segunda-feira, 16 de agosto de 2010

MUR(R)O


ah, perante estas paredes de metal
vil vil vil vil mais vil que os ruibarbos de barba ruiva

despudorado dispo meu desejo
de plenitude
de mais do que esta merda

despudorado explodo palavras de desordem e desacato
(a quem interessar possa)

poça de água enferrujada
debaixo da grade enferrujada
que me cerca

estou começando a melhorar no ping-pong
mas o sentido se esvai por estas mãos de décadas
que melhoram pouco a pouco no ping-pong
e se emputecem nos finais de semana ainda mais
vazios
porque melhorar no ping-pong
não basta

mãos e nãos
sempre sempre sempre a me guiar
pelos caminhos
errados
sobreviventes com pouco
pouco a pouco
pouco sendo
sendo menos
menos ainda
louco

ah, perante estas paredes de metal
dentro destas horas comerciais
escrevo!
escrevo a mão que grita
com minha lua em leão
se nascendo dragão!

(escrevo a libertação
que não tenho)

(Fabio Rocha)

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