ração humana em pastilha:
todas as revistas da banca
sobre novelas
de que me servem esses punhos
capazes de inverter o fluxo das águas
da mais alta cachoeira?
não mudaremos nada
padres e papas
contra camisinhas
gostam de criancinhas
e casamos por seu intermédio
como na maldita novela:
ração humana em pastilha
e trabalhar em algo inútil na semana
e dormir no fim de semana
e dormir no fim:
ração humana em pastilha
não mudaremos nada
teremos filhos
sob a égide
da mesma novela
da mesma religião:
nada
absolutamente nada
mudarão
(Fabio Rocha)
*
"Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa
miséria." (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)
10 comentários:
ler admirável mundo novo, do huxley, e do "soma"...
Abraço!
Fábio, venho aqui e encontro tanta coisa boa. O poema da Enya, esse e os outros. Mon Dieu! Quanta criatividade! Estou encantada com seu trabalho. beijo.
um pessimismo de fundo realista.
mas me pergunto.
será memso que nada mudará?
num grande universo naum
mas talvez no meu micro espaço eu possa tentar fazer a diferença
sustentar na contra-mão do sistema
sem garantias é verdade.
mas sei lá
ás vezes cultivo essa revolta
ás vezes acredito que dá pra ser uma pequena parte diferente
beijos
Opa! Gostei...
Beijos
Seu atual niilismo é inquietante...
Poema espetacular!
Não preciso dizer que ando pensando a mesma coisa desta raça miserável...
Abração, meu mano!
Expressão maravilhosa, amigo Poeta ! Beijo, que tua semana seja feliz.
Fábio,
Grande poema!
Vontade de rasgar o próximo outdoor com cheiro de ração da mídia, e escrever no muro este teu poema, com uma voz maiúscula do Machado ao fundo.
Mesmo que fosse anti-ração a provocar um intervalo para o "vômito" coletivo - no intervalo da novela...
Bravo!
Beijo, com minha admiração.
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Katyuscia
"e trabalhar na semana
e dormir no fim de semana
e dormir no fim:
ração humana em pastilha"
Aaaai, como dói ler isso num domingo a noite... rs
Domingo de noite tudo dói. :)
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