sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

ANTIGO TEMA

Antes de tudo,
tudo.

E o passo
mais forte
e despreocupado.

Antes,
tudo eu.

E passo a passo
mais eu ainda
a cada passo.

Mesmo que passe
tudo.

Mesmo que nunca
se chegue
a nada...

Dentro em mim
(fundo, fundo mesmo)
algo não meu:
uma estrela.

(Fabio Rocha)

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"Nada mais fatal do que a moderação. Basta é tão mau como uma refeição modesta. Demasiado é bom como um festim."

Oscar Wilde, trecho da personagem Lord Henry, do livro "O Retrato de Dorian Grey" (Os grandes clássicos, Otto Pierre editores, 1979, p. 274)

6 comentários:

Anônimo disse...

Magníficas palavras!

“Uma estrela”... algo que não é teu, de facto, que não pertence ao teu mundo, mas que está presente em ti...(ainda que no fundo, bem no fundo)... o símbolo da esperança, da força, da vida, da luz, do sonho... a estrela que vive em ti e que te faz mover!

Gostaria de te deixar aqui (e de certa forma, partilhar contigo) um lindíssimo poema, cujo tema é precisamente o “sonho”, que eu considero a alavanca-Mãe que nos empurra para a vida:


Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer;
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos;
como estes pinheiros altos
que em verde e ouro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho alacre e sedento
de focinho pontiagudo,
(que fossa através de tudo)
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste ou capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
para-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida;
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança,
como bola colorida
entre a mãos de uma criança.

(Rómulo de Carvalho, sob o pseudónimo de António Gedeão.)

Este poema foi ainda celebrizado musicalmente por Manuel Freire, que poderás apreciar em:
http://www.anos60.com/outros/pedra.htm


Nele - o poema - vivemos o Mundo, tal como o conhecemos (passado e presente), viajando pelas mais puras e belas maravilhas da Naturezas às fascinantes ciências modernas. Este mesmo Mundo que "pula e avança", tal qual como é simples e natural o homem sonhar, pois.... “o sonho comanda a vida”!

~alexandra~

Fabio Rocha disse...

Alexandra,

Lindo poema! Obrigado pela leitura e por dividir conosco! Não achei site seu ou email então escrevi aqui mesmo. O sonho realmente nos empurra pra vida, e para encontros legais como esse em seus caminhos.

Abraços do outro lado da poça ;)

Miguel disse...

filosófico!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Adorei, fabio!
Parabéns.

Anônimo disse...

Que bom q existe uma estrela (com diversos significados) dentro de ti...
beijos

Anônimo disse...

Quando vi esta frase, não pude deixar de me lembrar de ti e deste teu poema!

«Só quem tem um caos dentro de si poderá dar à luz uma estrela bailarina.» (Nietzsche)