O que eu busco
é o mistério
a surpresa
o encantamento
a empolgação
a superação
a vontade
o desejo...
(Mas o que tenho mesmo é o mesmo,
e o medo de sair do mesmo
me mantém mesmo
no mesmo.)
No caminho
sonhei apenas comunhões
onde havia distâncias
e afastei muitos próximos
muito próximos
nos intervalos comerciais...
Percorri vulcões ortodoxos cheios de gentes
gargarejando nada
e cuspindo metas
a ditar caminhos...
Senti o grande martelo
quebrar algum sentido
e uns e outros mundos...
Sacolejei em vícios lúdicos
rastejei por ouro e futuro
sofri pelo passado deitado...
E hoje me vejo parado
e hoje me vejo sozinho
e hoje vejo
que talvez nunca
tenha conseguido ver
algo que não seja eu...
Afora isso,
sigo parado e sozinho,
com a quase certeza,
mesmo parado e sozinho,
de nada estar além do agora,
de tudo o que preciso
morar no instante,
no entanto,
intocável de tão perto.
(Fabio Rocha)
7 comentários:
Raro. Um poema seu longo e com a primeira pessoa. Adorei a marcação dos versos e o tempo. O poema me passou uma sensação de solidão quase dolorosa. Talvez até tenha sido dolorosa de fato, no momento estou entorpecido demais para sentir dor mesmo lol.
Ja-ne. Como tá a UERJ, sabes?
morar no instante... acho que é o mais difícil.
gostei muito desse poema ;-)
beijos
oi, fabio!
depois de um afastamento desse (estive viajando), encontrar um poema como o seu, assim tão bom, tão verdadeiro e tão profundo... isso é tbm uma experiência mística, para mim... :)
beijos
Shonin, te mandei email, mas acho que não leu... Antes, tinha te ligado, mas fora de área... :) Queria desejar um feliz 2009!! A UERJ tá 100% de volta! Quando puder me ligue! Ja-ne.
Meninas, que prazer agradar vocês duas com um poema só [:)], poetas blogueiras favoritas! :) Acho que há um dilema nesse tema... Talvez seja algo impossível estar totalmente satisfeito com o instante, o agora, e produzir arte... (Isso após ver o documentário sobre a vida de Daniel Johnston na HBO...) Falei disso no poema novo, pois agora acho que faltou nesse. Talvez morar no instante não seja para nós. Que acham? :) Beijos
Lindo o longo poema. Trajetória!
Profundo e pouco usual.
Acho que vc não precisa viver o instante todo o tempo e não se indignar. Alguns melhores minutos te querem ali. E só. E o tempo é infinito nos prazeres. Nesses momentos fique, curta, sinta, respire devagar.
Nos outros dias mortais sim, pode ser instisfeito, revoltar-se e fazer sua arte. :-)
beijos
fiquei honrada com teus comentários!
pq acho vc um excelente poeta, que sabe escrever tão bem até as mais complexas sensações do indivíduo. esse poema é um exemplo!
"Mas o que tenho mesmo é o mesmo,
e o medo de sair do mesmo"
me sinto assim agora...rs
um grande abraço!
Eu gosto quando você prolonga essa mística toda. Morar no instante não é pra você.
Abraço!
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