A festa acabou
na casa antiga
e enorme.
É tarde.
Pessoas demais.
Não quero ler mais nada.
Apago as luzes acesas
tranco as portas escancaradas
que é noite ainda
madrugada.
Noite.
Vozes me acompanham
e um cão em ossos negros
morto
anda comigo.
No quarto antigo
e meu
uma paixão mal acabada fala mal de mim
a amada
deitada nos braços de outro cara
feio asqueroso filha da puta burro
e deixo minha cama bem grande e minha
para transarem em cima pela noite adentro
sem dizer nada
sem dizer
nada...
Enquanto isso
uma por vir
e outra iniciada.
Mudam os nomes
e datas
(às vezes, nem isso).
Pessoas demais.
Desço as escadas
trancando a apagando
e nunca parece bastar.
Pessoas demais.
Amando?
Amando quem, caralho?
A mando de quem, amar?
Quero uma só.
Quero uma só?
Quero uma só
que não me seja faca
só lâmina
no final...
Mas sem ser fraca
não perca o brilho
do metal.
Uma
só.
As vozes de fora
me falam de alguém me chamando
perto da máquina de lavar.
É minha irmã bem casada
no chão, sem queixo, machucada
tentando se proteger do cachorro sem plumas
maldito manco morto deformado e negro.
Alguém chama
uma ambulância?
Pessoas?
Vozes de fora?
Alguém?
Do cão
do fim
eu te protejo.
(Fabio Rocha)
7 comentários:
Porra de pesadelo horrível...
E o pior é não saber se prefiro entendê-lo ou não.
Gosto do seu texto Fabio...eu também já tive pesadelos que gostaria de não entendê-los rsrs beijão
Obrigado, sheila. Esse até me acordou cedo... bjs
E agora, José?
Muito bom.
Obrigado, Vanessa. E agora, Fabio José? :)
Adoro essas coisas viscerais, intensas...
Beijo, amigo.
Que bom, Renata! Eu tenho sonhado cada loucura atordoante... Às vezes, viram poemas que me ajudam também a analisar a negritude de meu inconsciente indomável. Às vezes, já sonho em versos, sem pesadelos, e acordo digitando poemas inteiros de paz... Beijos
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