enquanto finjo relaxar na água quente do banho
e umas duzentas crianças morrem de sede na Terra
pérolas me cantam ouvidos
tais quais:
até quando pessoas se resumirão
dentro ou fora da televisão
a nadadores pela nação
a nado
a nada
quebrando recordes
de outros nada-dores
agora lentos
anteri-ores
numa espiral infinita
de relógios mais precisos
pessoas mais especializadas
e nada especial
nada diferente
nada útil a nada
a brotar do nado?
mas no fundo
dessa piscina interior
algas me dizem que isso tudo
é porque estou de fora
seco
sórdido
perdido
e por estar perdido
tento em ondas
descobrir o óbvio
por não suportar
o peso do nada
quero leve o mundo
(me levem)
(Fabio Rocha)
7 comentários:
Navegando por diversos blogs na internet, eis q me deparo com o seu! Poesia da mais alta qualidade! parabéns! Tbm escrevo e amo a poesia contida na palavra. Seu poema é forte e, ao mesmo tempo, cheio de lirismo.
Caminhamos pela mesma estrada da poesia e é bom saber q não estou solitária nesse caminho.
beijo gde
Obrigado, Karla! Como bem disse Drummond, "vamos de mãos dadas"! Vou te visitar agora. Beijos
Adorei sua visita! Agora estamos sintonizados através da poesia!
beijos
Adoro o jeitinho com que você diz as coisas. Parabéns. Belíssimo texto. Beijo!
Obrigado, Ana!
Esse poema me fez um bem danado. Não sei da qualidade dele, pois poemas muito recentes tendo a achar maravilhas sempre [:)], só depois de alguns dias é que posso julgar melhor...
(Mesmo assim, ultimamente tenho me permitido manter exposto até o que acho um "erro", seguindo Leminski: "nunca cometo o mesmo erro duas vezes já cometo duas três quatro cinco seis até esse erro aprender que só o erro tem vez")
Mas foi foi daqueles que trazem um efeito bom de desabafo, e acabam trazendo mais sentido a dias ruins.
E o efeito bom melhora ainda mais sabendo que ele chegou em outros olhos e tocou outras almas estrangeiras...
Beijos
Amei o poema. AChei um dos melhores. Crítico, analítico e harmônico.
Beijos
meus
Obrigado, amor, pela leitura e comentário e companhiiiiia... :) Beijos
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