quinta-feira, 25 de junho de 2009

LA CARTA

Venho por meio destra fechada
através de uma boca imovente
querendo mastigar seus próprios dentes
e de um ver enegrecido
ruminar mais um gemido
que não lhe direi
(nem entenderei).

Através de seu silêncio primeiro
odeio
todos os silêncios
implicitamente reprovativos
os olhares fugidios de quaisquer olhos também calados
onde só verei defeitos
(como vingança)
paciência
e passividade revoltante
e tão interminável
quanto o seu silêncio.

Nem herói nem vilão
nem amigo nem inimigo
nem vivo nem morto.

Sem voz.

E quando o seu silêncio
o seu silêncio
(o seu silêncio)
for final
ainda assim, calado eu
(e mau)
ao lado de seu sono real e fechado
meus olhos abertos também silenciarão
como tão bem
aprenderam.

O meu silêncio
e minha raiva
que espalho
pro mundo
pra vida
pros outros.

(Fabio Rocha)

6 comentários:

Katia em anexo disse...

Linnnnnnnnnnnnnnnndo... cara muito bom... tão.. tao... sentido... parabéns

Fabio Rocha disse...

Obrigado, Katia... :)

Stella disse...

Marcaria

marcaria

marcaria

e marcaria :-)


Um de seus melhores poemas. Adoro o mergulho profundo e a revolta catártica!
Que orgulho...
QUe coragem!

beijos

Fabio Rocha disse...

Obrigado, amor! :)

Cris de Souza disse...

Me emocionou...

Fabio Rocha disse...

Nem sei o que dizer sobre este poema... difícil de fazer... triste... estranho... Só posso agradecer aos que também o sentiram. Obrigado!