mar fundo
eu na água rasa
um navio encalha
e não afunda
graças à âncora
presa na montanha ilha
sólida rocha
só
mas navios naufragados devem naufragar...
(afago arfante cortando a calma da noite, quase acordando)
mar alto
outro navio vem ajudar
a afundar
corta a âncora
com outra âncora
e submerge silenciosa a nave antiga
a baleia de metal
devagar
escura
escorre azul
morre
mar isto
eu no raso
sem esperar horizontes
eu só medo do som da batida
e de tudo quanto pode me alcançar
quando ela tocar o fundo
(Fabio Rocha)
7 comentários:
...esfumaçadamente lindo...
Obrigado, meu amigo Luiz. Coincidentemente hoje, depois desse sonho estranho, fiquei tentando ver um filme de 3 horas do David Lynch, "Império dos Sonhos", incompreensível, inútil, nada minimamente decifrável. Abraços
"mas navios naufragados devem naufragar"...
É triste e inevitável.
Mergulhei fundo nesse poema, Fábio.
bjs
Rossana
Rossana, que bom que o poema aquoso lhe refletiu... ;) Bjs
Retoquei 2046 vezes o poema...
Um soçobrar e tanto, uau!
Valeu, LaramaraL. Até seu nome é poesia. ;)
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