sábado, 11 de setembro de 2010

LARA LARANJA


da primeira vez que vi lara na câmera
a voz sumiu
e as dores passaram

tudo estranhamente simples
e um medo danado

lara mora longe
mas tão perto ainda agora...

a laranjeira da casa de minha infância não socorreu
em absolutamente nada

nunca me pareceu tão fácil fazer um poema digitado
quando as palavras empacaram na boca embasbacada
e minha câmera me deixou quadrado

pele branca de lara
fala
ouvido delira
lara ao vivo sem lira

- liguei um rádio

(sou tímido e tenho 12 anos)

os olhos dela
com a mesma calma triste
com a mesma profundidade clara

- falei do tempo

todo o meu treino abismado:
ela! Ela! Lara! Isso! Larissa!

Abismo.

- me fingi ocupado

apesar do despreparo
deliciosamente lá existe
move e fala, essa Lara raríssima

- falei do falar, que estranho

- pedi um tempo

(tudo tão rápido e desplanejado!)

ESC ESC ESC

desliguei o rádio
reiniciei o computador
tranquei a porta
corri
bebi água
respirei fundo
contei os dedos
escovei os dentes
voltei voando...

lara saiu
foi-se embora
ver um filme

(Fabio Rocha)

3 comentários:

Anônimo disse...

hahaha... Vc é uma figura.

E li esse poema, quase prosa poética, sorrindo de orelha a orelha, fofíssimo! Amei! =)

Beijinho em ti. E um aperto de bochecha.

Ps.: Reparou que minhas unhas estão na cor azul escuro? O toque laranja deixei para vc neste seu escrito ;)

nydia bonetti disse...

menino precoce. :)

Talita Prates disse...

você e suas musas!