terça-feira, 2 de março de 2010

AZRAEL NA COVA DOS LEÕES

desde antes
desde muito antes

caminho na praia
e o asfalto
são pedras
pedras que se abrem:
adentro cavernas de mim mesmo

ao longe
lá fora
luz e leveza

descendo
percebo
um leão
todo formado
de coisas ínfimas
(em cada escama)

carrego um leão
pesado
que se alimenta
de si mesmo
aumenta até o insuportável
e depois mais ainda
(ao ter raiva de ter raiva por algo tão pequeno)
guarda todas as tempestades
num copo mágoa
enche meus olhos fechados
de movimentos erráticos anti-sono
e ruge honra e pesa rancor
mais e mais
até que deixo ele ir
idiota
se achando vencedor

dessem-lhe
um lança-chamas
e um ponto de apoio
e ele queimaria o mundo

(Fabio Rocha)

4 comentários:

Luiz Libório disse...

"dessem-lhe
um lança-chamas
e um ponto de apoio
e ele queimaria o mundo"

... E o céu né Fabião?
Lembra? 'Um dia desses críaremos algo que andará milhões em tempo, pra frente[...] E tudo então acabará, ex-plo-di-da-men-te"! =D

Genial esses teus poemas!

Adriana Godoy disse...

Fa´bio, noto que seus poemas estão maiores e cada vez mais intensos. Gostei dessa ideia dos leões, gostei de seu poemade verdade. beijo.

Fred Matos disse...

"dessem-lhe
um lança-chamas
e um ponto de apoio
e ele queimaria o mundo"


Vou esconder, muito bem escondido, o meu lança-chamas, mas deixarei que você encontre canetas, lápis e teclados para continuar poetando, Fabio.

Abração

Fabio Rocha disse...

Obrigado, amigos! Pelo jeito, o final do poema foi o ápice mesmo... :) Abraços