiado é bom como um festim."
Oscar Wilde, trecho da personagem Lord Henry, do livro "O Retrato de Dorian Grey" (Os grandes clássicos, Otto Pierre editores, 1979, p. 274)
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007
DIFICULDADES IMPEDITIVAS
Ia
onde queria
mais.
Ia
onde queria
paz?
Ia
onde queria
mas...
(Fabio Rocha)
---
"A vida é uma questão de nervos, de fibras, de células, que lentamente se criaram e onde reside o pensamento e onde a paixão esconde os seus sonhos. Julgamo-nos fortes, julgamo-nos protegidos. mas basta um nada, uma nuance na cor de um quarto ou de um céu matinal, um perfume que em tempos amamos e que, por um sutil mecanismo, faz reviver em nós, bruscamente, determinados versos de um poema que julgávamos esquecido; um acorde, recordando-nos uma peça de música que cessáramos de tocar... Sim, Dorian, afirmo-lhe, é disso que a nossa vida depende."
Oscar Wilde - Trecho da personagem Lord Henry, do livro "O Retrato de Dorian Grey" (Os grandes clássicos, Otto Pierre editores, 1979, p. 329)
onde queria
mais.
Ia
onde queria
paz?
Ia
onde queria
mas...
(Fabio Rocha)
---
"A vida é uma questão de nervos, de fibras, de células, que lentamente se criaram e onde reside o pensamento e onde a paixão esconde os seus sonhos. Julgamo-nos fortes, julgamo-nos protegidos. mas basta um nada, uma nuance na cor de um quarto ou de um céu matinal, um perfume que em tempos amamos e que, por um sutil mecanismo, faz reviver em nós, bruscamente, determinados versos de um poema que julgávamos esquecido; um acorde, recordando-nos uma peça de música que cessáramos de tocar... Sim, Dorian, afirmo-lhe, é disso que a nossa vida depende."
Oscar Wilde - Trecho da personagem Lord Henry, do livro "O Retrato de Dorian Grey" (Os grandes clássicos, Otto Pierre editores, 1979, p. 329)
domingo, 18 de fevereiro de 2007
EM MOVIMENTO
por meus caminhos de busca
achei o que tenho procurado:
o paraíso de andar
(Fabio Rocha)
achei o que tenho procurado:
o paraíso de andar
(Fabio Rocha)
sábado, 17 de fevereiro de 2007
AMOR LÓGICO
Ah, finalmente!
Entre.
A porta está aberta, só para você.
Te esperava a minha sede.
(Ouviu calmamente tudo,
deu meia-volta
e saiu.)
(Fabio Rocha)
Entre.
A porta está aberta, só para você.
Te esperava a minha sede.
(Ouviu calmamente tudo,
deu meia-volta
e saiu.)
(Fabio Rocha)
META-FORA
Dançando o que sempre acaba
querendo que não se acabasse
passa-se da paixão à posse
e da arte de cantar à tosse.
(Fabio Rocha)
querendo que não se acabasse
passa-se da paixão à posse
e da arte de cantar à tosse.
(Fabio Rocha)
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
RECEITA PARA EVITAR QUE EVITES
sentir a fundo
cada tudo
que fingimos controlar
aceitando mudo e gritando
a certeza que não há
(Fabio Rocha)
---
"Sim, tal como Lorde Henry profetizara, a vida seria um dia recriado por um novo hedonismo, libertando-a do hediondo e brutal puritanismo que, nos nossos dias, conhecera um curioso renascimento. Este novo hedonismo não recusaria a contribuição da inteligência, mas rejeitaria toda teoria, todo sistema que evoque, de uma forma ou outra, o sacrifício da experiência passional."
Oscar Wilde - Do livro "O Retrato de Dorian Grey" (Os grandes clássicos, Otto Pierre editores, 1979, p. 200)
cada tudo
que fingimos controlar
aceitando mudo e gritando
a certeza que não há
(Fabio Rocha)
---
"Sim, tal como Lorde Henry profetizara, a vida seria um dia recriado por um novo hedonismo, libertando-a do hediondo e brutal puritanismo que, nos nossos dias, conhecera um curioso renascimento. Este novo hedonismo não recusaria a contribuição da inteligência, mas rejeitaria toda teoria, todo sistema que evoque, de uma forma ou outra, o sacrifício da experiência passional."
Oscar Wilde - Do livro "O Retrato de Dorian Grey" (Os grandes clássicos, Otto Pierre editores, 1979, p. 200)
VIDA (AINDA) BESTA
As pessoas na sala de jantar
mudam de cor conforme a tela
e eu mesmo me vejo ali
participando da mesma novela.
(Fabio Rocha)
mudam de cor conforme a tela
e eu mesmo me vejo ali
participando da mesma novela.
