falta
falta
é incomensurável
há uma flauta de poesia morta
na esfinge que finge
na estante do antes
que te come o ser
derramo musgos e líquens
de poros pelos pernas
tudo que vive e morro
sem ventos
uivando
há uma falta
de ouvidos
aqui
e
lá
(quando eu começar
a joãocabaldemelonetear
é que virei meu sobrenome:
me quebrem)
há uma raiva
e acreditem
não sei bem
contra que
ou contra quem
acreditem
andar na praia de noite
e perder poemas no escuro
tapo
ouvidos
ouvindo
música
mas nenhum som pode substituir
o tempo que não tenho
o tempo de que falei
é tempo
de falar
do tempo:
o tempo pra dormir não basta nunca
e dormir ou acordar não basta nunca
nada basta nunca
o descanso no ônibus não descansa
esperemos o feriado
daí chega o feriado
e que merda de feriado
e acaba o feriado
e lá se foi o feriado
musiquinha do Fantástico
mas sim
sim sim
salabim
talvez eu esteja apenas
me a-d-a-p-t-a-n-d-o à essa maldita L--E--N--T--I--D--Ã--O
e tudo passe com o fluir do tempo
e ao pingar meu último musgo vivo
eu siga vivo
sim
sim
líquens já
tirando esse cansaço eterno
melhor estar lá sem terno
que na auto-prisão de meu quarto mesmo
ou não
no momento
sem mais para o momento
foda-se
(Fabio Rocha)
3 comentários:
Nossa! Isso tudo se passando pela sua cabeça? Ainda bem que fez poesia, ou iria te enlouquecer! (espero que não enlouqueça mesmo após a poesia).
Abraços!
Adorei seu blog. Amo escrever poemas. Visite os meus outros espaços literários. Beijos com carinho!
http://wwwpalavraseimagens.blogspot.com (sem ponto depois do www).
www.marquesiano.blogspot.com
obrigado, Angel, não pirei não. :) bjs
Tânia, que bom ter gostado, valeu, vou visitar sim! Beijos
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