Os poemas que foram traduzidos, retirados do meu site, abaixo. 3 desses foram publicados na revista literária "Sfinks" ("Esfinge"): "Não pise na grama", "Culpa" e "Vice-Rei".
NÃO PISE NA GRAMA Placa inútil e amarela: "Não pise na grama." Amarela pela ausência de girassóis. Inútil porque não tenho os pés no chão. Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br (do livro TUDO PELOS ARES) |
TUDO PELOS ARES Somos anjos perdidos. Asas mortas no chão desde a primeira audição da palavra impossível. Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br (do livro TUDO PELOS ARES) |
JANEIRO O dourado vence o vermelho no dia nascente. A revanche: o crepúsculo. Verão. Estação de sonhos e ócio. Já cheira a saudade antes de esquentar. Provar as bênçãos dos bons arcanjos em trajes de banho sobre a areia branca e a irregularidade dos horizontes das cidades do interior da alma. Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br (do livro TUDO PELOS ARES) |
TANGO MIO Perdi o passo. Sem equilíbrio, pisei no pé do caos. Meu ócio antigo se embriagava no bar, cercado de inimigos. O sonho não realizado fumava-se, cabisbaixo, num degrau abaixo. Adivinhei minha esperança inteira lá fora, no beco de Bandeira, mendigando. Ah, se em minha alma tocasse funk... Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br (do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL) |
REVELAÇÃO Eu me esqueci no armário. Pensei estar vivendo, estudando, trabalhando, sendo! Pensei ter amado e odiado, aprendido e ensinado, fugido e lutado, confundido e explicado. Mas hoje, surpreso, me vi no armário embutido calado, sozinho, perdido, parado. Fabio Rochawww.fabiorocha.com.br (do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL) |
INFÂNCIA No vento, Pedrinho perdeu sua sombra. - Cadê tua sombra, menino? Gritou a mãe. - Só não perde a cabeça porque está presa no pescoço. Disse a vó. Pedrinho ria a danar. Depois foi estudar enquanto a sombra brincava de ser noite. Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br (do livro PRALARVAS) |
VICE-REI Eu sempre estendi as mãos para as borboletas... Abria os braços para o passado saudoso... para o futuro sonhado... mas nunca tocaram em mim. Hoje, fiquei imóvel e uma pousou no meu pé. Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br (do livro VICE-REI) |
PAPEL De todo o silêncio ouço só o esplêndido silêncio das árvores. Pois o silêncio de quem fala e cala é incompleto. Por isso, ouço o silêncio distante das árvores que nunca vi. Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br (do livro CAMINHO A MANHÃ) |
WINDOW Sou cavaleiro sem donzela e meu escudo é uma tela. Se eu não pensasse nela... Suo frio na capela se há casamento na novela. Se eu não pensasse nela... Sonho meu que não é meu: já sonhava Romeu. - Quem sonha? Ela ou eu? Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br (do livro A MAGIA DA POESIA) |
UMBRAL Estou trancado. Lá fora leões que amo. A casa encolheu ou eu que cresci? Estou armado até os dentes. Eles têm fome. Ouço seus rugidos. (Algo em mim quer ser um monstro.) Cansado de ferimentos olho para a porta a chave pesando a mão. Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br (do livro O OUTRO ) |
CULPA Meus passeios poluem o mundo. Para ler, gasto a luz de cidades inundadas. A geladeira esburaca a camada de ozônio. Banhos longos desertificam o planeta. Para comer, beber, viver gasto dinheiro (que nem ganhei). Meus poemas derrubam árvores. Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br (do livro TUDO PELOS ARES) |
OBS: Assim que soube dessas traduções de meus poemas pra língua de Maiakóvski, postei este
poema.
3 comentários:
Poeta,
que maravilha!
PA-RA-BÉNS !!!
Caríssimo Poeta Fábio Rocha,
Fico feliz e orgulhoso por você e pela sua poesia.
Grande AL-Braço
AL-Chaer
Fico feliz por você,mano!
Abraço!
Postar um comentário