quinta-feira, 3 de maio de 2012

polissílaba flor

"Em vão me tento explicar, os muros são surdos."  (Drummond)

Drummond é instantâneo. 
foto de nós 
poetas presos em si 
cordas que acordam 
em melodia 

(não há mais guerras mundiais. 
descansem paz) 

lendo subi 
lendo de si 

lenta paz da folha branca... 
ruflar da folha branca... 
sempre pronta, folha branca... 

(pausa doce, sorriso, prévia da explosão indizível) 

o corpo renasce e se aquece 
na esperança do inalcançável 
que não cansa 
não mata 
nem morre... 
so_corre! 

ouço peixes sob o navio do chão 
(M)olho 
mãos em poemas dados 

a nona sinfonia 

ir 
sobretudo ir 
pro lugar de sorrir ao pensar que se pode começar 
que sempre se pode começar e sorrir 
pelo menos até começar 
e ir 

edifícios mantêm-se calados no escuro 
funcionários antigos com mais benefícios 
novas formas de enganação visando o lucro
soft skills, passatempos e vícios 

mas resta a flor no cinza: 
poetas vendem fotocópias no centro 
e letras chegam a olhos 
(umas vezes até dentro) 

(Fabio Rocha)

Um comentário:

Rebeca dos Anjos disse...

Eu já reli umas quatro vezes este poema...e cada vez que eu leio acho nele um detalhe que faz toda diferença na interpretação.

Densas e delicadas estas linhas (como é esta flor).

Beijos.