(Fabio Rocha)
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007
SONHO
No fundo, a voz de Tim Maia: "Você é algo assim, é tudo pra mim, é mais que eu esperava, baby" E num dia sem sol uma câmera em algum plano astral percorria tristemente ruas parecidas com a do bairro de Cachambi no Rio de Janeiro, passando pelo Vasco, mostrando crianças brincando de ser livres, velhinhas tentando as controlar nervosamente, pessoas correndo, ora se assustando com a câmera, como se fosse atropelá-las... Não lembro bem, mas aposto que chovia. "Sou feliz agora. Não, não vá embora"... Triste, triste o filme de meu sonho.
(Fabio Rocha)
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
domingo, 21 de janeiro de 2007
CERES
Seres nata
do meu leito longe
da sede, leite primata
da fome, fonte...
(Fabio Rocha)
do meu leito longe
da sede, leite primata
da fome, fonte...
(Fabio Rocha)
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sexta-feira, 19 de janeiro de 2007
CITAI E VIGIAI
"O valor de uma pessoa não está nela própria, mas no que modifica em outras." - Fabio Rocha
quarta-feira, 17 de janeiro de 2007
AVE ÁVIDA É A VIDA
Um poema forço
já que a vida é boa
e na madrugada
vai buscar o sono:
um poema torço.
(Fabio Rocha)
já que a vida é boa
e na madrugada
vai buscar o sono:
um poema torço.
(Fabio Rocha)
quarta-feira, 10 de janeiro de 2007
CONVERSA COM O FILHO INVISÍVEL
- Pai, por que as pessoas são tristes?
- Porque estão presas e nem conseguem ver suas gaiolas.
- Eu tentaria fugir...
- Demore a crescer, sim? De preferência, a vida toda.
(Fabio Rocha)
- Porque estão presas e nem conseguem ver suas gaiolas.
- Eu tentaria fugir...
- Demore a crescer, sim? De preferência, a vida toda.
(Fabio Rocha)
domingo, 7 de janeiro de 2007
POTÊNCIA É MAIS QUE PODER
Para Nietzsche e Amauri Ferreira
Brilha o chão deste apartamento
e ruge uma tempestade frondosa através das persianas
com meu querer.
Leio, releio e transleio:
o devir me sorri
(martelo na mão).
Não preciso das drogas
que um salário me proporcionaria
para esquecer o que não sou:
Eu Sou!
Não há mais para onde escapar
de mim
de minha vontade gigante
imaterial e singular
de superar e destruir
para mudar o mundo.
(Fabio Rocha)
Brilha o chão deste apartamento
e ruge uma tempestade frondosa através das persianas
com meu querer.
Leio, releio e transleio:
o devir me sorri
(martelo na mão).
Não preciso das drogas
que um salário me proporcionaria
para esquecer o que não sou:
Eu Sou!
Não há mais para onde escapar
de mim
de minha vontade gigante
imaterial e singular
de superar e destruir
para mudar o mundo.
(Fabio Rocha)
sexta-feira, 5 de janeiro de 2007
EVOLUTION
(A la Nietzsche)
1 - A verdade está lá fora.
2 - A verdade está dentro de nós.
3 - A verdade não existe.
(Fabio Rocha)
1 - A verdade está lá fora.
2 - A verdade está dentro de nós.
3 - A verdade não existe.
(Fabio Rocha)
TELAS
meu coração é uma pedra
pulsante e forte
querendo mais e mais
janelas
(Fabio Rocha)
pulsante e forte
querendo mais e mais
janelas
(Fabio Rocha)
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CERTEZA
Enquanto Ter for mais que Ser
não adianta gritar éticas
buscar prazeres duradouros
criticar violências escondido atrás de grades e muros
pregar igualdades...
A fome em negrito
só incomoda se for no seu estômago, logo acima do umbigo
(enquanto Ter for mais que Ser).
(Fabio Rocha)
não adianta gritar éticas
buscar prazeres duradouros
criticar violências escondido atrás de grades e muros
pregar igualdades...
A fome em negrito
só incomoda se for no seu estômago, logo acima do umbigo
(enquanto Ter for mais que Ser).
(Fabio Rocha)
quinta-feira, 4 de janeiro de 2007
IMPACIÊNCIA
Paciência
Não há pressa na poesia. Não pode haver.
É preciso paciência. Não se faz poesia no metrô.
Ela requer calma. Dedos de artesão no mar.
(José Rocha, livro "O verbo por quem sofre de verborragia")
E agora, José?
Não há tempo para paciência!
Uma criança morre de fome a cada 3 segundos!
Escrevo poemas sem nem poder respirar fundo
mas escrevo (com sangue) poemas
com a força de minha impaciência
para com a ciência
sistematizando metodicamente até
como fazer poemas, José.
(Fabio Rocha)
Não há pressa na poesia. Não pode haver.
É preciso paciência. Não se faz poesia no metrô.
Ela requer calma. Dedos de artesão no mar.
(José Rocha, livro "O verbo por quem sofre de verborragia")
E agora, José?
Não há tempo para paciência!
Uma criança morre de fome a cada 3 segundos!
Escrevo poemas sem nem poder respirar fundo
mas escrevo (com sangue) poemas
com a força de minha impaciência
para com a ciência
sistematizando metodicamente até
como fazer poemas, José.
(Fabio Rocha)
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