(Para Núbia Costa)
bruto
e rápido
e ríspido
respira-se o cinza
vive-se em luto apressado
e o silêncio desassossega o plexo
*
resta o luto
de tantos desencontros
resoluto
parto o peito
(parto
e nada nasce)
*
sampa sem samba
terra minha tripartida
língua cinza
tudo cinza fast
brigam-amam alto e sempre
nada como o esperado, amiga
como a pizza mais triste da vida
minutos depois do melhor omelete:
dor de barriga
saudade do mar
da paz do mar
se amar é isso
tenho orgulhosamente
medo de amar
*
não fode:
mão estendida apenas
quando a outra mão
foge
*
é um absurdo
nos obrigarem a tirar férias
farei piquetes
construirei fábricas
me acorrentarei a escritórios
*
fui até são paulo
encontrar o pior de mim.
amor,
nada
absolutamente nada
funcionou como deveria
(do início ao fim)
e nenhum dos dois
está minimamente disposto
a quaisquer contratempos.
(no entanto teve o melhor omelete)
voltei voando sobre uma dor inexplicável
enquanto me ofereciam amendoim
e não sei se isso tem algo a ver com o supracitado
(lástimas e lágrimas)
que bosta, Costa:
amar não basta.
não me ame
pelo amor desse deus filha da puta
nem depois de todas as cervejas do mundo
me ame
como pode tão já
tanto extremo
bom e ruim?
50 anos em 5 dias?
não me toque.
a noite é longa demais.
não me acorde apenas pra te ver dormir!
o sonho rápido demais em pesadelo
o colo rápido demais em abismo
fere.
não desperte o pior de mim!
nosso filme
(comédia nonsense)
só teve inícios
nunca terá o devido meio
nem fim
fume em paz:
aqui jaz o que seremos
(nesses versos ridículos)
perante tanta tristeza
estou com saudade
de minha ansiedade solitária
vou entrar nesse apartamento
e só vou sair
depois de dormir pelo menos uma noite inteira
quando a vida deixar de ser um lamento triste e sem sentido
após você me esquecer perto do celular e dos óculos
e mesmo assim não vou entender o que houve
nem por que choro
cuspo reto na palavra amar
(por favor, me ame)
(Fabio Rocha)
Um comentário:
Eita!
Quando o poema estica eu fico com medo de ler.
Abraço!
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