Numa bela sessão de psicologia analítica, acabei lembrando de um de meus primeiros poemas, sobre um muro (The Wall) que construo para proteção, mas acabo me sentindo isolado... E deixando uma janela, vejo o lado de fora e quero sair... E há como sair. Ver a janela é a passagem para querer sair. O poema, sua forma, e o modo como foi escrito acho horrível hoje (nem achei em lugar nenhum ele), porém, na sessão, a psicóloga ligou a janela com a desse quadro de Picasso (Guernica), do lado direito:
Achei bem interessante, e questionei se a janela seria como um símbolo universal, do inconsciente coletivo. Abaixo, outros poemas que achei sobre janelas como escape, esperança, libertação...
(Fabio Rocha)
Janela
Ao Instituto de Física da UFRJ, 1995
A janela...
Sol refletido na construção branca...
Pessoas que são formigas e não sabem...
(A altura nos dá certa consciência)
A cabeça pesa,
cheia de malditas, inúteis, incontáveis
fórmulas.
Espano a ira
e olho adiante.
A janela chama...
As nuvens são mais bonitas
quando não se quer pensar em nada.
As árvores estagnadas
como um quadro...
O azul perfeito sobre elas...
As aves voam com mais graça,
mais devagar...
E daí se são urubus?
Num piscar de olhos,
sou um deles.
Quero ser.
Mas quando os abro novamente,
vejo apenas
uma janela.
(Fabio Rocha)
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Windows
Ah, por quantas salas passei?
Nelas,
quantos mestres distintos escutei?
E meu maior fascínio,
eu sei,
sempre foi pelas janelas.
(Fabio Rocha)
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Sexta-feira, 1 de Fevereiro de 2008
"JANELA, PALAVRA LINDA"
Para Adélia Prado
O grande mundo
lê jornais e revistas
se olvidando de criar Deus
e adivinhar a maciez desses montes verdes...
Acadêmicos palestram
para eles mesmos
no auditório 34
enquanto a poesia
me pinga novamente
devagarinho
das lisas pedras pros rios.
Adélia, não enxergo teus peixes santos
e igrejas só me rimam beleza
do lado de fora...
No entanto,
sua bagagem,
seus amores, cores e águas
me transbordam as mãos.
(Fabio Rocha), entre RJ e BH
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Domingo, 8 de Março de 2009
JANELA ABERTA
E foi num domingo santo
que revi todos os sonhos...
(Fabio Rocha)
8 comentários:
O primeiro poema me lembrou muito minhas antigas aulas de física.
Eu sentava exatamente perto da janela e me distraía com as nuvens e tudo o que passava voando...
Exatamente meu caso em muitas aulas também... :)
Assim como as janelas, meu amigo, seus poemas são libertação. Muito do que não consigo descrever quando olho pela minha janela leio aqui.
Abraço!
Obrigado pelo carinho e pela leitura e comentários constantes por aqui, Ígor!
Eu que agradeço. Essa postagem "das janelas" me inspirou.
Muito bom, poeta! Gosto muito dos antigos também!
Abra as janelas de casa, abra a janela ao outro... e olhe pela janela do outro ;-)
Rs me lembrei das casas do interior com portas e janelas sempre abertas, sem medo, sem receio de se mostrar. São mais livres talvez
beijos, poeta querido
Amor, você é minha janela no agora. :)
que lindo
te amo
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