"Abrir o peito à força numa procura / Fugir às armadilhas da mata escura" (Eu caçador de mim - Luiz Carlos Sá e Sérgio Magrão)
segunda-feira, 14 de janeiro de 2002
e-book PraLarvas (2002) - revisado em 2014
PraLarvas
Fabio Rocha
Copyright © 2002 por Fabio Rocha - revisado em 2014
Registro EDA – Biblioteca Nacional
Nome(s) do(s) Autor(es): FÁBIO JOSÉ ALFREDO SANTOS DA ROCHA
Título da Obra: PRALARVAS
No. Registro da Obra: 249307
Livro: 443
Folha: 467
Data de Registro: 14/1/2002
Gênero da Obra: POESIA
Obra Publicada: Não
Título original: Pralarvas
Editoração eletrônica: Fabio Rocha
Endereço eletrônico:
http://www.fabiorocha.com.br
Para Ananda.
Pré.......... Fabio
O cuidado com as palavras não precisa de guia. Fabio é seu próprio guia: pergunte ao Garçom.
Veja em Ex-tudo o inconformismo com aquilo que se repete e não serve: pense em ex-tudo.
O pensamento livre, bem geminiano, fazendo da imaginação momentos de prazer: "Um guardanapo / em Guarapari / jaz lá, / não aqui". Isso depois da sensualidade do decote e de brincar com o vento jogando com as palavras como quem não precisa de dicionário.
Não conheço o Fabio pessoalmente.
Vemo-nos pelo que escrevemos um ao outro usando a frieza dos bits e bytes aquecidos pela fraternidade das palavras.
E por não tê-lo ainda visto, por não ter tido aquilo que se chama de "primeira impressão", por conhecer um pouco da sua alma através da sua familiaridade com as palavras e os sentimentos que delas emanam, é que posso chamá-lo de amigo.
Contenho-me; agora. Melhor deixar de conversa, deixar o "Sonho ser sonho", mergulhar em "O melhor da festa", deixar-me levar pelo "Movimento" da tempestade e dar-me o gosto de ler Fabio.
Felipe de Paula
ORNAMENTAL
Do alto
de meu desejo
antevejo um salto
(fundamental)
no decote.
9/7/01
VIDA
Viver
não é deixar
a vida se esvair
cada vez mais rápida
pela rotina.
Não é ganhar rugas,
ser vencido pelo despertador,
contribuir para o sistema...
Viver
é criar
futuras recordações.
21/8/01
DAS CONTRADIÇÕES
Assisti casmurro
a reportagem de uma hora
sobre os efeitos terapêuticos
do riso.
31/8/01
AO UMBIGO
(Para Luciana)
No meio do caminho
havia um PM.
No caminho da mão ao pelo,
do não ao sim,
do são ao louco...
Havia um PM.
E o pelo preto
e a pele branca...
Ah, que raiva
das minhas retinas amedrontadas
das minhas vontades anestesiadas
das minhas desculpas esfarrapadas
das minhas poesias estagnadas.
No meio do caminho
havia um PM.
6/9/01
GÊMEA ESTUPIDEZ
“Quem semeia vento colhe tempestade.”
O estrondo do avião no prédio
- tempestade colhida -
me silenciou a vida.
15/9/01
ERAM OS DEUSES ASTRONAUTAS?
O Deus não divino
não desceu
das nuvens.
Cansei de procurá-lo
em evidências incontestáveis
que nunca provam nada.
Cansei de esperá-lo
no contato final
que nunca chega.
Fique onde estiver,
dane-se.
Minha ascensão
é pela palavra.
25/9/01
ASA
A casa
de que gozo:
o acaso.
30/9/01
EPISTEMOLOGIA DO INDEFINITIVO IMAGÉTICO
Intuição.
Soçobrava
e só sobrava
a velocidade
de premissas gelatinosas
superadas.
Se o saber é reto,
apenas antenas estagnadas
sabem.
O paradigma desequilibrou-se,
caiu,
quebrou-se
nas curvas de equilíbrio.
Sou caonauta.
Navego no caos
do uni-verso
turbocapitalista
criminógeno.
(sem hierarquização do conhecimento)
Descarte
Descartes!
Nossa dimensão
efervesce
na indeterminação
da pluralidade
mafiosa
inconvergente.
Nossa força
é polimorficamente manifesta,
descontínua,
antiestética,
desconexa.
Nosso enigma:
como não deixar
a flexibilidade do século
quebrar a ética atemporal.
5/10/01
INFÂNCIA
No vento,
Pedrinho perdeu
sua sombra.
- Cadê tua sombra, menino?
Gritou a mãe.
- Só não perde a cabeça porque está presa no pescoço.
Disse a vó.
Pedrinho ria a danar.
Depois foi estudar
enquanto a sombra brincava
de ser noite.
20/10/01
REVOLUÇÕES?
Os ricos morrem de morte morrida.
Os pobres morrem de morte matada.
Revolução!
Sangue na calçada.
Império desce, império sobe...
do botão ao avião
da espada à metralhada.
Os pobres morrem de morte morrida.
Os ricos morrem de morte matada.
22/10/01
AINDA BEM
Até a vida
é exceção
à regra.
29/10/01
FELIZ DE QUEM NÃO SABE
Os nacionais
bons homens
das multitransnacionais
comem produzindo fome.
Pregam a liberdade
de mercado
e aumentam a desigualdade
com seu trabalho, mascarados.
Até quando vamos exportar nossas almas
por preços injustos
e importar tecnovidas nada calmas
a altos custos?
12/11/01
PRALARVAS
O que fica
da vida
vivida
pro amanhã?
Trabalho
pra larvas.
12/11/01
SECRET GARDEN
Hoje basta a poesia
pois eu sei que algum dia
em certo jardim secreto
mostrarei a cada neto
não nascido, as terras
que não possuí e as guerras vis
de que não participei
e tudo aquilo que não fiz
(nem farei).
E sentiremos o vento...
e celebraremos o silêncio...
até que o sorriso final
se desfaça em noite
restando apenas
o aceno das árvores.
17/11/01
DO EMPENHO
Se eu conseguisse, com jeito,
fazer algo direito,
talvez o céu virasse mar
e o mar, sertão.
Mas não...
A direita, respeito,
mas sou de esquerda extrema.
(Não a tema!)
E em 50
não há mais trema?
23/11/01
NUMA LINHA
A essência da felicidade é a ignorância.
5/12/01
TEMPO
Só fazemos algo quando não fazemos nada.
UERJ - 13/12/01
ERRO
Não fui eu.
UERJ - 13/12/01
CASA
De minha avó paterna
herdei a vontade interna
de não ir.
Superada apenas
pela de que não venham.
(Fabio Rocha)
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